A forma como trabalhamos, estudamos, compramos e nos relacionamos muda continuamente. Até que ponto as empresas acompanham a mudança?
Os ambientes digitais mudaram tudo em nossas vidas. Desde a forma de comprar, estudar, conversar, até a forma como muitas pessoas encontram seus companheiros afetivos.
Entretanto, muitas pessoas utilizam ambientes virtuais baseados em paradigmas ultrapassados, confiando ou desconfiando demais do comercio eletrônico, abrindo intimidades no Facebook e assim por diante.
No ambiente organizacional, ainda há quem acredite que inserir dados na intranet é perda de tempo, que compartilhar conhecimento coloca empregos em risco e assim por diante.
Que a tecnologia é vital para as empresas está claro. Mas será que todas as pessoas em uma organização querem ou conseguem acompanhar as mudanças que ela demanda? E será que a cultura da organização favorece as mudanças?
E como criar uma cultura que favoreça a adoção dos ambientes digitais?
1. Enfrente o lado humano
Qualquer transformação significativa cria “questões pessoais”. Líderes informais se destacarão e serão convidados a intensificar seus trabalhos por meio de ambientes digitais e, assim, novas pessoas levarão vantagem na competição interna da empresa.
Paradigmas precisarão ser questionados – há uma diferença entre expor uma ideia no happy hour ou coloca-la na intranet. Afinal, no happy hour o feedback é imediato e de poucas pessoas, na intranet a ideia – e eventualmente a pessoa que a inseriu – está disponível para o julgamento de todos.
É preciso entender que seres humanos resistem, sentem-se ameaçados e podem inclusive liderar movimentos contra a mudança. É preciso entender também que seres humanos não são apenas racionais.
E só lembrando: seres humanos precisam de motivação contínua. Não dá para relaxar. As plataformas precisarão de novidades, pessoas que contribuem precisarão de reconhecimento.
2. Incorpore iniciativas espontâneas
Acontece com frequência: uma empresa, ao desenvolver seu próprio wiki ou comunidade de prática descobre equipes de funcionários que utilizam um grupo do Facebook ou o Google Drive.
Tentar substituir esses grupos por grupos oficiais pode ser desastroso. A mudança de plataforma é até recomendável para efeitos de segurança, mas é recomendável que se mantenha o estilo e as atividades já estabelecidas.
Colaboração em rede não floresce dentro de um paradigma de hierarquia totalmente vertical.
Em muitos casos, é o momento de os próprios líderes adotarem as abordagens criadas pelas equipes e depois desafiar e motivar o restante da organização.
Trata-se, portanto de uma ação conjunta, na qual os líderes formais podem, sem abandonar suas responsabilidades, aproveitar a espontaneidade e o talento de membros de suas equipes.
3. Prepare-se para o inesperado
Nem tudo vai acontecer conforme planejado. As pessoas reagem de forma inesperada e as inovações nem sempre ocorrem de acordo com as expectativas iniciais
Efetivar a adoção de ambientes digitais, assim como a gestão da mudança de modo geral, exige uma reavaliação contínua do seu impacto sobre a organização e sobre as novas ações que darão continuidade à adoção.
Estar municiado de dados e informações constantes, bem como ouvir opiniões dos usuários proporcionará condições para os ajustes necessários para manter a dinâmica e os resultados da adoção.
E mais uma vez, vale lembrar a maneira beta de lançar serviços no mercado, pois ela inclui absorção dos feedbacks, melhorias e as até surpresas que abrem novas perspectivas.
As mudanças não são automáticas
É muito tentador acreditar que basta um software primoroso para que as pessoas adotem um novo ambiente virtual. Quando ele não é frequentado, jogou-se dinheiro fora.
Sobre a autora:
Gisela Kassoy é especialista em Criatividade e Inovação, facilita grupos de geração e avaliação de ideias, realiza seminários e palestras e dá consultoria para programas de ideias e adoção de ambientes virtuais. Realizou trabalhos em quase todo o país e nos EUA, Europa e América Latina. Graduada em Comunicações pela FAAP/SP, fez sua formação específica na Universidade de Nova York em Buffalo, no Centro de Liderança Criativa da Carolina do Norte e na Escola de Gerentes do MIT. É Psicodramatista com Formações em Dinâmica de Grupos, Grupos Operativos e Design Thinking.
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e-mail: gisela@giselakassoy.com.br