Controladores

Patrícia Soares

Você sabe que daqui a 10 minutos pode estar fazendo exatamente aquilo que você planejou fazer. Mas sei que você também sabe que isso pode não acontecer. Isso é assustador, não é mesmo?

Há coisas na vida que podem ser controladas. Você pode dosar as gotas de adoçante que vai colocar no seu suco, a quantidade de sal que vai acrescentar à sua comida, os quilômetros que deseja caminhar. Mas nem sempre é assim… A mão pode pesar e cair gotas a mais no copo, a tampa do saleiro destampada pode estragar sua refeição, a tempestade pode impedir sua caminhada.

O controlador ultrapassa estes exemplos e vai além do simples fato de tomar um suco muito doce. Talvez você lide com alguém assim no seu cotidiano. O seu chefe pode ser o seu grande desafio. Ou o marido, a esposa, a mãe ou até você mesmo. Enfim, seja lá quem for, eles estão entre nós.

A pessoa controladora faz os outros sentirem-se sufocados, culpados e inferiores. Mandam o tempo todo e sempre dizem como você deve se vestir, pensar e fazer. Podem ser sociáveis e divertidos à primeira vista, antes de mostrarem seus acessos de raiva. Não promovem a expressão livre da personalidade, opinião e pensamentos. Por serem desconfiados, dificilmente se relacionam profundamente com as pessoas; são de poucos amigos. Enfim, são chatos mesmo.

Podem ser abusadores, chantagistas e ameaçadores. Chefes controladores são os que mais recebem queixas de dano e assédio moral. Todas as decisões tomadas devem favorecê-los e não delegam tarefas. São centralizadores, pois não confiam. E odeiam receber “nãos”.

Apesar desta fachada toda, são extremamente inseguros quanto ao futuro e isso os torna mais ansiosos que a maioria. Mas não assumem a própria insegurança diante do incontrolável. É muito difícil para o controlador entender que soberania e onipotência são características apenas do Divino e por mais planejamentos que façam, a vida os surpreenderá a cada segundo.

Se você é assim, estabeleça limites e reconheça sua impotência diante do imprevisível. Estabeleça relações de interdependência e perceba que quanto mais controlador é, mais frustrações experimenta. Planeje sim e projete o melhor, mas prepare-se, pois algo sairá do seu controle. Ei, não somos capazes de acrescentar um centímetro sequer à nossa altura! Controlar suas reações ao que lhe ocorre é sábio, as tentar controlar a vida a vida toda, isso pode ser tolice. Viva as surpresas do dia; quem sabe ele não ficará mais leve assim?

Sobre a Autora:

Patrícia Simões Sena Soares, Psicóloga organizacional, psicanalista e palestrante há 17 anos. Atua ativamente na área de treinamento e desenvolvimento de pessoas, elaborando projetos de melhoria e ferramentas de gestão de pessoas. É palestrante comportamental e motivacional em empresas e desenvolve ações de qualidade de vida no trabalho.

Contato: https://br.linkedin.com/in/patricia-sena-50bb4978

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