Se todo indivíduo é potencialmente criativo, porque nem toda empresa que conhecemos é uma empresa criativa? A resposta está no próprio problema: o ambiente. Existem ambientes criativos e não criativos, e estes últimos costumam coibir a manifestação inovadora daqueles que nele transitam.
Para fomentar um ambiente criativo é preciso que proprietários e gestores, principalmente os do RH, assumam alguns compromissos básicos, estimulando o potencial inovador de seus liderados. Um destes princípios está no treinamento contínuo dos colaboradores, já que a cada dia lhes é exigido mais e mais. Despertar e promover vivências em habilidades criativas, em relacionamento interpessoal, liderança e comunicação torna-se cada vez mais necessário em tempos de alta exigência de performance.
Outro estímulo ao ambiente criativo está na desburocratização de rotinas e processos. Mantendo apenas a burocracia e as regras extremamente necessárias, os colaboradores tendem a “sair da caixa”, da zona de conforto, deixando de ser meros cumpridores de regras. Além de desburocratizar, é preciso desenvolver um espírito de visão compartilhada, tornando a informação acessível a todos.
Quanto à comunicação, a forma como damos feedback à equipe faz toda diferença. Não é uma boa prática sentenciar um “nunca está bom”, “vocês não fazem nada certo”. Estimular o grupo com questões como “o que podemos fazer para melhorar isso hoje” ou “o que temos que aprimorar nesse processo, produto ou relação para que ele(s) funcione(m) melhor amanhã”, são pontuações que, além de gerar mais comprometimento, favorecem melhores resultados.
Extrair o aprendizado de cada erro não significa, como muitos pensam, aceitar os defeitos e ser complacente com a falta de qualidade. É preciso minimizar os problemas, sejam eles de qualidade, de eficiência e de prazo. Porém, acredite, é possível premiar os colaboradores pelos seus erros, e essa tem sido a forma que muitas empresas usam para estimulá-los. Ambientes que inibem o erro costumam, por si só, a afastar a criatividade, já que para evitar riscos, ligamos o piloto automático.
A incubação de ambientes criativos é intrínseca ao fomento da iniciativa. Uma regra válida tanto para empresas como para lares e que pode fazer parte dos compromissos assumidos para o ano novo.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
site: www.eduardozugaib.com.br
Olá, perfeito o texto, mas é a minoria de Gestores que tomam essa atitude, o inovar gera desconfiança e a mudança de “rotinas” poderá aparecer uma pessoa mais capacitada do que eu. Pelo menos é dessa maneira a maioria dos Gestores com os quais já trabalhei, sinceramente penso em mudar de ramo, me qualificar em outra área, por que a decepção é diária nesse quesito. Tem lugares onde a “mesmice” reina, mesmo vendo que o resultado na Empresa há anos não vem sendo o esperado. Simplesmente lamentável.
Criatividade, ligada à Inovação é um assunto bem interessante e o texto escrito pelo Eduardo é realmente muito bacana.
Gostaria de complementar com algumas considerações ligando Inovação à personalidade dos indivíduos e ao ambiente:
A Inovação sempre traz uma vantagem estratégica e competitiva a quem a pratica e benefícios para a população. Ela sempre leva à liderança, seja de um país, de uma empresa ou de qualquer organização. A Inovação bem sucedida cria uma base muito sólida para um crescimento sustentável e alongo prazo, que resulta em uma vida muito longa para a organização que a pratica. respeita profundamente as realizações práticas pelo esforço acadêmico.
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Os governos e os setores empresariais de um país devem definir em conjunto as mudanças culturais e sociais, investindo estrategicamente nas tecnologias e mudanças necessárias ao país, principalmente àquelas de impacto a longo prazo e que criam bases muito duradouras para o bem estar da população, para que se consiga praticar Inovação de bom nível.
Um sistema de Inovação bem sucedido requer uma cultura estabelecida com uma definição clara da política de qualquer organização ou país e um sistema educacional adequado, já que ele é a base de formação cultural e de conhecimento dos indivíduos.
A cultura de inovação deve gerar uma visão a ser proclamada pelo líder de uma de uma organização (CEO, presidente, etc.). Essa cultura deve gerar objetivos desafiadores que por sua vez devem ser comunicados clara e amplamente na organização. Deve incentivar o empreendedorismo e reconhecer os mais criativos e empreendedores e premiá-los. Para isso, os sucessos devem ser medidos e os esforços quantificados para se estabelecer o sucesso das iniciativas.
A 3M é uma organização que resumiu muito bem a sua cultura de empreendedorismo e criatividade nas palavras de William Mc’Knight:
“À medida que nossos negócios crescem, é necessário delegar responsabilidades e encorajar todos a exercer suas iniciativas. Isso exige uma tolerância considerável. Aqueles homens e mulheres a quem delegarmos autoridade e responsabilidade, se forem boas pessoas, desejarão fazer os trabalhos às suas maneiras.
