A nossa vida, quando olhamos ao longo de um período, é uma sucessão de altos e baixos. Essas variações ocorrem desde o primeiro sinal de vida, mesmo antes do nosso nascimento, e só terminam quando a vida chega ao fim, refletida por uma linha contínua, sem nenhuma oscilação.
Portanto, se essas variações são tão comuns, se fazem parte de nossas vidas desde antes do nascimento e se acontecem a todo instante, deveríamos estar acostumados e preparados para lidar muito bem com elas. Certo? Infelizmente não!
Por mais estranho que seja, essa afirmação está longe de ser verdadeira para a maioria das pessoas, empresas e até países. Podemos dizer que é mais comum do que se imagina não estar preparado para lidar com as oscilações.
Por outro lado, por incrível que pareça, nos momentos altos é que existem as maiores falhas e essas falhas se tornam as grandes responsáveis e potencializadoras dos momentos de baixa.
Darei alguns exemplos que mostram esta realidade, mas acredite que além desses existem inúmeros outros. Tenho certeza que ao parar e refletir sobre o assunto, você também identificará imediatamente vários deles, seja na sua vida pessoal, no seu circulo de amizade ou no seu trabalho. E digo mais, hoje mesmo, você pode estar passando por situações típicas de altos e baixos. Afinal, estas oscilações fazem parte de nossas vidas, concorda?
Vamos ao exemplo no esporte, pois é mais fácil de avaliar e pesquisar. Esse final de semana aconteceu o GP do Canadá de Formula1 e o Emerson Fittipaldi marcou presença no evento, me dando a inspiração para falar de altos e baixos, pois esse cara é um grande exemplo do título deste artigo.
Em 1974 Fittipaldi, grande responsável por abrir as portas da Formula 1 para outros pilotos brasileiros, já era Bicampeão mundial na categoria mais importante do automobilismo. Mesmo em alta, quando poderia simplesmente ficar onde estava, resolveu fundar uma equipe brasileira.
A equipe teve bons momentos. Fittipaldi, mesmo sem vencer, continuou em alta por um tempo, mas o que era para ser um grande sucesso, acabou em um grande momento de baixa. A equipe faliu no final de 1982, quando Fittipaldi já tinha abandonado as pistas e era chefe da equipe. Nessa época ele viveu, talvez, sua maior baixa. Foi duramente criticado, viu seu talento ser questionado por várias pessoas e seus bons momentos foram esquecidos. O grande Emerson Fittipaldi retirou-se em silêncio da Formula 1 e foi construir uma nova vida nos Estados Unidos.
Nem imagino o quão difícil foi esse momento de transição. Mas, a fase de baixa foi superada com maestria quando Fittipaldi, já com 38 anos, iniciou uma nova e bem sucedida carreira na Formula Indy (Cart), onde foi campeão em 1989, vencendo a tradicional prova das 500 Milhas de Indianápolis em 1989 e 1993. Não só voltou a brilhar mais uma vez como, novamente, abriu portas para pilotos nas terras do Tio Sam. Hoje, novamente em seu momento de alta, é um homem de negócios respeitado e referência para os norte-americanos, que o chamam carinhosamente de Emmo.
Não tenho detalhes dessa história, mas acredito que essa virada, na forma e na magnitude que em que ela se deu, só foi possível porque, mesmo nos momentos de alta, Fittipaldi nunca foi soberbo, sempre respeitou pessoas e instituições, sempre foi muito cortês com quem esteve acima, abaixo e ao seu lado.
Ao contrário, nas empresas, já vi executivos sucumbirem e não se levantarem mais depois de um momento de baixa, depois de uma demissão. É óbvio que esses executivos não passam dificuldades extremas, mas não atingiram mais o patamar de sucesso e de alta onde se encontravam no passado. Entre os vários motivos que levam a essa baixa permanente, observo que um comportamento está sempre presente – a soberba.
São dois exemplos extremos, um de sucesso, em que a pessoa volta a atingir o patamar de alta e outro onde a pessoa não chega mais ao patamar que alcançou um dia. Entre esses dois estão os casos mais comuns, onde as variações são mais tênues, então vejamos:
– Hoje um Time é campeão, no campeonato seguinte fica em posições intermediárias, depois volta a vencer.
– Hoje um profissional gerencia uma área importante de uma empresa, perde o emprego e em um curto período de tempo se recoloca e exerce essa mesma função em uma nova empresa.
– Ontem o melhor piloto de F1 era o Vettel, hoje já falam em Daniel Ricciardo, Hamilton, Alonso, assim como foi com Senna, Piquet, Mansel e Prost.
Como essas oscilações são na maioria das vezes inevitáveis pensei em algumas dicas para compartilhar com você para serem visitadas nos dois momentos:
Cinco dicas para quando estiver em alta na carreira:
- Evite a soberba
- Trabalhe forte mas saiba equilibrar todos os “pratos”
- Honestidade em todas as realizações
- Respeite seus pares, subordinados e superiores
- Conheça seu potencial e invista em sua capacitação profissional.
Cinco dicas para quando estiver em baixa:
- Nunca perca a esperança, acredite em você e em seu potencial
- Insista e persista, siga em frente e busque atingir seus objetivos
- Não desanime use as dificuldades para aprender e se fortalecer
- Fique atento às oportunidades, elas podem vir de onde menos se espera
- Tenha uma certeza, essa fase não durará para sempre
Para os que estão vivendo seu momento de baixa, deixo como mensagem a frase que faz parte da música inspiradora do técnico da seleção brasileira Felipão “Tá escrito” e que tem uma ótima ligação com o assunto que estamos tratando aqui:
“Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!”
Abraços a todos!
obre o Autor:
Cezar Antonio Tegon é graduado em Estudos Sociais, Administração de Empresas e Direito. É Presidente da Elancers e Sócio Diretor da Consultants Group by Tegon. Com experiência de 30 anos na área de RH, é pioneiro no Brasil em construção e implementação de soluções informatizadas para RH. Palestrante em vários congressos e universidades sobre temas relacionados à Gestão de Pessoas, Tecnologia da Informação e Perfil Comportamental.