Para Cecilia, as mulheres buscam mais cursos e especializações porque elas precisam comprovar a competência a todo momento, diferentemente dos homens que essa competência é presumida
São Paulo, 07 de março de 2022 – “Quanto mais mulheres ocuparem cargos de liderança, c-level e em conselhos de administração mais outras mulheres saberão que seu lugar também é ali. A mulher na liderança é porta para outras diversidades”, afirma Cecilia Cavazani, CO-CEO da Construtora Cavazani, que trabalha com empreendimentos econômicos, financiados pelo Programa Minha Casa Verde e Amarela.
Para ela, a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho vai além de remuneração e de cargos ocupados. O sexo feminino precisa enfatizar mais suas competências. “É por isso que as mulheres buscam mais cursos, mais especializações. Porque elas precisam comprovar a competência a todo momento, enquanto aos homens essa competência já é presumida”, cita.
“Características como competência, ambição e racionalidade são atribuídas frequentemente ao sexo masculino. Enquanto para as mulheres as características são intuitivas, colaborativas e atenciosas. Assim, precisamos externar nossa busca por hard skills e, dessa forma, estudamos mais. Acredito que quando as nossas soft skills e hard skills se juntam temos uma sinergia potente, que produz uma liderança criativa, com propósito, entregando um resultado robusto no curto prazo e eficiência no médio e longo prazo”, complementa.
À frente de empresa da construção civil, um setor que ainda é predominantemente masculino, Cecilia ressalta que não encontrou obstáculos na carreira ligados ao preconceito de gênero, mas nota que a estrutura no mundo dos negócios presume a competência masculina. “Não foi um obstáculo, mas é um esforço constante para me provar. Sou sócia do Eduardo, meu marido e, entre nós, nunca houve essa tensão. Mas as pessoas em geral, não compreendem a parceria de iguais, assim minha parede sempre foi recheada de conquistas para, desta forma, materializar a minha busca por conhecimentos e profissionalismo”.
Nesta procura por aperfeiçoamento, conhecimento, Cecilia embarca no próximo dia 23 para Dinamarca para um curso na escola Kaospilot, mundialmente reconhecida para a preparação de lideranças criativas e com propósito, com foco em inovação.
“Na sequência viajo para Israel para um outro curso, esse na universidade de TelAviv, com foco em inovação também. As duas viagens são parte do programa ABP-W da Saint Paul Escola de Negócios, que prepara mulheres executivas para ocuparem cargos em Conselhos de Administração”.
O grau de instrução das mulheres também é superior aos dos homens, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil” mostra que as mulheres brasileiras são mais instruídas que homens e possuem mais acesso ao ensino superior.
Para ela, as empresas precisam criar ferramentas para a promoção da igualdade de gênero. “Programas de contratação dirigida para mulheres, promoções para cargos de liderança, incentivo a capacitação das habilidades cognitivas e comportamentais, mentoria, apoio à maternidade, dentre outras ações são ferramentas para a promoção da igualdade de gênero nas corporações”, completa.
Cecilia Cavazani é uma daquelas pessoas que sonham com o próprio negócio desde criança. Criada em uma família simples, sempre estudou em escola pública. Formou-se em direito, no entanto, não negou as raízes e seguiu empreendendo no mesmo ramo de seu avô, que foi construtor de casas.
Mais de uma década depois, ela gerencia uma equipe com mais de 130 funcionários e destaca o seu papel de incentivo a outras mulheres. “O meu papel como mulher é de apoiar outras mulheres. Além das mulheres que trabalham comigo, trabalho com empresas parceiras predominantemente femininas”, destaca.
“Trabalhar com meu público é muito gratificante, porque a gente vê um sentido no que fazemos. Meu cliente já passou por muita provação na vida e essa realização é como se ele estivesse atravessando um portal para uma vida melhor. Eles não estão comprando blocos, pedras, paredes, mas sim um lar, um lugar seguro para a sua família morar. Além disso, o impacto social é gigantesco. Nos preocupamos em aumentar a segurança pública, o saneamento e o lazer onde os apartamentos se instalam”, destaca.
A CO-CEO também faz parte do Amazonita Clube, um núcleo estratégico que reúne mulheres C-level do mercado de construção. “Grupos com essa finalidade são de extrema importância, pois, permitem um networking e uma troca de experiências entre mulheres que passam por situações muito parecidas no dia-a-dia. Acredito que isso seja um dos degraus para a igualdade de gênero. Dentro do grupo discutimos sobre como apoiar mulheres que desejam avançar na carreira no mercado imobiliário e, para isso, estamos criando um programa de mentoria. As mulheres precisam ver outras mulheres ocuparem cargos e lugares antes destinados apenas aos homens, com isso criamos um senso de pertencimento.