Por várias vezes tenho me deparado com pessoas questionando o seu trabalho, a sua carreira e reclamando da empresa onde trabalha. A primeira pergunta que costumo fazer é: você faz o que gosta?
Ninguém é feliz no trabalho e dá resultado se não faz aquilo que gosta de fazer. Aquela pessoa que responde, quando estamos fazendo uma entrevista de seleção, “gosto de fazer qualquer coisa” não sabe o que quer da vida e não sabe o que gosta de fazer; então chuta para todo lado para conseguir um trabalho apenas. Esse não é o melhor profissional, aliás, no meu entendimento, nunca deve ser contratado.
Uma pessoa que pensa no futuro, e é desse tipo de pessoa que as empresas precisam, de gente que quer crescer na vida, que sabe o que gosta, que luta pelo seu ideal e busca incansavelmente seu lugar no mercado, seguramente está pensando na sua carreira.
Um futuro planejado tem sempre o desenho de um estado feliz, de estar fazendo o que gosta, em primeiro lugar.
Não adianta planejar o impossível. É necessário, para planejar a carreira, contar com o talento e com as competências e não com a sorte.
Sempre é tempo de planejar, replanejar e adaptar a carreira. Nem sempre aquela carreira que planejamos é a melhor ou conseguimos levá-la adiante. Nossas vontades mudam, nossas competências também. As condições econômicas, a família, dentre outras coisas, têm significativa interferência nela. Às vezes temos que mudar de rota. Nem sempre mudar de rota é ruim. Assumir riscos faz parte da nossa vida e quando é necessário temos de assumi-los. Toda nova rota tem coisas boas, basta procurar, basta reorganizar os caminhos.
Também não podemos esquecer do desenvolvimento das nossas competências, de estudar, de se aperfeiçoar sempre. Sem essa base não se consegue dar mais nenhum passo.
A responsabilidade pela carreira sempre é do indivíduo e nunca da empresa. Vejo muitas pessoas reclamando que a empresa não cuida da carreira delas. Ora, o dono da sua vida é você e não a empresa! A empresa apenas oferece uma parte do caminho, com começo, meio e fim, dentro das condições dela e enquanto você estiver trabalhando nela. Sua vida não se encerra ali. Nem sempre a carreira que a empresa oferece é aquela que você quer e planejou para você. Portanto, faça você sua carreira e não a empresa.
Carreira também significa poder escolher ser independente, não ter vínculo de emprego com ninguém.
Se você escolheu ser empregado é preciso conciliar carreira com lugar certo para trabalhar. Não adianta planejar um caminho fantástico e trabalhar numa empresa que não seja condizente com seus anseios. Não existe empresa boa ou ruim, cada uma é específica. O que precisa é que haja compatibilidade de oferta e desejo. A empresa nos escolhe mas também cabe a nós escolher a empresa, mesmo num mercado difícil para isso. Trabalho é uma questão de duas mãos, sempre!
Para fazer carreira é preciso, em primeiro lugar, dar resultado, agregar valor para os resultados da empresa. Ninguém faz carreira se não dá resultado, mesmo gostando muito do que faz, porque só gostar não serve para nada. O tempo de trabalho sozinho não faz mais a carreira de ninguém; o que faz é o resultado que conseguimos mostrar. O mercado precisa de pessoas que fazem diferença. Grandes profissionais fizeram e continuam fazendo a sua carreira através de resultados oportunos e brilhantes.
Como sempre digo, qual o papel do RH nisso tudo? É papel do RH questionar a satisfação dos empregados, principalmente quando percebe reclamação, baixa motivação, baixo interesse pelo trabalho. Às vezes as pessoas estão insatisfeitas pela falta de vislumbrar um caminho para si e esse caminho pode não estar dentro da empresa. Orientar ou mesmo dizer que é melhor o empregado fazer seu caminho fora, em outra empresa ou em outro lugar, também é papel do RH.
Antes de serem profissionais os empregados são pessoas.
Sobre o autor:
Lélio Reinaldo Tocchio: Sócio Consultor da T3 Assessoria e Consultoria Ltda. É um Profissional com mais de 20 anos de experiência na área de RH. Especialista no segmento de serviços. Presta consultoria a empresas em desenvolvimento e gestão de pessoas.
e-mail: leliotocchio@uol.com.br
Realmente, é comum as pessoas responsabilizar outros pelos seus insucessos profissionais. Mas creio que não somente o RH tenha o papel de “orientar ou mesmo dizer que é melhor o empregado fazer”. Acredito até que o papel maior do RH seja de preparo das lideranças para que possam executar esta missão.
Gostei! Refletir sobre carreira é refletir sobre os próprios objetivos e motivações e não sobre a sequência de cargo e salário (que pode ser consequência da primeira decisão). Quem não sabe onde quer chegar, é levado pelo destino e tende a reclamar da vida, da empresa e do RH. É importante ter iniciativa e assumir a liderança da própria vida, batalhando pelo que se quer e mostrando resultados. São as pessoas que atuam dessa forma que acabam sendo reconhecidas e conseguindo as melhores oportunidades. Sorte ou conquista??