“Erros serão cometidos.
“Porém, se uma pessoa está essencialmente certa, os erros que ela ou ele cometerem não serão tão graves quanto os erros que a gerência cometer, se disser àqueles, a quem a autoridade foi delegada, como fazer os seus trabalhos”.
“A gerência que é destrutivamente crítica frente a erros cometidos, mata a iniciativa”.
“E, é essencial ter pessoas com iniciativa se quisermos continuar a crescer.”
“Contrate bons funcionários e deixe-os em paz.”
Toda essa cultura é baseada na valorização do ser humano e no entendimento que só ele pode criar e inovar. Essa política foca no ambiente de trabalho e no ser humano.
O modelo de negócios escolhido pela 3M e divulgado amplamente é:
“Crescimento através do lançamento de novos produtos”.
Trata-se de uma frase simples e clara e que define o modelo de negócios da empresa. A prática da Inovação requer:
Metas bem claras e bem comunicadas, com estratégias bem definidas e com objetivos muito desafiadores, dirigidos a equipes multidisciplinares e diversificadas e com pessoas criativas, pois nem todos possuem habilidade para lidar com o novo. O ambiente deve ser constantemente ajustado e modificado. O cliente deve ser diretamente envolvido e as pessoas mais criativas devem ter um tratamento especial (e não melhor que os demais) com reconhecimentos adequados e etc.. Sabe-se que a criatividade é uma característica exclusiva de alguns seres humanos e que não ainda não existe até hoje uma máquina ou outra fonte de criatividade. Sabe-se também que o ser humano tem seu comportamento afetado pelas condições ambientes, recursos existentes e condições psicológicas, sentimentos, caráter e etc. As condições propícias para a Criatividade e, portanto para Inovação, devem ter pelo menos, alguma abundância de recursos, deve ter alguma pressão dirigida aos resultados de Inovação que não deve se misturar a outros estresses ambientais e comportamentais.
Um bom ambiente para Inovação deve:
Reconhecer os mais criativos:
• A criatividade deve ser recompensada de forma concreta e definitiva.
• A criatividade deve ser reconhecida também pelos pares e isso deve ser incentivado.
Permitir a convivência com riscos consideráveis:
• Riscos altos quando superados trazem grandes retornos.
• O absurdo deixa de sê-lo quando analisado por outro ângulo.
• A liderança deve assumir riscos e deixar que outros o façam, tolerando riscos provenientes de esforços honestamente criativos. São eles que trazem os maiores retornos.
Favorecer a luta contra os obstáculos e não aceitar ser vencido por eles:
• Obstáculos são conseqüências de um ambiente criativo.
• Obstáculos são vencidos pela perseverança.
• Os grandes ganhos vêm em longo prazo e o seu início requer perdas em curto prazo.
• Idéias e propostas criativas são difíceis de vender. Elas exigem perseverança na sua defesa.
Favorecer o pensamento em longo prazo:
• O preço para resultados em curto prazo é a perda da Inovação.
• Um ambiente de Inovação deve ter duas estratégias separadas – uma para curto e outra para longo prazo.
• Não se pode sacrificar a pesquisa básica (de longo prazo) em função da aplicada (de curto prazo).
• Criatividade genuína se concretiza em longo prazo.
• O longo prazo é estratégico e o curto prazo é tático. O ambiente deve favorecer a pró-atividade e não a reatividade (causa e efeito).
Incentivar o crescimento:
• Não mostrar complacência com o sucesso inicial.
• Não dar crédito à crença de que todas as idéias criativas são imortais.
• Não permitir a acomodação ao sucesso do momento e não se apoiar ao sucesso do passado.
• Manter o foco no futuro.
Ficar alerta para a falta de conhecimento ou para o conhecimento em demasia:
• Em P&D, a falta de conhecimento pode ser fatal.
• O conhecimento na área de atuação sempre deve ser atualizado e aumentado.
• A amplitude de conhecimento é primordial para um ambiente inovador completo.
• Conhecimento específico em demasia é tão danoso como a falta do mesmo. Os maiores erros são cometidos por especialistas.
Tolerar ambigüidades:
• Idéias criativas surgem subitamente, mas se desenvolvem lentamente. É como montar um quebra-cabeças.
• O ambiente criativo e inovador traz a ambigüidade de tomar decisões em longo prazo e resolver problemas de curto prazo.
• As idéias mais criativas escolher as pessoas com capacidade de esperar. Os bons resultados justificam a frustração da espera.
Incentivar a reformular os problemas sem solução:
• Muitas idéias criativas provêm de problemas sem solução à primeira vista.
• Muitas vezes a solução de um problema está em sua reformulação. As maiores dificuldades na solução de problemas vêm da maneira como eles são abordados e não da falta de soluções existentes.
