Pesquisa realizada em 2017 pelo Fórum Econômico Mundial revela que as mulheres levarão mais de 200 anos para alcançarem a mesma renda dos homens. As mudanças precisam começar já e numa velocidade que acelere os processos conduzidos com o olhar e preconceitos do passado.
Alguns fatos:
- O IBGE aponta que o número de mulheres em cargos de liderança caiu 2% nos últimos 4 anos.
- Pesquisa do Ministério do Trabalho constatou que a remuneração média das mulheres em 2017 corresponde a 85,1% do salário dos homens. Em São Paulo encontra-se a maior diferença salarial entre gêneros – 67%.
- O estudo “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”, conduzido pelo IBGE, descobriu que mulheres dedicam 18 horas semanais a tarefas domésticas, enquanto homens gastam apenas 10. É uma agenda complexa e injusta. Como se dedicar à carreira com uma carga de trabalho tão pesada fora dela?
- Mulheres representam 44% da força de trabalho, mas apenas 37% ocupa cargos de direção e gerência.
Agora, as boas notícias:
- As mulheres estudam mais, possuem formação acadêmica mais ampla, (não que isto se reflita na folha de pagamento); estão, portanto, melhor preparadas para assumir responsabilidades mais complexas.
- Pesquisa realizada pela consultoria McKinsey constatou que empresas com mulheres em cargos de liderança aumenta em 21% a chance de terem desempenho acima da média.
- Um estudo do BCG – Boston Consulting Group – analisou 350 startups e concluiu que as empresas formadas por homens receberam mais investimentos iniciais do que aquelas comandadas por mulheres; porém estas garantiram 10% a mais de renda acumulada a longo prazo.
- De acordo com a pesquisadora americana Cindy Gallop, 80% das decisões diárias de consumo são feitas pelas mulheres, numa combinação de poder e influência, e são donas de 1/3 dos negócios do mundo.
Dá para melhorar o cenário? Algumas reflexões
- Mulheres precisam aumentar sua presença no ambiente de decisão para mudar padrões anacrônicos e propor ideias criativas na gestão do negócio, criando oportunidades de crescimento para outras mulheres e sendo inspiração para jovens profissionais, que passam a ter lideranças femininas como exemplos de sucesso.
- No âmbito do empreendedorismo, é importante que as mulheres reconheçam a existência de suas colegas na esfera de negócios. Isto faz com que o ecossistema comandando por elas – 24 milhões no Brasil – seja produtivo e apresente um crescimento consistente e saudável.
- As empresas precisam ter políticas mais claras em seus processos de seleção (não são cotas, apenas uma mudança de visão), com mais justiça e equidade na seleção de candidatos. Bom saber que muitas empresas estão adotando medidas de inclusão e diversidade em sua pauta de responsabilidade social.
- Em função da natureza pervasiva da tecnologia – leia-se: está em tudo que é lugar – é preciso valorizar as disciplinas STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). As estudantes precisam ser não só usuárias, mas criadoras de produtos que já consomem ou vão consumir no futuro, sejam apps, games, vídeos, blogs, livros, música ou qualquer forma de conteúdo. É importante que construam o ambiente virtual onde já passam boa parte do tempo. Uma vez que a tecnologia nos alimenta, vamos pelo menos escolher quais alimentos queremos consumir. Previsão de muitas vagas – e muita criatividade – nesta área.
- O conjunto de habilidades similares como capacitação, preparo técnico, maturidade profissional e formação acadêmica deveria estabelecer o mesmo padrão de cargo e salário numa empresa, mas não é bem assim, como indicam as pesquisas.
- Reskilling, ou a capacidade de atualizar as competências, é uma saída frente as disrupcões tecnológicas que acontecem o tempo todo. O reskilling faz com que as mudanças sejam encaradas com segurança e tranquilidade.
As mulheres têm foco, formação e exercem boa gestão, não há dúvida. O que faltam são empresas que reconheçam que homens e mulheres têm jornadas, opiniões e experiências diferentes – mas são perfis que se complementam – não só agregando criatividade, mas aumentando a capacidade de entrega de resultados e ampliando a vantagem competitiva da empresa. É o melhor dos mundos!
Sobre a Autora:
Gladis Costa é profissional de Marketing e Comunicações e fundadora do “Mulheres de Negócios”, grupo criado em 2009, que já conta com mais de 7000 associadas. É colunista em vários sites onde publica artigos sobre marketing, serviços, comportamento, carreira e cultura. É formada em Letras pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo, Comunicação Social e especialização em Tecnologia e Negócios pela PUC-SP. Em 2005 lançou seu primeiro livro de crônicas, “O homem que entendia as Mulheres”.