Então… chorar ou não chorar, eis a questão. Não que eu goste de chorar, mas também, oras pipocas, por que não? Por exemplo, acabo de ler uma crônica chamada “Juramento” da Carla Dias, pela qual me apaixonei e com a qual me emocionei, pensando na vida… Uma daquelas coisas que a gente diz: Bem que eu queria ter escrito isso já que eu penso exatamente assim.
O primeiro parágrafo diz assim:
Juro pela fragilidade da minha própria humanidade que tentarei não sucumbir às juras decoradas dos pequenos livros de memórias alheias aprisionadas às frases feitas. E que vou cavar buracos nas paredes, até que a luz engravide de presença o vazio dos quartos, requentando deslumbres devotados ao anseio pela recriação.
Não é lindo isso? “(…) até que a luz engravide de presença o vazio dos quartos (…)” Achei lindo isso. Mas eu queria ter escrito só essa parte da crônica, porque ela tá muito hermética pro meu gosto, sabe? Muito complicada. E eu gosto de coisas simples.
Bem, de um jeito ou de outro e em benefício da verdade, tenho que contar que eu me deixo sucumbir sim pelas frases feitas ou pelos pensamentos alheios.
Mas, será que são mesmo alheios? Quero dizer, quando eu leio coisas como: “A verdadeira medida do caráter de um homem é o que ele faria se soubesse que nunca seria descoberto.” frase do Thomas B. Macaulay, eu penso que isso é tão meu, que não pode ser alheio a mim. Nunca poderá ser. É coisa do humano. É coisa de alma. E almas são coisas tão espertas, você nem imagina quanto. Elas lêem verdades eternas nestas frases e pensamentos. Elas se identificam. Daí, elas se conscientizam e pimba! Mudam! Just like that. Simples assim.
Às vezes, a pessoa já tá prontinha pra mudar e tudo que ela precisa é de um empurrãozinho na direção “certa”. Essas frases feitas são o tal do empurrãozinho. Eu me dou um monte de empurrõezinhos lendo frases e pensamento de gente que viveu mais do que eu e que tem alto poder de sintetizar sabedoria.
Se você visitar minha lista de favoritos no Twitter (www.twitter.com/inescozzo), vai ver um universo imenso de pensamentos e idéias que eu também tenho, ou que eu não tinha mas que mudaram meu jeito de funcionar na vida, nas relações, no trabalho… ahhh, em tudo! É uma lista de empurrõezinhos. Vai que um desse era justamente do que você precisava…
Cacá Rosset, cineasta que sigo no Twitter, disse que “O Twitter é o Bonsai do Blog!”.
Como eu admiro a capacidade de sintetizar, em meia dúzia de palavras, uma idéia gigante! Tipo, “Não é a última machadada que derruba a árvore.” Tóinhoinhoim! Isso não faz tóinhoinhoim na sua cabeça? Na minha faz! Eu fico muito mais cuidadosa nas minhas relações quando penso nessa metáfora, sabe?
Mas o Twitter, ou a idéia de dizer tudo em 140 caracteres, não é nova de fato. Confúcio já tuitava em 479 antes de Cristo. Pensa nessa frase dele: “Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos tem?” ou “O silêncio é um amigo que nunca trai.“, “Porque o silêncio em si é como o som dos diamantes que podem cortar tudo” (Jack Kerouac). Inclusive, relações. Que mêda…
Vai me dizer que isso não te bota pra pensar? Ah, duvi-D-O do! Sabe o Almir Sater que anda devagar porque já teve pressa? Pois é… Eu ando silenciosa porque já tagarelei muito… e me traí…
Pois é. Somos livres pra escolher e prisioneiros das consequências. Tudo tem seu preço. Meleca…
Gosto daquelas frases que me fazem repensar a vida e rir muito enquanto faço isso. Como esta aqui: “A vida é como um grupo de cães no trenó. Se você não é o que conduz, o cenário nunca muda.” do Lewis Grizzard. Funciona que é uma belezinha pra fazer gente acomodada se mexer…
Me tocam profundamente aquelas que me ajudam a me tornar um ser humano mais solidário com a dor alheia. Como esta de H. Brown quando ele diz: “Contaram-me que os peixes não se importam de serem pescados, pois têm o sangue frio e não sentem dor. Mas não foi um peixe que me contou isso.” Ooops… a dor é perfeitamente suportável… quando é no outro.
