Crítica é a fala que gera crise. Muito se fala de críticas construtivas ou destrutivas. Pois bem! Todas as críticas são destrutivas em sua essência. Todas mostram falhas ou faltas em conhecimentos, atos ou planos.
É fácil confundir crítica e opinião negativa, mas uma contunde e a outra é apenas uma questão de gosto. Críticas são raras e opiniões negativas surgem como capim. Criticar uma palestra é mostrar erros fundamentais da mesma, mas opinar negativamente sobre ela se refere ao gosto do opinador acerca dos “slides”, fala do palestrante ou aparência dele.
Crítico é quem emite uma ideia com base em sabedoria e quebra um raciocínio. É uma declaração possível apenas por quem é sábio no assunto sobre o qual tece a ideia. Então, sou incapaz de criticar aquilo que desconheço minimamente profundamente, embora eu possa opinar por horas sobre a coisa, como seria se eu resolvesse dizer algo sobre uma sinfonia de Beethoven.
Então, em toda crítica há a semente da evolução: se quem a ouvir souber plantá-la e cuidar para que cresça, irá gerar os doces frutos da superação de si. Contudo, para ser capaz de assim o fazer, é necessário que quem ouça sobre os próprios erros reconheça que não é tão conhecedor quanto pensava ser e que precisará se esforçar para aprimorar seus conhecimentos e atos.
Aristóteles afirmou que só pode ser juiz de algo quem souber muito bem sobre este algo e o mesmo exato conceito está sendo usado aqui sobre ser capaz de criticar. Assim, vale sempre a pergunta ao ouvirmos uma avaliação de alguém: “Em que medida esta pessoa sabe sobre o que está falando?”. O comum é ser apenas uma opinião, mas se você tiver sorte, será uma crítica.
A crítica do inimigo, chato ou invejoso, virá com veneno; se for de quem lhe quer bem, tenderá a ser colocado com alguma anestesia para não doer tanto; mas sempre será destrutivo.
O ideal, ao ouvir uma crítica, é (i) resumir o que foi ouvido e (ii) melhorar-se neste ponto. Simples assim. Desta maneira posto Plutarco, filósofo de 1900 anos atrás, que fincou este conceito no seu texto “Como tirar proveito dos seus inimigos”, cuja ideia central se resume nisso: seu inimigo tentará lhe destruir batendo com força no seu ponto fraco, mas ao assim o fazer, ele lhe mostrará onde você pode crescer e se tornar melhor ou mais forte. Justamente por isso ele ainda emenda: nunca critique o seu inimigo, para não facilitar o seu crescimento.
Portanto, ouvir com atenção opiniões gera a possibilidade de se tornar mais “gostável”, e se dedicar às críticas criará a possibilidade de se tornar superior ao que era.
Sobre o Autor:
Dr. Bayard Galvão é psicólogo clínico formado pela PUC-SP, hipnoterapeuta, palestrante e presidente do Instituto Milton Erickson de São Paulo.