Em nossa rotina de orientar e treinar lideranças do chão de fábrica deparamos com profissionais animados e esperançosos de crescimento em carreira. Esses Líderes respondem, nas exposições dialogadas, que suas maiores dificuldades ao liderar estão concentradas na gestão de pessoas. Alguns suam frio com as situações impostas pelos subordinados.
Pessoas surpreendem para o bem e para o mal. Pessoas são criativas, bondosas, e também egoístas; Por vezes volúveis, divergem, contestam e as gerações mais novas questionam muito, querem participar, opinar, buscam um real sentido no trabalho e também qualidade de vida. Alta demanda para o Líder, que fica entre cobranças e metas da Empresa e a efervescência da equipe.
Há líderes vocacionados que trafegam com maestria pelos escaninhos dos relacionamentos humanos. São uma minoria. A maioria busca se aprimorar nesse mister, estudando, acompanhando superiores que possam ser referência, enfim, querem conhecer mais daquilo que os especialistas colocam como o grande desafio da gestão moderna, ou seja, conviver bem, entender de comportamento humano, ser bom negociador, articulador.
O autor Bruce Tulfan – “Não tenha medo de ser Chefe” – afirma que cada profissional é diferente do outro, mas a maioria dos gestores adota basicamente a mesma abordagem para gerenciar todos os membros do seu grupo, chamando isso de “gerenciamento de tamanho único”.
Cada empregado se comporta de forma diferente a uma dada situação. Uns reagem bem aos questionamentos, outros querem respostas prontas. Uns precisam ser lembrados das coisas constantemente, outros só de vez em quando, ou somente uma vez. E o Líder que gasta parte de seu tempo e energia tratando de picuinhas humanas, de preferências individuais, “gostar mais de fulano do que de beltrano”, de querer fazer isso e não fazer aquilo, acaba chegando à gestão personalizada, única forma de lidar com a diversidade entre subordinados.
Com efeito, a Liderança à moda antiga que foca somente a tarefa e resultados relegando o subordinado a um simples recurso acaba sofrendo na formação da equipe, união do time e consequentemente na obtenção de melhores resultados. E normalmente fazem o que os autores chamam de subgerenciamento, vão levando a coisa à base de orientações gerais, deixando o barco seguir com seus ruídos, custos e desgastes.
Maslow e Herzberg teorizaram há tempo que o ser humano tem uma escala gradual de motivação, partindo das necessidades básicas, higiênicas, de subsistência mesmo, até a auto-realização e poder. Satisfeita uma necessidade, passa-se ao outro nível e assim por diante. É necessário conhecer bem as pessoas para saber em que estágio elas se encontram.
Blanchard e Hersey, por sua vez, nos legaram o modelo da Liderança Situacional, muito interessante na abordagem da gestão. Eles partem da premissa de que Liderança eficaz é uma função de três variáveis: Estilo do Líder, maturidade do liderado e a situação em si. Nela é o Líder quem se ajusta ao estágio de maturidade do subordinado, e não este ao estilo do Líder. E recomenda que o Líder adote uma matriz de avaliação para conhecer a situação de cada um, e assim melhor desenvolver cada membro de sua equipe, conforme os graus de maturidade, cruzando conhecimento técnico e a disponibilidade do trabalhador, ou seja, sua motivação, relacionamento.
A gestão assim fica personalizada, o Líder acaba conhecendo melhor as pessoas de seu time e as apoia diretamente para desenvolvimento de responsabilidade e autoconfiança. Passa a ideia de que a Liderança é uma parceria, algo que se constrói com as pessoas. E pode agir situacionalmente sobre cada uma delas com o “remédio” na intensidade e dosagem certas.
Líder depende da ação das pessoas, aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes de engajamento, comprometimento, enfim maturidade. Até por egoísmo o Líder precisa formar, desenvolver e fixar equipes fortes, afinal será avaliado pelo resultado do trabalho delas.
Da adequada ação e gestão das Lideranças, os bons resultados das organizações !
Sobre o autor:
Celso Gagliardo foi gestor de RH de grandes e médias empresas, hoje consultor e treinador de Lideranças.
e-mail: gagliardo.celsoluis@gmail.com