A crise econômica tem criado um movimento de busca de famílias de classe média por ensino público de qualidade para seus filhos. No entanto, as famílias ainda acreditam que uma boa educação é base fundamental e recorrem ao ingresso nas escolas federais, técnicas e em institutos militares, cujas vagas são altamente disputadas.
Segundo a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, de 2010 a 2015 a participação de estudantes provenientes de escolas privadas na rede pública do Rio subiu de 5,15% para 11,12%. E só em 2015 o número de matrículas desses egressos da rede particular – em geral crianças de classe média – teria crescido 11,6%. Já Em São Paulo, nos últimos cinco anos, o número de alunos que passam da rede particular para a pública aumentou cerca de 30%, segundo a Secretaria de Educação.
Nesse cenário, famílias de classe média buscam ajuda extra para os filhos e recorrem a cursos e instituições preparatórias, colaborando para um crescimento deste mercado. Um exemplo é o Curso Radical, localizado no Rio de Janeiro com 25 anos de experiência na preparação de alunos para escolas federais de ensino médio e técnico, ENEM e vestibulares. Nos últimos anos, o curso percebeu um crescimento entre 20% e 25% de alunos vindos de escolas particulares e a previsão para 2017 é de um aumento ainda maior nesse percentual.
“A crise tem criado um movimento de busca de famílias de classe média por ensino público de qualidade para seus filhos e a concorrência está cada vez mais acirrada. Naturalmente, os pais sabem que se seus filhos são preparados em um curso com a tradição de aprovação, as chances de ingressar nestas instituições de ensino aumentam imensamente”, explica Liana Zaroni, fundadora e diretora do curso.
Além de educação de educação de qualidade, alunos que tenham cursado o ensino médio integralmente na rede pública estão amparados pela lei 12.711, (a chamada Lei de cotas) que reserva 50% das vagas nas faculdades públicas. “Se ele cursar em escolas federais, sejam elas técnicas ou não, o acesso a um curso superior de qualidade fica bem mais fácil, uma vez que o aluno da escola federal terá como concorrentes apenas os alunos de escolas públicas estaduais e não concorrerá com representantes dos colégios que conquistam quase que todos os outros 50%”, complementa Liana.
Basicamente não há distinção na preparação dos alunos para as escolas de ensino médio e de ensino técnico. A diferença está na resolução das provas de uma ou de outra no estudo dirigido/monitoria, conforme escolha do candidato. Apenas na preparação do CEFET – RJ é que se faz necessário um complemento com física, química, biologia, história e geografia. A CEFET é a única que exige matérias além do português e da matemática.
Em relação especificamente ao âmbito familiar, Liana afirma que os pais devem ser francos com seus filhos em relação à situação financeira da família. Esse é um passo importante para realizar a mudança na vida das crianças. “É necessário explicar que essa mudança não significa uma grande perda. Portanto, os pais devem mostrar a realidade aos filhos e apresentar os resultados do ENEM das escolas estaduais/federais e esclarecer que mudar de escola, cada vez menos, significa perder contato com seus antigos amigos”, finaliza.