Segundo uma pesquisa realizada recentemente pela International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), “um em cada quatro profissionais brasileiros apresenta sintomas do distúrbio depressão pós-férias. A pesquisa ouviu 540 profissionais que haviam acabado de voltar de férias, de ambos os gêneros e com idade entre 25 e 60 anos, e constatou que 124 deles manifestaram alguns dos sintomas típicos, por exemplo: sintomas físicos — como dores musculares, dor de cabeça, cansaço constante e insônia — até psicológicos, como angústia, ansiedade e raiva. Esta pesquisa também revelou que o principal motivo dos portadores da depressão pós-férias, cerca de 93%, apontaram a insatisfação profissional”.
“A OMS (Organização Mundial de Saúde), divulgou dados no dia 02 de setembro de 2009 no site da BBC Brasil que apontam: nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas”. [1]
O termo depressão de uma forma geral é uma palavra que está em voga atualmente e tem causado várias transformações no comportamento físico, mental e emocional, influenciando diretamente na qualidade de vida das pessoas. Especificamente no ambiente de trabalho, a depressão tem acometido mudanças no comportamento e nos resultados exigidos pela empresa.
“Atualmente, a doença atinge aproximadamente 15% da população mundial, ou seja, uma em cada seis pessoas desenvolverá depressão em alguma fase da vida”. [2].
O percurso da psicologia no campo da saúde mental do trabalhador ganha cada vez mais espaço nas organizações, uma vez que dela resultou a abordagem de que as condições e o meio ambiente do trabalho podem ser responsáveis, em muitos casos, pelo surgimento dos casos de depressão no trabalho. As pesquisas atuais apontam para o crescimento do número de trabalhadores com problemas mentais, e segundo dados da Previdência Social, em conjunto com uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB), quase 50% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do serviço sofrem algum tipo de doença mental.
Traços como tristeza excessiva, choro por longos períodos, desânimo, dificuldade de concentração, alterações no sono e apetite podem ser perceptíveis como sintoma, porém um diagnóstico preciso e orientado por um profissional da saúde é de extrema importância, pois a depressão não envolve apenas estes sintomas, mas outros que precisam ser medidos para saber a intensidade desta doença. O quanto antes for realizado um diagnóstico preciso sobre a depressão, maiores serão as chances de um tratamento efetivo e eficaz visando à qualidade de vida do sujeito.
De uma forma abrangente, existe uma síndrome (Burnout) que está relacionada ao esgotamento profissional, gerado por estress profissional feito com muita pressão e exagero no exercício de tarefas múltiplas.
Existem vários tipos de depressão e, um deles, é a depressão pós-férias, que segundo uma pesquisa realizada na Espanha em 2008, demonstrou que 35% dos jovens trabalhadores retornam ao trabalho após as férias com os sintomas de depressão.
É estranho dizer depressão pós-férias, pois imaginamos que a pessoa tenha descansado o suficiente e renovado sua energia para retornar ao trabalho, porém não é isto que temos percebido.
Sintomas como mau humor, sonolência, ansiedade, cansaço profundo, dores de cabeça e taquicardia, são observados na depressão pós-férias. Geralmente estes sinais permanecem por uma semana, até a pessoa se readaptar a rotina do trabalho. Caso isto não aconteça, deve-se procurar imediatamente um profissional, pois o desempenho no trabalho e a qualidade de vida ficarão prejudicados. Alguns destes sinais já podem estar presentes na pessoa antes dela sair para as férias do trabalho.
O estresse também pode ser um fator causador desta doença, e permanecer antes, durante e após as férias. Segundo “Selye, a palavra estresse vem do inglês stress. Este termo foi usado inicialmente na física para traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforço ou tensão e transpôs este termo para a medicina e biologia, significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio interno”.[3].
É de extrema importância que fiquemos atentos aos sinais que apontam para uma depressão no ambiente de trabalho para que possa ser realizada uma medida preventiva. Talvez a causa destes sintomas não esteja apenas diretamente ligada ao trabalho e sim a questões particulares, individuais que, como consequência, está afetando o comportamento no ambiente de trabalho.
Um diagnóstico em conjunto com um médico psiquiatra e um psicólogo pode favorecer ao sujeito no sentido do tratamento, pois o remédio pode aliviar os sintomas físicos, mas questões que envolvem o emocional e mental, precisam ser colocados pelo sujeito para o psicólogo analisar o que está além destes sintomas.
No período das férias a qualidade do descanso, tanto físico como o mental, é essencial, assim como, por exemplo, pelo menos três dias antes do retorno ao trabalho a pessoa retomar a sua rotina de horários para acordar e dormir.
É necessário ficar atento ao tempo de permanência destes sintomas e procurar ajuda de um profissional antes que a consequência desta doença atrapalhe no funcionamento comportamental, físico e emocional da pessoa.
O profissional de Recursos Humanos que tem uma visão ampla da saúde do trabalhador pode contribuir para analisar estes sinais e sintomas da depressão no trabalho e desenvolver uma proposta de tratamento juntamente com a empresa, afim de não prejudicar o funcionário e reintegrá-lo no ambiente de trabalho. A preocupação da empresa com a saúde do trabalhador é mais uma forma de desenvolver e reter talentos.
[1]http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/09/090902_depressao_oms_cq.shtml
[2] Kessler, R.C. et al. The Epidemiology of Major Depressive Disorder: Results From the National Comorbidity Survey Replication (NCS-R).Journal of the American Medical Association-JAMA, Vol. 289, Jun. 2003, pp. 3095-3105;
[3]SELYE, Hans. Stress, a tensão da vida. Edição original publicada por McGraw – Hill Book Company, Inc. 1956.
Sobre a autora:
Caroline Gouvêa Silva Wallner, formada em Psicologia pelo CES-JF desde 2006. Formação continuada em Recursos Humanos, cursos sobre Capacitação em Gerência de Recursos Humanos, Cargos e Salários e Gestão de Mercado, Motivação nas Organizações. Atuação como Analista de Recursos Humanos.
site: www.carolinegouvea.com
Nossa…adorei, parabens!!
OS TEMAS AQUI ABORDADOS SAÕ ,MUITO OPORTUNOS NA ATUAL REAQLIDADE DAS EXIGENCIAS E NOVOS RISCOS DO MUNDO DO TRABALHO, MUITO BOM. ATENCIOSAMMMENTE. LUIZ
PARABENS CAROL
Perfeita sua colocação, Rodrigo. A intenção de escrever sobre este assunto é justamente para salientar a importância de uma visão ampla sobre as questões que envolvem a saúde do trabalhador, principalmente a Depressão, uma doença que pode causar sérios prejuízos na saúde física, emocional e social.
Um abraço.
O grande problema é que, infelizmente, assim como o Stress, a depressão vai ser vista como algo comum, e se hoje ninguém da a minima para isso, imaginem quando se tornar algum “comum”.
Nenhuma doença é comum, doença é doença, e as empresas e profissionais devem se atentar a isso e dar uma atenção especial.
Só quem não quer enxergar não vê que, o motivo pelo qual a mão de obra no mercado MUNDIAL está escassa, é causada justamente, em algumas empresas, pelo ambiente de trabalho não favorável de algumas empresas, acumulo de funções, baixos salários e falta de motivação, além da famosa contratação PJ, que na minha concepção é algo inaceitável. Estas questões tem que ser atacadas de frente pelas empresas, e os profissionais tem que estar abertos para receber este apoio, e ter interesse, porque de nada adianta as empresas auxiliarem, elaborarem programas de melhoria continua, se os próprios profissionais não tem interesse em melhorar.
Grande abraço a todos!
minha filha parabéns que maravilha