A Empresa Viva

Alkindar de Oliveira
Alkindar de Oliveira

Henry Ford disse que se atendesse o que os sitiantes achavam que precisavam para se locomoverem, teria construído a melhor das charretes, mas não um automóvel, pois se uma empresa tiver como foco principal atender a expectativa do cliente, terá dificuldade para superá-la. A empresa que mais tempo se mantém viva é a que tem como principio sua contínua superação ou “a empresa que aprende”(*). Na mesma linha de pensamento de empresa aprendiz, Arie de Geus, então vice-presidente da empresa Royal Dutch Shell, ficou pasmo quando teve conhecimento de que a média de vida das empresas não supera os 20 anos. Esse fato o estimulou a descobrir o porquê desta morte prematura. Formou então uma equipe para pesquisar e estudar essa intrigante realidade. Os estudos e pesquisas originaram a expressão “empresa viva”(**). Para que ele tivesse como base das pesquisas reais informações, o estudo teve como foco o comportamento exemplar de reduzido número de empresas que ultrapassaram um século de existência.

As deduções básicas de Arie de Geus representam eficaz metodologia para as empresas manterem-se vivas. Segundo suas pesquisas a empresa que superou um século de existência tem:

Consciência de sua identidade;
Coloca-se sempre como aprendiz;
É atenta ao ambiente externo;
Adota postura conservadora na gestão das finanças;
Valoriza seus funcionários;
É tolerante às novas idéias
e, por fim,
Tem espírito de comunidade.

Em análise que fiz das conclusões de Arie de Geus, questionei-me se não haveria uma ou mais delas que fossem o sustentáculo de todas as outras. E a minha opinião é a de que o “espírito de comunidade” é o mais importante pilar, por ser o indutor de todas as demais qualidades. Para o leitor que indaga: “mas o que é o espírito de comunidade?”, esclareço: o espírito de comunidade vai além do espírito colaborativo. É o que faz o trabalhador colocar não somente seu empenho profissional, mas também o que há de melhor em si em termos de pessoa. É quando os trabalhadores colocam suas almas no trabalho, é quando o respeito mútuo se faz verdadeiramente presente. Numa empresa onde impera o espírito de comunidade, a integridade dos seus funcionários, isto é, o bom caráter é o seu pilar de ferro. Quanto mais pessoas de bom caráter fizerem parte do corpo de trabalhadores da empresa, mais sucesso ela terá e maior será sua possibilidade de integrar-se ao grupo das empresas vivas.

Mas, quais são os atributos de uma pessoa de bom caráter? A educadora Joanna de Angelis fornece resposta a esta questão. Esclarece que o indivíduo de bom caráter é aquele que é “alegre e devotado”; “gentil e bom”; “afável e generoso”; “cordial e pacífico”. Perceba caro leitor como, de forma sintetizada, essa especial educadora mostra o caminho para sermos pessoas de bom caráter, e atente que em cada um dos pontos por ela mencionados, há a característica do homem de bem. Isto é, não basta que sejamos alegres, é preciso que também sejamos devotados; não basta que sejamos gentis, é preciso que também sejamos bons; não basta que sejamos afáveis, é preciso que também sejamos generosos; não basta que sejamos cordiais, é preciso que também sejamos pacíficos.

Das características citadas por Joanna de Angelis, quatro delas são muito fáceis de serem conquistadas, sermos: alegres, gentis, afáveis e cordiais. Qualquer pessoa pode ter estas “qualidades” com muita facilidade, basta saber usar “máscaras”, no que nós humanos somos especialistas. Mas as características que complementam cada uma delas, “sermos devotados”, “sermos bons”, “sermos generosos”, “sermos pacíficos”, para a maioria de nós depende de profunda e árdua mudança interior, o que, para o nosso próprio bem e de quem nos circunda, precisa ser o nosso principal desafio. Pois tendo bom caráter não somente poderemos ser integrantes de empresas vivas, como também seremos pessoas mais realizadas e mais felizes. E por que não dizer, com mais facilidade arrumaremos um bom emprego, haja vista que, Marcelo Odebrecht, um dos líderes empresariais mais respeitados do nosso país, quando se referiu à forma de sua empresa contratar líderes, disse: “Tendo bom caráter, o resto se aprende.” (***).

Concluindo, tenderá a entrar no time das empresas vivas, toda organização que esmerar-se por ter no seu corpo colaborativo profissionais de bom caráter.

(*)livro A quinta disciplina, de Peter Senge (Best Seller); (**) o livro A empresa viva, de Arie de Geus (Campus); (***) (Jornal o Estado de São Paulo, 1 de fevereiro/10, caderno Negócios-N7)

 

Sobre o autor: 

Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, atua em todo o Brasil em diversas áreas de treinamento, como VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO, ORATÓRIA, LIDERANÇA, etc.. Tem no seu portfólio de clientes as empresas MCDONALDS, VOLSKWAGEN, PETROBRAS, PORTO SEGURO, etc. É autor de vários livros, dentre eles os Best-Sellers  LIDERANÇA SAUDÁVEL/(Planeta) e ESPIRITUALIDADE NA EMPRESA/(Butterfly).

site: www.alkindar.com.br

e-mail: escoladelideres@alkindar.com.br

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