No Brasil aprende-se resiliência na marra e, para tanto, é preciso incorporar atitudes e comportamentos que nos façam ir além, mesmo quando seja necessário reinventar a estrutura do nosso negócio – quando não o próprio negócio – para seguir em frente, mesmo quando os fatos que a crise e as mudanças decorrentes dela começam a bater em nossa porta e em nosso emocional.
A essência empreendedora, se repararmos bem, nunca viveu do equilíbrio entre a razão e o coração. A princípio até parece, mas não é. Afinal, forças antagônicas, quando se equilibram, na verdade tornaram-se nulas mutuamente. A paz pode até voltar a reinar, porém ninguém saiu do lugar.
Para empreender é preciso estabelecer uma parceria – e não equilíbrio – entre coração e razão, cada qual agindo a seu turno. Se formos consultar apenas a razão em tempos de crise, a dica certeira que ela dará ao empreendedor será: feche sua empresa, pois não vale a pena. Já o coração, ao ser consultado, dirá: respire fundo e vá em frente, pois aqui está o seu propósito de vida, que por sua vez ajuda a construir o seu legado diariamente.
Se estes dois vetores, cada qual apontando para um lado, entrarem em equilíbrio, o resultado pelas imutáveis leis da física será algo próximo da inércia, do zero absoluto. Um anula o outro, algo que na prática, explica a paralisia. Como na metáfora dos dois cavalos que, amarrados um ao outro e cada qual tentando seguir no sentido oposto, acabavam por não saírem do lugar, mesmo desempenhando um esforço tremendo.
Agora, pergunto: qual o movimento que assegurou a sua sobrevivência durante as demais crises que enfrentou? Certamente foi algo parecido com aquele que identificamos nas palestras da “Revolução do Pouquinho”: o coração abre a trilha, a razão pavimenta a estrada. Essa é a mais produtiva parceria, que tem o querer abrindo o caminho, seguido pelo fazer, pela organização do protocolo, das metas, apuração dos resultados e outras questões que sim, precisam de razão para fazer sentido. Mas não há pavimentação que sobreviva se antes não for aberta a trilha e visualizada a estrada.
Na hora em que o desespero bater, visite um pouco a sua história e relembre o que o fez seguir adiante em cenários de crise e de mudanças. Reforce o seu legado, a visualização criativa dos resultados que você quer construir e o impacto pelos quais deseja ser lembrado. É natural, no desespero, optarmos por viver apenas o hoje, parando pra ver no que vai dar. Porém, diante da onda, quem para pra ver no que vai dar, acaba dando onde não quer. Ou, como bem disse o premier britânico Winston Churchill, um cabra que geriu algumas crisezinhas por aí, do tipo 2ª Guerra Mundial, “se estiver atravessando o inferno, não pare”. Por uma razão óbvia: quem para durante a crise, derrete. Keep walking, amigo. Keep walking.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
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