Dilemas do Mundo Corporativo

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Júlio Correia Neto
Júlio Correia Neto

O que leva um Diretor Financeiro, a pedido do seu Presidente, aceitar sentar no seu colo, durante uma reunião de Diretoria?

O que leva um Presidente a questionar a um dos seus executivos, o porquê dele estudar muito / aonde queria chegar com isso? Pasme!!!

O que leva a um Presidente e dono de um empresa (99,9 %) a “roubar” sua própria empresa?

O que leva a um Presidente a não reagir a evidências de fraude e desvios, quando lhe são apresentadas provas reais?

O que leva a uma holding multinacional contratar um executivo com foco em determinado trabalho e, uma vez feito, não tomam nenhuma ação concreta e o mesmo ainda é taxado de falta de temperança?

O que leva a um Presidente de uma empresa a demitir seu executivo financeiro quando o mesmo não mais aceita a assinar documentos da empresa, dos quais o mesmo não tenha pleno conhecimento das operações?

Por que as empresas, muitas delas suportadas pelos seus RH´s, tem desligado profissionais de alto nível técnico e humano, usando o modismo da falta de Inteligência Emocional vs manter outros profissionais dissimulados e mau caráteres? Estes, por um acaso, tem Inteligência Emocional?

Por que muitos Presidentes demoram tanto a desligar gestores comprovadamente nocivos ao ambiente e, quando o fazem, acabam por retornar com os mesmos tempos depois?

Por que muitos empresários contratam consultorias de reorganização e, durante o processo, não aceitam fazer as mudanças necessárias e solicitadas ao início do serviço? Exemplos: preciso acertar minha contabilidade por conta de todas essas mudanças fiscais que vem sendo introduzidas; uma vez organizada, solicita que seja gerado um balanço gerencial/pró-forma, diferentemente do remetido para os órgãos fiscalizadores;

O que acontece em uma empresa aonde um colaborador chega para você durante um evento é diz: “trabalho aqui há dois anos e não sabia que ele era o Presidente da empresa”?

Qual o pensamento de ganho que um Presidente tem em não almoçar no mesmo refeitório junto dos colaboradores?

O que esperar de um gestor que propaga negativamente na empresa que eventos motivacionais podem dar poder aos empregados contra a empresa? O que esperar de uma empresa que aprova tal conduta?

O que vc espera de um CFO que voa sobre uma mesa de reunião na jugular do Controller? Que fala ao telefone aos gritos, aos berros e aos palavrões?

Ao longo dos mais de 20 anos como Executivo, Consultor e Business/Executive Coach, presenciei inúmeras situações comportamentais, em inúmeras empresas, de vários segmentos, nacionalidades e tamanhos, algumas listadas acima, que me fazem perguntar constantemente: como a grande maioria das pessoas podem estar felizes trabalhando em ambientes tão doentios? E realmente não estão. E se listarmos os pontos críticos top 10 podem acreditar que serão praticamente os mesmos.

Tenho presenciado uma curva crescente de transformação do tratamento do recurso humano nas empresas tal qual gado para abate. Ou como chamo: ‘escravinhos modernos’. Como podemos gerar uma sociedade saudável agindo desta forma? Tenho escutado muito no chão de fábrica o seguinte: ‘gostaríamos de sermos ouvidos e respeitados e não sermos tratados como coisas’. Entendo que esta frase diz muita coisa.

Outra coisa que tenho vivenciado nas corporações é a figura do ‘fodão’. O cara é o máximo em tudo o que faz. Não escuta ninguém; fica grande parte do tempo pelos corredores articulando fofocas; geralmente é sempre do contra; fala que faz muito, mas resultado prático é próximo de zero; sempre de nariz empinado; sempre contando causos próprios; exemplo da superficialidade. E ai reside um outro câncer: as pessoas por falta de tempo, por falta de conhecimento, por baixo desenvolvimento da pró-atividade, por falta de interesse….vivem na superficialidade, no enrrolômetro. Dificilmente, atuam na origem dos problemas, buscando soluções efetivas. E com isso, as empresas queimam recursos e energia, na grande maioria do tempo, correndo atrás do rabo, ao invés de buscar oportunidades de inovação, redução de desperdícios, etc, etc, etc.

Mas considerando o parágrafo acima, por que tantos gestores gostam de se cercar de pessoas desqualificadas, quando eles mesmos os são? Por que um Presidente muitas vezes gosta de perpetuar uma estrutura maléfica dessas com a justificativa torpe de contenção de custos? O que ele ganha de fato? Maior nível de submissão? Poder se mostrar que é superior (manda quem pode obedece quem tem juízo)?

Enfim, as pessoas estão carentes de atenção e respeito dentro do mundo corporativo. Por melhor que sejam pagas, melhores sejam os benefícios, o sentimento de objeto e perda da liberdade causa, em maior ou menor escala um sentimento negativo dentro de cada um. E o resultado não tem sido dos melhores: depressão, ansiedade, cânceres, etc, etc, etc

Pergunte-se: por que existe um movimento ainda silencioso intitulado de Sustentabilidade Corporativa, aonde o principal pilar reside em gente, recursos humanos? O mundo corporativo, por incrível que pareça e ainda timidamente reconhecendo, começa a provar do seu próprio veneno, perdendo talentos, com a nova geração mais crítica e partindo para iniciativas empreendedoras…Como será de fato a reação?

Sobre o Autor:

Júlio Correia Neto: Contador e Business Coach com especializações nas áreas de negócios, liderança, empreendedorismo e humanas. Experiência em posições de liderança em empresas nacionais e multinacionais, tendo conduzido processos críticos de gestão compartilhada de mudança organizacional, utilizando metodologia que integra aspectos técnicos e humanos para atingir os resultados de forma rápida e consistente.

e-Mail: juliocorreianeto@hotmail.com

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