Não é segredo a dificuldade que as mulheres encontram para chegar a cargos de liderança. Atualmente, elas representam menos de 30% dos ocupantes de cargos de gerência ou diretoria e apenas 11% dos cargos de CEO. Esse não é um problema apenas brasileiro e é reproduzido em diversos países.
“Embora existam barreiras externas que impedem o sucesso da mulher (poucas leis que incentivam o trabalho da mulher e aspectos culturais), também há barreiras internas que freiam o sucesso profissional da mulher e podem ser caracterizadas como auto-sabotagem”, explica Silvina Ramal, Mestre em Administração de empresas pela PUC-Rio.
Silvina é professora de Empreendedorismo na Pós-Graduação na PUC-Rio e na FGV e autora de onze livros sobre empreendedorismo e gestão e listou sete mudanças internas que a mulher deve realizar para chegar ao sucesso profissional.
1. Reconhecer o próprio valor
Muitas mulheres recusam convites de trabalho ou promoções por não se considerarem à altura dos desafios. São mulheres que recusam também projetos e clientes ou optam por desafios profissionais mais tímidos porque realmente acreditam que é o lugar mais alto onde podem chegar. Esse erro, muitas vezes, tem origem ainda na infância, a partir da observação da realidade de casa e da relação entre pai e mãe. E, ao longo da vida, o mundo externo acaba reforçando essa crença. Ou seja, é fundamental que a mulher se desfaça das crenças limitantes e reconheça o próprio valor.
2. Sentir-se confortável em relação ao reconhecimento de outros
Em face ao reconhecimento pela empresa, chefia, associação ou outros profissionais, algumas mulheres se sentem expostas, se mostram reativas, menosprezam os elogios e até criticam os autores. Esse desconforto com os elogios está diretamente ligado à forma como foram educadas. Existe a crença que a mulher valorizada é aquela que se sacrifica pelos outros e se anula. A mulher ambiciosa e que busca o reconhecimento não é bem vista. É importante lembrar que a falsa modéstia pode ser um empecilho para o crescimento profissional, mas não se trata de arrogância. “A profissional arrogante vai dizer coisas como: eu sou a melhor profissional do país. Por outro lado, uma pessoa ciente de seu valor vai optar por se apresentar como uma excelente profissional porque estudou, se formou e agora colhe os resultados”, explica Silvina Ramal.
3. Equilibrar sua relação com o “masculino”
A mulher não pode atribuir ao homem a responsabilidade por sua realização e felicidade. Por essa razão, é preciso equilibrar os interesses em áreas como relacionamento, família, espiritualidade, intelectualidade, trabalho, saúde e comunidade. Ou seja, se todas as energias forem colocadas em apenas um pilar, ou em poucos, a vida será infeliz e vazia. No entanto, é o que muitas ainda fazem porque a cultura geral ainda conduz à crença de que o objetivo principal na vida de uma mulher deve ser o casamento. O assunto é muito polêmico e sutil, mas precisa ser discutido.
4. Descobrir os próprios gostos e tomar as próprias decisões
Uma característica comum nas mulheres é se mimetizar com os homens, absorvendo ideologia política, religião e até as opções em gastronomia e diversão. Não se trata de negar o mundo do outro, mas de procurar um equilíbrio. Que tal se agradar um pouco? “Se a mulher não sabe se agradar, certamente terá dificuldades em tomar decisões sem ouvir as opiniões de outras pessoas. E uma pessoa que não sabe fazer escolhas dificilmente poderá, por exemplo, ter o próprio negócio ou assumir um setor de uma empresa, onde se exige tomada de decisões continuamente, inclusive muitas vezes sob pressão”, explica a especialista.
5. Não sentir culpa
Uma parcela enorme de mulheres que são mães sentem ansiedade e tristeza por acreditar que não estão dando conta de todas as obrigações com perfeição. Segundo Silvina Ramal, “a figura da mulher com inúmeros papéis é um dos fatores responsáveis por frear o crescimento profissional. Essa profissional tem muita dificuldade em dizer não e negar ajuda ou colaboração”. É importante registrar que as filhas de mães bem sucedidas profissionalmente se tornam melhor sucedidas que filhas que têm mães trabalhando em casa. Portanto, se uma mãe acha que está fazendo um enorme benefício ao filho parando de trabalhar pode, na verdade, estar cometendo um engano. Além disso, é preciso aprender a dizer não para desempenhar menos atividades e ter mais qualidade e prazer no trabalho.
6. Buscar a ajuda de mentores
É conhecida a importância da orientação de profissionais mais experientes no ambiente de trabalho. A figura do mentor, tradicional no mundo do empreendedorismo, agora chegou às grandes empresas. Saber procurar e pedir ajuda pode fazer toda a diferença na carreira de uma mulher. Mas, é claro que, para pedir ajuda, é importante saber abordar o outro, a melhor forma de lidar com ele e como extrair o máximo de orientações.
7. Ser autêntica
A mulher não pode abrir mão de ser ela mesma e precisa ser autêntica. Muitas vezes, a mulher assume uma postura masculina por acreditar ser essa uma atitude fundamental para alcançar o sucesso. No entanto, as empesas demandam cada vez mais pelo feminino. Seja no investimento na beleza do ambiente, suavidade e leveza das relações.
Sobre a Autora:
Silvina Ramal é sócia-fundadora da ID Projetos Educacionais que há dezesseis anos presta consultoria na área de educação corporativa para grandes empresas brasileiras. É Mestre em Administração de Empresas pela PUC-Rio, Pós-Graduada em Marketing pela PUC-Rio e em Comércio Internacional pela UFRJ. Além disso, é professora de empreendedorismo em cursos de pós-graduação e autora de onze livros sobre gestão e empreendedorismo.