Em reunião com gente de RH ouvimos que algumas empresas estão cancelando as chamadas “festinhas” de final de ano entre empregados e dirigentes face à situação de crise econômica, vendas geralmente em baixa, empresas demitindo e/ou não repondo desligamentos.
Uma organização que tradicionalmente promove a confraternização natalina, ao negá-la gera frustração. Apesar do clima alterado por razões de mercado e da política econômica, a vida segue e os empregados esperam que as empresas façam um esforço para manter a confraternização, mesmo que seja mais simples, de menor custo.
Um ponto colocado, além do custo, é que muitas vezes essas reuniões cujos objetivos são elevados, de integração, comemoração à vida e ao trabalho, acabam muitas vezes trazendo aborrecimentos. O consumo da bebida alcoólica sem moderação gera problemas, acidentes e incidentes, por vezes ocorrências disciplinares. Já houve situação em que tivemos que segurar – às duras penas – o colaborador para não sair dirigindo carros ou motos sem condições. Isso, para dizer pouco.
Enfim esse é o outro lado, e tem contribuído para programas de confraternização sem bebida de teor alcoólico, ou mesmo com a liberação moderada através de tíquetes (vales) previamente entregues aos participantes. O excesso e os desvios comportamentais levam a medidas antipáticas e até extremadas do tipo “não mais fazer”.
A gestão de pessoas é cada vez mais complexa. Compreende uma série de medidas, com especial atenção à capacitação de modo amplo, ou seja, não apenas técnica ou de gestão, mas também a comportamental, como o uso de telefones celulares no ambiente de trabalho, e até mesmo o portar-se e apresentar-se adequadamente no grupo – o respeito ao colega, a educação, e até o asseio nalgumas situações.
Mas voltando ao tema, não somos contra reuniões de confraternização, festas. Isso faz parte da vida em grupo, e se manifesta desde a célula mater, ou seja, nas famílias. Mas há dirigentes que imaginam que essas reuniões de final de ano são mágicas a ponto de influenciar no astral da turma, gerar motivação para o próximo período, etc… Alguns deles orientam até mesmo a compra de brindes para serem sorteados na tentativa de agradar os sortudos aquinhoados com a concessão.
Quem pensa assim joga dinheiro fora. A boa relação se constrói no cotidiano através de boa gestão e liderança, justiça e respeito no tratamento, regras claras, treinamentos, equilíbrio entre foco nas tarefas e nas emoções. E também com políticas de reconhecimento e meritocracia: Salários e benefícios adequados, participação em lucros ou resultados, bônus por metas atingidas.
Fora isso tudo o mais vai para a ala da chamada “perfumaria”.
Sobre o autor:
Celso Gagliardo foi gestor de RH de grandes e médias empresas, hoje consultor e treinador de Lideranças.
e-mail: gagliardo.celsoluis@gmail.com
Caro Celso, como sempre, ótima reflexão!!!
Realmente não é uma “festinha” de final de ano que faz com que pessoas tornem-se “amigas”, que saibam trabalhar melhor em equipe, sejam mais leais, etc…. Como bem disse, boas relações e condutas devem ser desenvolvidas e orientadas o ano todo. Todo mundo gosta de “mimos”, brindes, e outros… mas é muito importante lembrar que elogios pelo trabalho desenvolvido, reconhecimento, etc, é bem vindo o ano inteiro! Não precisamos de uma data marcada para fazer acontecer, reconhecer erros, tentar novos acertos, tudo é muito dinâmico, as mudanças são constantes.
Acho que “festinha” de final de ano, seja ela na empresa como um todo, ou seja num determinado departamento, vem para coroar um ano de trabalho bem feito! Uma forma mais informal de dizer “sobrevivemos em meio as adversidades e estamos prontos pra mais um ano!”
Abraço!
Realmente as Festinhas de Fim de Ano tem certa expectativa, principalmente se o ambiente é de amizade e já vem inserido na cultura da empresa. Os movimentos do famoso “amigo secreto” já estão em curso antes mesmo da direção se manifestar. Se negada nesse ínterim, frustra! É preciso cuidado nessa mudança de “costume” – A comunicação, “sempre ela”; e os motivos… Ah! Esses sim demandam serem bem justificados e nunca tarde. Há casos em que a seção, frustrada é claro, se organiza, custeia e realiza a “festinha” apenas com o intuito da confraternização. Como tudo numa empresa, mesmo a supressão de uma simples confraternização deve ser bem opinada, avaliada e discutida, ante a possibilidade de se tornar impositiva.