Sábio é quem entende a vida como é e lida bem com ela, na medida do razoável. Sabedoria não é falar bonito, de filósofos ou declamar frases de efeito, é ter uma visão lúcida do viver, saboreando o dia a dia em paz, com belos sabores e coluna reta, apesar dos momentos em que fica curva.
Dr. Bayard Galvão
Depressão é o nome dado a um conjunto de pensamentos, comportamentos e humor que ocorreriam há pelo menos seis meses, em maior ou menor nível e variedade.
Alguns sintomas da depressão em relação ao pensamento, seriam: “Nada vai dar certo”; “Sou uma porcaria, não sirvo para nada”; “De que adianta se esforçar tanto para tão pouco”; “Não aguento mais tanta pressão” e podendo chegar a níveis mais intensos como “Quero morrer”.
Já em relação ao comportamento, podemos citar a diminuição de concentração; sono comprometido; isolamento social; subtração de atividades físicas e aumento ou diminuição intenso de apetite; uso de drogas e/ou álcool.
E por último, sintomas relacionados ao humor, como a irritabilidade, desânimo, dificuldade de sentir prazer, tristeza, melancolia, explosões de raiva e/ou choros constantes.
É importante salientar que ter de um a três desses sintomas não caracteriza depressão, pois todos terão. O problema é quando ocorrem vários, por muito tempo e/ou com grande intensidade.
Os fatores mais comuns que levam à depressão são os acúmulos dos problemas não resolvidos ao longo da vida, sejam pequenos, médios ou grandes. O normal é o acúmulo de pequenos e médios, como um relacionamento íntimo insípido e incolor; um trabalho apenas tolerável; baixa sensação de satisfação existencial; poucos prazeres; muitas responsabilidades; baixa atividade social; muitas preocupações e pressões e eventuais problemas de saúde.
Traumas como sequestro, estupro ou a morte de um filho podem provocar a depressão, mas o normal são os acima descritos.
A vida, quando piora da noite para o dia, cria um contraste gritante e faz com que as pessoas percebam de imediato o que piorou. Contudo, na depressão, comumente a vida vai piorando aos poucos, de maneira pouco perceptível; responsabilidades vão se somando, o tempo de diversão vai diminuindo, mágoas vão acumulando, o relacionamento vai piorando, o cansaço vai crescendo, o medo da solidão aumenta, os vínculos sociais vão se enfraquecendo, a autoestima vai diminuindo e isso ao longo dos anos. Resultado: pela piora gradual e pouco clara da vida, chega um dia em que nada mais tem sentido e tudo parece sem gosto; o que acaba sendo verdade para essa situação, pelo menos neste momento.
Mas fugir da depressão é possível. Basta inserir em nossas vidas prazeres e anestesias constantemente. Talvez nada seja pior do que, no próprio leito de morte, dizer que daria nota “5” para a própria vida. Por isso, separei alguns conselhos para uma boa vida: (1) não deixe os problemas se acumularem; (2) apegue-se e se dedique às coisas ou pessoas mediante suas importâncias na sua vida; (3) seja bobo quando possível, sério quando necessário e disciplinado sempre que preciso; (4) tenha prazeres, anestesias e distrações supérfluos, não importa se novelas, futebol ou videogame, mas não se perca neles e faça mensalmente um balanço dos seus prazeres, dores e modo através do qual você tem conduzido a sua vida, perguntando-se: “Estou vivendo bem, dentro do possível?”
Sábio é quem entende a vida como é e lida bem com ela, na medida do razoável. Sabedoria não é falar bonito, de filósofos ou declamar frases de efeito, é ter uma visão lúcida do viver, saboreando o dia a dia em paz, com belos sabores e coluna reta, apesar dos momentos em que fica curva.
A sabedoria é tão mais necessária quanto mais difícil for a vida de alguém. Quem vive na “lagoa azul”, precisa ter pouca para ser feliz, mas para quem atravessa adversidades, ela se faz tão necessária como o alimento de todos os dias.
Sobre o Autor:
Bayard Galvão é Psicólogo clínico, Hipnoterapeuta e Presidente do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo.