Como resultado de uma pesquisa feita pelo cientista político Richard Florida com vinte mil profissionais norte-americanos considerados criativos, aqui estão os dez principais fatores, dentre os 38 relacionados, que motivam o ser humano a dar o melhor de si no trabalho, por ordem de importância:
- Desafio e responsabilidade
- Flexibilidade
- Ambiente de trabalho estável
- Dinheiro
- Desenvolvimento profissional
- Reconhecimento dos colegas
- Colegas e chefes estimulantes
- Conteúdo de trabalho interessante
- Cultura organizacional
- Localização e comunidade
Como se pode notar, apenas um fator corresponde a uma motivação extrínseca ou material: o dinheiro. Os demais são coisas que o ser humano faz por si mesmo ou valoriza por ser o que ele é na sociedade. São os fatores considerados motivacionais.
O interessante de tudo isso é que, com exceção do dinheiro, os demais fatores podem ser ampliados pela mudança de comportamento, postura, atitudes e contribuições. Obviamente, o dinheiro também pode ser multiplicado, porém leva bem mais tempo do que o esperado.
Apesar de tudo, as lideranças (?), pressionadas pela busca incessante dos resultados, continuam agindo, em pleno século 21, como se dinheiro e benefícios fossem a motivação principal, sem dar importância ao ambiente saudável, livre de repreensões, chicote e cronômetro.
Se, na maioria das empresas, você precisa esconder a sua verdadeira natureza para ser contratado, na medida em que vai reconhecendo o ambiente precisa ter muito jogo de cintura para manter o emprego. Em geral, as empresas não querem vê-lo sorrindo. Elas querem vê-lo suando.
Parafraseando Seth Godin, blogueiro e guru do marketing, se você tentar esconder a sua verdadeira natureza para ser contratado, provavelmente terá que escondê-la também para manter emprego. E isso tem um custo, por vezes, pesado, portanto, é uma questão de escolha.
A Revolução Industrial já não existe mais, motivo pelo qual o ser humano não pode ser mais tratado como máquina. A busca pelo trabalho emocional e a recompensa como ser humano são predominantes, entretanto, as empresas ainda precisam dos resultados positivos.
Ser recompensado como ser humano e não como máquina deveria ser uma escolha pessoal embora a pressão financeira ainda seja o maior entrave para muitos profissionais. As necessidades de consumo imediato e a pressão por status inibem o pensamento racional.
Dessa forma, por mais que as pessoas consideradas infelizes queiram, não conseguem chutar o balde. Para muitas, significa ter que esperar um pouco mais pela aposentadoria ou por uma nova oportunidade de sofrer menos, então, há de se aguentar firme.
Na última aula do MBA, alguém me perguntou: como é que faz então? Eis uma pergunta tão difícil quanto a resposta. Conheço muita gente que até há pouco tempo ganhava o que muitos executivos em cargos de alto nível não ganham, mas o custo de manutenção da saúde estava no mesmo nível.
Por tudo isso, muitos viviam a vida à base de remedinhos e visitas frequentes ao psicólogo, psicanalista e outras especialidades. Doze, catorze, dezesseis horas de trabalho por dia, nem sábado nem domingo para descanso. Um belo carro, uma bela casa, um cargo imponente, horas de sono desperdiçadas e a família isolada para atender aos caprichos da sociedade que não dá tréguas.
Isso é o que Ralph Waldo Emerson chamava de “A lei da compensação”. Se não houver equilíbrio, qualquer um dos lados pode ser prejudicado, portanto, é necessário fazer escolhas.
E por falar em escolhas, o que você realmente deseja como pai, cidadão e profissional daqui a dez, vinte ou trinta anos? Uma fortuna considerável ou uma saúde invejável? O respeito da sociedade ou o respeito da família? Uma legião de fãs do seu lado ou uma legião de médicos para todos os tipos de males?
Não é o governo nem a sociedade nem as empresas, my friend. Você, e mais ninguém, é a única pessoa capaz de decidir o que realmente precisa fazer para ter uma vida mais tranquila, não a que você merece. Merecer ou não é um conceito muito relativo, afinal, você conhece alguém que não merece a vida que leva?
Por fim, lembre-se de que não existe bem ou mal que não lhe sirva, de alguma maneira, de vantagem ou desvantagem perante as percepções equivocadas do mundo. Portanto, o único conselho que eu posso lhe oferecer por enquanto é esse: siga o seu coração e continue caminhando. Não há caminho, faz-se o caminho ao andar. Pense nisso e seja feliz!
Sobre o autor:
Jerônimo Mendes: Administrador, Coach, Escritor e Palestrante, apaixonado por Empreendedorismo, Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE/Curitiba-PR. Autor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark), Benditas Muletas (Vozes) e Manual do Empreendedor (Atlas).