Essa, por exemplo, grudou em mim: “Seja o tipo de mulher que, quando seus pés tocam o chão a cada manhã, o diabo fala “Oh droga, ela acordou!”
Recebi essa frase da minha amiga Estela Cassilatti e amei! Não tenho a menor idéia de que tipo de mulher eu tenho que ser pro diabo dizer uma coisa dessas, mas que delícia ficar pensando nas possibilidades.
Primeiro pensei em ser do tipo que, por onde passa deixa um rastro de gentileza, justiça, honestidade, bondade. Mas eu já fiz tanta cáca nessa vida que vai ser difícil ir por aí. O diabo não é tonto.
É nessas horas que me arrependo. Mas é também nessas horas que me lembro da frase “Arrependimento por tempo perdido é mais tempo perdido.” do Mason Cooley e respiro aliviada.
Any way, percebi que as coisas que mais me magoaram na vida, e das quais me arrependi, por um momentinho só, foram as mesmas que me mostraram o melhor de mim. Saí delas mais forte e mais convicta sobre tudo o que eu queria. E eu to sempre tentando fazer as coisas de forma mais justa, gentil e generosa. Há que se dizer isso a meu favor. Eu tento. Tento fazer o diabo dizer “Oh droga, ela acordou!” Seu dia vai ficar muito mais difícil agora… Pobre diabo…
Você vê? A gente pode usar frases e pensamentos “alheios” como remédio. Elas curam. Sem brincadeira! Elas curam mesmo! Porque desviam nosso pensamento virótico, negativo, pruma direção mais sadia, mais feliz, mais cheia de possibilidades.
Agora, eu vou fazer uma confissão, eu tenho um pensamento virótico, unzinho só, que não me larga. Se apegou a mim de tal forma que só mesmo apelando pra uma dessas frases feitas, uma dessas que são remédios e que diz “O maior erro do ser humano, é tentar tirar da cabeça aquilo que não sai do coração.” Então, resolvi deixar ele morar aqui dentro, o pensamento virótico, o grudentinho. Nem luto mais com ele. Co-existimos pacificamente, eu e ele… Mesmo que, às vezes eu o chame carinhosamente de “grudentinho”.
Percebo que isso não tem fim. Essa história de fazer citações e comentá-las. Meu tio Chico, ainda hoje, vai dizer, de novo, que eu preciso ser mais concisa e ele terá razão. Então, eu te deixo com um último pensamento: Jonathan Swift disse que poucos são os que vivem no presente: a maioria se prepara para viver mais tarde. Eu digo: Não adie. Amanhã é uma miragem. Amanhã, o que você tanto deseja hoje, pode não estar mais aqui…
Sobre a autora:
Inês Cozzo Olivares é Diretora e sócia-fundadora da TAI Consultoria (desde 1994); Consultora, escritora e Palestrante Internacional (desde 1997); Psicóloga (1986); Autora do Livro “Abordagens Alternativas em T&D”; Autora do Livro ”Neuroaprendizagem e Inteligência Emocional”; Criadora e organizadora do GEN – Grupo de estudos de Neuroaprendizagem com ênfase em NeuroBusiness (desde 2006).
site: www.taiconsultoria.com.br
e-mail: ines.cozzo@taiconsultoria.com.br
Inês, virei sua fã ao ler esse maravilhoso texto. Muito obrigada por proporcionar tudo isso.