Ajudar as pessoas a fazer o que elas mais gostam:
• As idéias mais criativas vêm de pessoas que amam o que fazem.
• A melhor motivação é a intrínseca.
• A motivação sozinha não traz a inovação, mas a sua falta garante a falta dela.
• As pessoas devem ser remanejadas para funções mais adequadas a seus talentos.
Pessoas criativas tendem a:
Ter uma grande energia física, sendo muito freqüentemente, quietos:
• Trabalham longas horas concentradas, enquanto irradiam uma aura de entusiasmo e disposição.
• Indivíduos criativos esbanjam energia, mesmo nas faixas etárias dos 70 ou 80 anos.
• Não são hiper-ativos e costumam dormir muito
• O seu ritmo não é ditado por “times-frame”, mas sim pelo tempo necessário à reflexão
• Manifestam sua alta energia pela sua sexualidade aguçada, às vezes intercalada por períodos de celibato espartano.
Ser espertas e ingênuas ao mesmo tempo:
• Um alto QI não indica alta criatividade. A linha de corte é QI de 120
• Sua personalidade é um misto de infantilidade e maturidade. Certos gênios apresentam imaturidade mental e emocional.
• Usam muito bem o pensamento divergente e o convergente, lidando bem com problemas racionais, assim como com associações de idéias não usuais. O pensamento divergente deve ser analisado pelo convergente para poder haver discernimento entre a boa e a má idéia (criativo e linear).
Combinar disciplina com indisciplina:
• A geração da idéia vem de atitudes leves, descontraídas, porém a sua transformação em algo concreto vem de trabalho árduo e muita perseverança.
• Têm a capacidade de não se submeterem à pressão do prazo, o que às vezes é tomado como uma atitude indisciplinada, mas, que na verdade nada mais é do que levar o tempo que tiver que levar, já que a criatividade é atemporal.
Alternar entre fantasia e imaginação, com um forte senso de realidade:
• Têm a capacidade de imaginar uma realidade diferente da vivida hoje e ter uma idéia inédita que mais cedo ou mais tarde se adaptará à realidade existente daquele momento.
Ser extrovertidas e introvertidas:
• Pessoas normais ou são introvertidas ou extrovertidas. Os criativos autênticos alternam entre extroversão e introversão.
Humildes e orgulhosas ao mesmo tempo:
• Normalmente são pessoas humildes e às vezes tímidas, porém são muito seguras de seus credos. Pessoas criativas são muito focadas no futuro e nos desafios existentes e perdem o interesse ou deixam de dar valor às realizações passadas. Porém, em comparação aos outros, sabem da importância de suas conquistas, o que os torna muito seguros e orgulhosos.
Fugir do estereótipo do seu próprio gênero sexual:
• Garotas criativas são mais dominantes e duras que as garotas normais. Garotos criativos são mais sensíveis e menos agressivos que os garotos normais.
• Pessoas criativas tendem a apresentar características dos dois sexos.
Ser rebeldes e conservadoras ao mesmo tempo:
• Pessoas criativas estão sempre insatisfeitas com a realidade e assumem riscos para romper com o tradicional.
• Pessoas criativas não rompem com os “seus princípios” e credos sendo, conservadoras neste aspecto.
Extremamente objetivas e apaixonadas pelo seu trabalho:
• A “paixão” é o que faz com que as pessoas criativas não desistam de seus objetivos quando têm que enfrentar situações difíceis.
• A objetividade é o que traz qualidade e credibilidade ao trabalho dos criativos.
• Algumas vezes os criativos se afastam temporariamente do seu trabalho para recuperar o foco que muitas vezes é abalado pelo cepticismo do ambiente.
• Esse tipo de atitude as torna empreendedoras para atingir seus objetivos.
Muito abertas e sensíveis e por isso estão muito sujeitas ao sofrimento e, ao mesmo tempo, a altos graus de felicidade:
• Uma máquina mal desenhada, por exemplo, causa um imenso desconforto para um engenheiro criativo. Eles sofrem e são afetados por fatos como esse.
• Os criativos sofrem muito quando seu trabalho é ignorado ou criticado por cépticos. Trabalhos de vanguarda deixam o criativo vulnerável às críticas daqueles que não entendem o trabalho (por ser de vanguarda). Idéias divergentes tendem a serem marginalizadas pelas pessoas comuns e assim indivíduos criativos sofrem o risco do isolamento.
Será que existe ambiente potencialmente criativo? Entendo que as pessoas são portadoras das potencialidades, as mais variadas. Pessoas são dinâmicas enquanto que o ambiente é estático.O quanto de estímulos que carregamos e recebemos faz a diferença. Existe pessoa potencialmente gerada na zona de conforto? Pra que queremos pessoas criativas? Sou criativo com artes manuais, em contar estórias; estas criatividades tem aplicação em que lugar na empresa?