Existem lideranças, chefias e mesmo dirigentes graduados que não dão nenhum feedback aos subordinados para eles se posicionarem em relação ao desempenho individual, preparação para promoções, carreira, etc.
Essa deficiência gera duas conseqüências básicas: aqueles mais pacientes, ou acomodados, vão se adaptando, espiando o estilo de cada um e as fontes de poder para avaliar o grau de aceitação e as possibilidades de fixação e sucesso no meio. Outros, que pretendem experimentar novos desafios, com potencial para crescimento, ficam ansiosos à espera do retorno dos dirigentes, de um aceno definidor de seu padrão de desempenho, onde está bom, onde precisa mais atenção, e etc.
Muitas vezes a empresa chega à decisão drástica de demitir um funcionário, assume o ônus das verbas rescisórias, sem antes realizar um trabalho mínimo pela sua readaptação funcional. Gasta-se e arrisca-se com uma nova seleção.
Mas por que isso acontece? Por que os gestores não gostam de falar abertamente o que esperam de cada um, o que está bom, e o que não está bom.
É certo que esse é sempre um momento delicado, que requer cuidado e certo planejamento. Mas um momento excepcional para o ajuste das partes, para aparar arestas e reduzir ansiedades e stress desnecessários.
Subordinados do segundo grupo, de alto potencial, que não conseguem ouvir de seus chefes uma palavra sobre a performance ficam se autoperguntando, se comparando, buscando a projeção sobre seu futuro profissional.
Temos orientado essas pessoas para ocuparem integralmente o “seu espaço”, ou melhor, todo o espaço que estiver livre, chegando até a encorpar o conteúdo do cargo. O bom colaborador, aquele de alta performance, versátil, acaba aumentando o seu espaço na organização e ganhando importância naturalmente. A organização, como um todo, acaba reconhecendo existir ali alguém de valor, muitas vezes mesmo sem a indispensável diretriz da liderança omissa.
É uma pena que isso ocorra. Perde-se a oportunidade de estimular ainda mais aqueles que estão a fim de desafios, deixando de reconhecer, balizar e acelerar o crescimento de quem merece e está a fim.
Ao subordinado resta desfilar seu talento mesmo que o chefe tenha dificuldade de falar especificamente sobre desempenho individual. Ocupe todo o espaço que sobrar, pois a necessidade da empresa é maior que a limitação de um não treinado ou inadequado comandante.
Sobre o autor:
Celso Gagliardo é profissional de Recursos Humanos e Comunicações, graduado em Direito e especializado em Recursos Humanos, habilitado consultor de Pequenas e Médias Empresas. Prestou serviços como técnico, executivo e consultor em várias empresas nacionais. Foi redator de jornal, é palestrante e treinador. Fundador e membro de Grupos de Recursos Humanos (atual CEPRHA), e diretor da PH – Patrimônio Humano, Consultoria e Serviços. Atualmente é gestor corporativo de RH do Grupo Estrutural.
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