Muita gente conhece aquela história do Presidente de uma empresa que pergunta para o Diretor de RH porque gastar tanto com treinamento de funcionários se eles acabam indo embora? Então o Diretor responde: – E se a gente não treinar e eles ficarem? Hoje, com tantas inovações tecnológicas a pergunta seguinte seria: treinar em que?
Treinamento é um item que deve ser parte constante da agenda de qualquer profissional e do calendário da empresa. Existe até um nome para esta iniciativa: reskilling, uma competência relevante na era da inovação. Significa o aprimoramento das competências, reinventar-se, requalificar-se, estar antenado com a evolução digital, é estar plenamente alinhado e envolvido com o universo em que a empresa atua. Com o advento de tantas tecnologias, é importante não só adaptar-se a elas, mas entender o quanto elas afetam o negócio da empresa, leia-se colaboradores, clientes, acionistas, fornecedores, imprensa e outros públicos.
O reskilling, bem como soft skills e hard skills são habilidades essenciais para o bom andamento dos trabalhos, algumas mais necessárias que outras, é verdade. Soft skills são as habilidades sociais, intangíveis, aquelas que nos descrevem e têm a ver com atitude e comportamento, como saber trabalhar sob pressão, trabalhar em equipe, automotivação, ética, empatia, liderança, e são diferentes das hard skills, consideradas habilidades formais, como graduação, pós graduação, certificações técnicas, domínio de idiomas e normalmente são listadas no Curriculum no campo “Educação”.
Pesquisas indicam que as certificações técnicas nos garantem o acesso ao emprego, enquanto as soft skills nos mantém na empresa – basicamente, somos contratados pelo nosso capital intelectual, mas nossas habilidades comportamentais – (ou a falta delas), podem nos tirar do jogo. Acontece! Tanto é verdade que pesquisa da consultoria Capgemini Digital Transformations Institute realizada com 1250 executivos, indica que 60% das empresas tem sofrido com a falta de soft skills de seus colaboradores. É muito conhecimento técnico, mas o que estas empresas buscam é foco no cliente, colaboração, learn ability (habilidade de aprender) e habilidade org anizacional. Outra pesquisa indica que 77% dos executivos acredita que as soft skills são tão importantes quanto as hard skills.
Neste mundo de skills é importante refletir em como seria o profissional ideal no futuro? Se levarmos em conta que 85% dos empregos que existirão em 2030 não foram criados e que até 2025, 5 milhões de empregos serão perdidos (ou transferidos) para automação, faz sentido pensar que até lá profissionais que tenham conhecimentos multidisciplinares como people skills e que possam suprir o que falta no tecnocentric world(termo cunhado pelo MIT para ilustrar este mundo centrado na tecnologia) como empatia, feedback, emoção, conexão e commitment(comprometimento), serão os mais procurados pelo mercado.
Aparentemente o profissional do futuro terá conhecimentos do mundo STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics, do mundo SMAC (social, mobile, analytics e cloud) e muitas características das habilidades sociais. As empresas precisam humanizar sua presença e esta estratégia começa em casa. Por um mundo com mais empatia, relações justas e engajamento de todos.
Sobre a Autora:
Gladis Costa é profissional de Marketing e Comunicações e fundadora do “Mulheres de Negócios”, grupo criado em 2009, que já conta com mais de 7000 associadas. É colunista em vários sites onde publica artigos sobre marketing, serviços, comportamento, carreira e cultura. É formada em Letras pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo, Comunicação Social e especialização em Tecnologia e Negócios pela PUC-SP. Em 2005 lançou seu primeiro livro de crônicas, “O homem que entendia as Mulheres”.