A profissão nos reserva momentos mágicos, inesquecíveis, e outros inevitáveis que preocupam e marcam de forma negativa.
Vivenciamos há certo tempo uma dura experiência de assessorar uma organização que reduziu em mais de vinte porcento a sua força de trabalho. Setenta postos de trabalho foram excluídos, após postergação, análises e finalmente a decisão, ouvida uma voz forte e mandatória – o mercado.
Contratar e descontratar são práticas corriqueiras. O contrato de trabalho é um tênue vínculo que nos prende às organizações, embora poucos assim reconheçam. Basta a disposição de pagar uma multa sobre o valor fundiário na conta vinculada, e um período de aviso prévio que agora pode ser pouco maior que de um mês, e rompe-se uma rotina de meses, anos, décadas, quebra-se um sobrenome organizacional.
Demitir em tempos de bonança pode até ser motivo de alegria, pois as pessoas recebem as verbas rescisórias (quase sempre um “pé-de-meia”), e depois se recolocam de uma forma ou de outra. Mas desligar pessoas no desemprego é outra dor, uma vaga básica é disputada quase a tapa. O cidadão fica angustiado, aflito, não sabe a quem recorrer.
Compartilho com os leitores as etapas do processo:
- A análise de mercado, produtos com margem de contribuição favorável e desfavorável, resultados, a concorrência, o que vale ou não a pena manter e os efeitos nos clientes, indicadores de produtividade, principais despesas e insumos.
- Quantos e como demitir? A continuidade das operações frente ao novo patamar orçamentário, reestruturações. A temida lista dos candidatáveis, (com quem eu posso contar? quem é mais versátil e polivalente? quem é assíduo, pontual?), as estabilidades, o trabalho junto às lideranças, e os inevitáveis rumores de difícil administração, a “rádio-peão” atuante.
- A negociação com o Sindicato de trabalhadores, a exposição de motivos, análise de possibilidades para se evitar o enxugamento, e quando possível a concessão de cestas básicas e assistência médica (ou outras vantagens) por um período extracontratual.
- O dia “D”, os exames médicos demissionais. O impacto no meio ambiente, a mensagem em quadros de aviso, intranet e nas reuniões com lideranças para discussão do “nosso momento” e a importância de se manter a bola cheia para continuar a partida.
Um antigo gerente, após desligar aqueles que a situação se impunha, fez uma reunião com os remanescentes, pediu união de esforços para o andamento dos trabalhos, e sugeriu: “quando chegarem em casa, pensem, indaguem bem: por que vocês ficaram na empresa, enquanto outros se foram?”.
Sim, os fatos ensinam, basta querermos enxergar o que pode fazer a diferença!
Sobre o autor:
Celso Gagliardo é profissional de Recursos Humanos e Comunicações, graduado em Direito e especializado em Recursos Humanos, habilitado consultor de Pequenas e Médias Empresas. Prestou serviços como técnico, executivo e consultor em várias empresas nacionais. Foi redator de jornal, e treinador. Fundador e membro de Grupos de Recursos Humanos (atual CEPRHA), e diretor da PH – Patrimônio Humano, Consultoria e Serviços. Atualmente é gestor corporativo de RH do Grupo Estrutural.
e-mail: gcelsoluis@yahoo.com.br
Boa noite Celso Gagliardo, gostei da materia publicada, porem infelismente a maioria das empresas existentes ainda usam um antigo processo para dispor do colaborador que não tem mais interece.
Primeiro o colaborador ja não esta produzindo tudo aquilo que foi pedido; Em seguida o colaborador não consegue se relacionar com os demais; Em seguida todos sabem que a qualque momento sera dispensado.Depois destes passos com a auto estima bem elevada o colaborador que resistiu aos varios ataques “amigos” é convidado a não fazer mais parte do quadro de colaboradores.