Confesso que como você, sou adoradora destas frases… mantenho uma coleção de excelentes frases divididas por categorias que eu adoro ler nos meus mais diversos momentos, sendo assim, pude acrescentar algumas…
Muito obrigada e parabéns!!
Tá bom vai, confesso que me apaixonei. Me apaixonei pelo seu sorriso, pelas seus pensamentos e pela sua contribuição. Ah mocinha, você despretensiosamente ( assim quero acreditar) colocou beleza e conhecimento na cabeça da gente. E fez isso a mão, com lápis de cor…
Junte todos os colunistas e cronistas de plantão. Todos juntos não dão uma Inês Cozzo Olivares.
Sabe porque? porque todos escrevem ao tom da obrigação dinâmica e moderna, sob o olhar tutor de seus editores. E criam as frases e pensamentos pasteurizados, que tem gosto de arroz dormido: pode até alimentar, mas não tem muito sabor. Você não. Você nos oferece primorozas palavras que mais parecem pão de queijo saindo à hora: o cheiro é bom e o sabor melhor ainda.
e como a receita de pão de queijo, que pra ser gostosa mesmo, pra ser como diz na minha terra, “bão demais da conta”, tem que ser caseira, nascida de um experimento da vovó do interior, que queria apenas fazer uma “coisinha pros seus netinhos”. São nessas atitudes despretensiosas compostas de altruísmo e amor, que se encontra o fundamento da felicidade. Assim como você fez agora Inêz. A sua verdade pessoal e espontânea, recheada de amor sincero e sorriso maroto, fez brotar água de pedra, se é que me entende…rsss
Me arrisco a dizer que você não discorreu sobre frases feitas. Quero sugerir que sempre que escrever sobre isso novamente use o termo: Frases que constroem. Porque feitas estão as mentes que se petrificam por esse sistema humano desigual e injusto. E se transformam pelo agudo e harmônico som que vem das palavras que provocam mudança. Como as suas, por exemplo.
Parabéns e obrigado! Deus abençoe teus dons e que eles se multipliquem pelas ondas de comunicação global.
Inês;
Adorei essa do diabo. Hahah. Se todas pensarmos assim, ele nunca terá vez!!
Também adoro frases que nos ajudam como alavancas, veja essa que complementa a “Ela Acordou”: “O que somos é o presente de Deus para nós. O que nos tornamos é o nosso presente para Deus” (Eleanor Powell). Sem pieguismos religiosos, procurar construir uma melhor versão de nós mesmos, além de saboroso é fundamental.
Boa semana.
Alessandra
Inês……aqui sou redundante aos demais: você é a garimpeira de pensamentos, que escolhe pérolas entre cascalhos. E ainda tem o poder de privilegiar as pérolas menores e mais valiosas. Parabéns.
No entanto, faço uma provocação: Como reagir a uma sociedade que valoriza inteligências diabólicas e sórdidas como aquela mostrada no seriado “House”, do personagem médico Hugh Laurie ?
Pessoal que se acha erudito fica pensando em grandes e elaborados textos onde a essencia acaba se perdendo no nada. Estas frases são como um balde de agua fria. Acorda paspalhão…
Inês, teus olhos e pensamentos estão grávidos de luz… excelentes reflexões.
Parabéns pelo texto… Sintetizou e fez pensar e olhar para dentro de nós.
Inês
Primeiramente quero agradecer a Deus pelo privilégio de ser seu contemporâneo e por desfrutar, gratuitamente, da luminosidade do seu sorriso adolescente e da sua sutil inteligência. Minha doce escritora! Eu também sou garimpador de pensamentos e frases feitas, razão pela qual o seu belo texto veio acrescentar algumas figurinhas carimbadas ao meu inesgotável (perdão pela infâmia do trocadilho) relicário. A meu pensar, o ser humano também poderia ser sintetizado numa frase feita exclusivamente de amor, porém ele teima em desfazer, deformar e descaracterizar a sua essência, a sua construção, simplesmente porque esquece que, antes de tudo, o ser humano precisa ser humano.