Você caro leitor já esteve procurando emprego? Já foi submetido à bateria de testes, entrevistas e exames para preencher uma vaga? Creio que a maioria que tem ou teve uma atividade profissional passou por essas fases, naturalmente.
A questão que colocaremos é o respeito do contratante para com o candidato. E esse contratante muitas vezes nem é o próprio dono da vaga, ou seja, a empresa tem a vaga e paga para uma consultoria especializada encontrar um profissional que atenda ao perfil da vaga e lhe enviar dois ou três candidatos entre os mais adequados.
Candidatos são abordados de diversas formas. Alguns trabalhando, outros em desemprego. Esses, certamente mais ansiosos e esperançosos pela recolocação no menor tempo possível. Uns tem reservas, são os previdentes. Outros, mais preocupados pois o recurso é curto para esse período de travessia turbulenta sem trabalho.
Quando o contratante agenda uma entrevista o candidato vai esperançoso. Flerta com a vaga, estuda o perfil da empresa no caso de vaga aberta. Muitos se preparam virtualmente, simulando perguntas e respostas. Pesquisas são realizadas no infindável mundo da informação internética. O currículo foi longamente pensado.
Enfim, há todo um clima. Pensa-se inclusive na roupa adequada para a entrevista. Seja na empresa, seja na sala que o headhunter indicar.
Quase sempre há cordialidade no contato. Entrevistas quando bem conduzidas são verdadeiros momentos de crescimento e aprendizado. E o candidato percebe quando a conversa fluiu bem, que sua performance atendeu as expectativas, até por alguns sutis acenos do entrevistador.
Não há decisão no ato. É um processo de seleção, por vezes lento. O candidato vai embora pensando nas perguntas, em suas respostas, nas reações do entrevistador e chega a se imaginar-se na empresa, fantasiando um pouco, e gostosamente. Enfim chega em casa esperançoso, otimista, conta para os mais próximos e fica na espera.
Aguarda…aguarda….aguarda. O tempo passa e nada. Seria normal tanto tempo para a decisão? Será que vale a pena uma abordagem? Não seria por isso considerado invasivo? São dúvidas que surgem. Semanas vão se sucedendo e a esperança vai se reduzindo. Mas a dúvida fica lá, no arquivo de pendências. Espera cruel, quase torturante. E nenhuma resposta, nem mesmo um lacônico e-mail para dizer que a “escolha recaiu sobre outro candidato com o perfil mais adequado para aquela vaga”.
Em minha vida profissional ouvi e ainda ouço reclamações pela falta de feedback. O candidato se sente ultrajado, pois deu o seu melhor esforço e atenção e não consegue saber depois o que aconteceu: Se a vaga foi cancelada, se outro foi contratado. Se ele não foi bem num determinado momento do processo. Se a questão é a remuneração.
Deixar de dar um simples retorno é uma falha que não poderíamos esperar principalmente se estamos diante de especialistas em gente, pessoas da área de Recursos Humanos (RH). Sabemos que o tempo é sempre curto para todos os compromissos, mas nada justifica a falta de um contato de finalização, mesmo que por whatsapp ou e-mail, que são mensagens rápidas. A tecnologia é usada para filtrar candidatos e deve também ser aliada para contar o que aconteceu.
Quem está em busca de trabalho, batalhando uma vaga, pode estar fragilizado. E, se ainda fica a “ver navios e um mar revolto” é muito cruel. Seria bom se os entrevistadores praticassem mais a empatia, se sentindo no lugar dos candidatos para sempre dar uma satisfação final pelo menos àqueles que foram para entrevistas, dinâmicas, preencheram questionários, longos formulários digitais, testes.
Isso é o mínimo, e simboliza um muito obrigado especial. Um agradecimento ético.
Sobre o autor:
Celso Gagliardo foi gestor de RH de grandes e médias empresas, hoje consultor e treinador de Lideranças.
e-mail: gagliardo.celsoluis@gmail.com