A busca por uma educação integral precisa sair do discurso e invadir a prática. A educação corporativa, se não tem sido salvação, é o recurso hoje disponível para empresas que precisam, junto com ações de reconhecimento e recompensa, cativar e reter talentos.
O assédio sobre colaboradores eficientes amplia quando há a crise de qualificação, que se evidencia sempre quando a aceleração econômica e a migração entre classes ganha velocidade maior que o desenvolvimento das pessoas. No campo dos talentos, a lei da oferta e da procura é tão ou mais cruel que nas relações de consumo.
Acredito que, da mesma forma que não há propaganda boa que salve um produto ruim, quando a educação é boa, o senso crítico se amplia, ajudando inclusive na separação dos projetos corretos e sustentáveis de marketing dos cantos irresponsáveis das sereias.
A educação corporativa, focada tanto em treinamento quanto em desenvolvimento pessoal, é hoje ferramenta de grande utilidade social. Afinal, o despertar de valores positivos que deveria acontecer durante a formação de base, de tanto ser delegado para quem estava à frente, acabou chegando à empresa, que já há alguns anos arca com diversos ônus, inclusive alguns dos deixados pela desagregação da família, berço da referência ética e de consciência social.
Como professor universitário constatei situações que comprovaram isso. Em um dos conteúdos perguntava aos alunos “para quem eles trabalhariam, como futuros profissionais”. Para vários, a resposta estava no gatilho: “Para quem pagar mais.”. Hora de respirar fundo, contar até dez e tentar iniciar a desconstrução de alguns potenciais pistoleiros de aluguel, cuja referência profissional era medida apenas pela moeda dinheiro.
Mas acredito que haja uma solução, uma via de mão dupla: um ensino fundamental, médio e superior apostando na formação integral do indivíduo, preparando-o para sua vida pessoal e profissional. A empresa, por sua vez, assumindo seu papel educacional, dando continuidade ao desenvolvimento social, cultural e cognitivo iniciado pela escola, através de programas de treinamento e desenvolvimento continuados, preparando o colaborador não só para o exercício técnico da sua função, mas também para as próximas etapas de sua vida.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
site: www.eduardozugaib.com.br
e-mail: falecom@eduardozugaib.com.br