Gestor e Gerido: Diferentes Motivações para Situações Distintas

Moacir Rauber
Moacir Rauber

Cada indivíduo está exposto a diferentes situações dentro de uma mesma organização. Essas variantes podem ser de nível hierárquico, de questões técnicas e de outras inúmeras situações a que todas as pessoas estão expostas e que podem levá-las a se encontrar na situação de gestor ou senão de gerido. Esta é uma variável que tem sido pouco explorada e pouco considerada em pesquisas, cursos, eventos e palestras motivacionais. Ora sou gestor, ora sou gerido. Melhor ainda, ora estou gestor, ora estou gerido. Mesmo o diretor presidente de determinada organização pode se encontrar na condição de gerido, ainda que contra sua vontade, pois há momentos em que fica na dependência de situações fora de seu controle para a tomada de decisão, tornando-se gerido. Desse modo, se as motivações são singulares e os indivíduos são únicos, ao se falar de gestor e de gerido, acrescentam-se variáveis nesse cenário. A motivação torna-se, assim, uma questão muito mais complexa num panorama global de valorização das pessoas e suas competências.

Esse cenário não isenta a ninguém da responsabilidade de entendimento do todo organizacional. Pelo contrário, obriga tanto aos gestores como aos geridos a entender e compreender que aquilo que motiva a um pode não motivar ao outro. Amplia-se a necessidade de um entendimento da motivação, que, muitas vezes, tem sido tratada de forma superficial em grande parte da literatura, que se fixa em questões de auto-ajuda reduzindo um tema complexo a aplicação de fórmulas mágicas para o seu tratamento. Mesmo em estudos mais aprofundados pode-se destacar que as diferentes teorias que buscam explicar, por meio de uma taxonomia, as formas como se dá a motivação nos indivíduos não alcançam inteiramente os seus objetivos, porque se todos são seres únicos, também suas motivações são únicas. Assim, a unicidade dos indíviduos gera motivações singulares que dificilmente podem ser enquadradas em uma classificação que se pretende aplicar para a coletividade. Essa unicidade ainda pode ser multiplicada pelas situações nas quais os indivíduos se encontram, ampliando-se ainda mais o universo motivacional presente numa organização a partir das pessoas. Isso porque quando o indivíduo gere ele tem motivações diferentes daquelas que tem quando é gerido. Assim, exigir que o indivíduo conheça o todo organizacional para que, a partir desse entendimento, ele possa compreender a importância relativa e também direta da sua participação no processo é fundamental. Entretanto, faz-se necessário que também a organização entenda o todo individual, para que ela possa gerir eficazmente as diferentes motivações em busca de melhores resultados. Desse modo, gerir motivações significa gerir pessoas e não somente processos. Embora a grande maioria das empresas siga preocupada com a gestão dos processos, focando em qualidade e produtividade sem, contudo, ocupar-se da gestão de pessoas. Não que essa preocupação não seja necessária, entretanto, ao focar a gestão da empresa nas pessoas a qualidade e a produtividade naturalmente serão atendidas, porque elas são inter-dependentes. Com esse entendimento pode-se, mais facilmente, encontrar os pontos que permitem alinhar os objetivos individuais aos organizacionais; compor os propósitos do grupo aos da organização e dos indivíduos; e ajustar as finalidades das áreas aos da organização e das pessoas.

Para poder conduzir o processo desse alinhamento entre os objetivos dos indivíduos e da organização, permeando as diferentes áreas ou departamentos, faz-se necessário entender o propósito final das diferentes partes envolvidas naquela composição. Todas as partes devem entender que os propósitos devem ser únicos, desmembrando-se em finalidades departamentais e pessoais também exclusivos. Só assim pode-se ter uma organização singular, composta por indivíduos únicos, trabalhando em busca de um objetivo organizacional comum e individual exclusivo.

E você está gestor ou está gerido? Quais as suas motivações numa e noutra situação? Você gostaria de ser gerido como gere?

Sobre o autor:

Moacir Jorge Rauber, Mestre em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Minho – Braga, Portugal (2010), Mestre em Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão da Qualidade, pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003), MBA em Marketing (1998), além de larga formação complementar. Tem experiência profissional nas áreas Administrativa, Gestão de Recursos Humanos, Vendas e Planejamento Estratégico.

e-mail: mjrauber@gmail.com

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Uma Resposta para "Gestor e Gerido: Diferentes Motivações para Situações Distintas"

  1. Gostei do texto. considero que em qualquer função(atividade),nos veremos quase sempre, gestores e geridos. Principalmente,se olharmos MAIS UMA VEZ.E aí, haja motivação para identificar as diferentes motivações…

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