Peço licença para discutir com vocês um assunto que tem me intrigado ultimamente, a ética e a transparência nas relações entre prestadores de serviço e as empresas que os contratam.
Como consultora de benefícios, visito grandes empresas quase que diariamente a fim de conhecer os problemas relacionados ao programa de saúde e benefícios para em seguida apresentar uma solução sob medida.
Nos últimos anos tenho notado que falta clareza, transparência e verdade nesses processos o que compromete bastante o resultados dos trabalhos e as relações.
Vou destacar e compartilhar com vocês o que venho sentindo:
- Nem sempre a área responsável apresenta com clareza todos os indicadores, problemas e expectativas, a fim de obter o melhor diagnóstico;
- Os verdadeiros motivos e intenções que motivaram o início do trabalho muitas vezes são mascarados;
- Em alguns casos, somos convidados a participar somente para fazer número, uma vez que já existe uma empresa eleita, mesmo assim não somos informados e dedicamos energia e inteligência por uma causa em vão.
- Não raras vezes, quando somos convidados apenas para fazer número, o trabalho que elaboramos é entregue de bandeja nas mãos da concorrência para que ela possa adicionar em sua proposta o que apresentamos de bom e não perca a posição de comando;
- Muitas empresas anseiam pela contratação de uma consultoria que seja uma grife, antes mesmo de ser eficiente e que tenha a habilidade de apresentar uma “cartela mágica” de serviços, na maioria das vezes ineficiente na prática;
- Falta neutralidade no momento da avaliação das propostas o que impede uma apuração mais aprofundada do histórico das empresas concorrentes junto ao mercado. Ao meu ver, o levantamento do histórico junto aos clientes atuais é o melhor parâmetro de escolha.
- Muitas vezes, após a apresentação da proposta, não conseguimos mais estabelecer nenhum tipo de contato com a área responsável, nem por telefone, nem por e-mail e nem através de recados. Somos totalmente ignorados. A relação, simplesmente deixa de existir após a apresentação da proposta.
- Em outras vezes o representante da empresa que está negociando conosco não precisa de fato daquele trabalho e nem tão pouco pode decidir pela contratação do serviço , mas segue em frente solicitando coisas e cumprindo o cronograma estabelecido.
- Vale ressaltar que ao prepararmos uma proposta de qualquer teor, investimos tempo, dinheiro, experiência, energia e uma enorme vontade em atender os objetivos propostos.
Espero que vocês entendam que não estou criticando o comportamento de ninguém mas declarando o quanto me sinto desrespeitada como profissional quando sou tratada dessa forma.
Sempre acreditei que a ética, a transparência e o diálogo devem permear todas as relações.
Prefiro a dor da verdade à doçura do engano. Gostaria de acreditar que muito em breve, as relações, sejam elas quais forem, serão permeadas pelo respeito ao próximo e que não sejamos capazes de fazer ao outro aquilo que não queremos para nós mesmos.
Acredito que este comprometimento com o outro passa por uma decisão pessoal de trazer mais amor e verdade para a nossa vida e que tudo isto resultará em relações mais saudáveis e resultados mais duradouros.
Eu acredito e vou lutar por isso e você?
Sobre a autora:
Débora Carrera Maia, é Diretora de Expansão, Novos Negócios e Qualidade de Vida da 4Health – Inteligência em Saúde e Benefícios e atua a 22 anos na área de Benefícios em RH.
Bom dia Débora,
é pelo menos a terceira vez que vejo comentários como esse.
Não sou da área, e nem tenho poder de voto, mas ao observar a quantidade de reclamações que são manifestadas a respeito desse tipo de Concorrência Desleal.
Ao meu ver, é muito similar ao que vemos constantemente nos jornais, quando há Fraudes em Licitações Públicas. É como entrar no jogo para perder, quando o resultado já estão estabelecido e as apostas feitas (o ganhador já foi escolhido).
Seria muito bom que as grandes empresas criassem canais de comunicação, para que esse tipo de conduta fosse deunciada e irradicada totalmente. Poi o resultado final de uma “Concorrência Acertada” com certeza resulta em prejuízos para as empresas contratantes (que não estarão avaliando os reais benefícios oferecidos pela melhor empresa).
Achei seu desabafo muito válido, e totalmente condizente com a realidade. Assim como você, acredito na ética e na transparência empresarial.
Prezada Debora,
Você espera comportamento ético de empresas do Brasil? Porque você acha que somos um país de terceiro mundo e o máximo que apresentamos são as famigeradas “commodities”? Concordo com tudo que você declarou e para apresentar como solução é que devemos conhecer a empresa antes de nos dedicarmos a ela. Mas conhecê-la verdadeiramente com consulsta a Serasa e tudo mais. Vocês como empresa não tem obrigação de trabalhar para corporações de seriedade aparente ou duvidosa. Nós como meros empregados infelizmente temos que amargar uma decisão APÓS entrarmos na empresa e não podemos ter um conhecimento dela como elas podem ter do profissional que contratam. Assim, ficamos a mercê de bandidos travestidos de empresários.
Prezada Débora,
Excelente e verdadeiro seu posicionamento. Gostaria e muito de acreditar que as pessoas irão em breve se dar conta que a ética, o respeito e a transparência são essenciais para qualquer relacionamento, contudo, infelizmente, em meu íntimo, não acredito. Tento praticar a transparência, a ética e o respeito com todos os que me cercam, mas várias vezes já ouvi comentários que essa minha atitude é uma gota em um oceano.
Concordo 100% com a opinião da Débora! Hoje em dia, os processos de seleção para contratação de serviços especializados são conduzidos de maneira questionável. Os potenciais prestadores de serviços são convidados para participar da licitação só para cumprir o número mínimo de cotações determinado nas políticas de compras da empresa. Geralmente, nessas situações, o processo de compra é iniciado com o intuito de cumprir o ritual da burocracia interna, pois, o fornecedor já foi pré-definido. Cabe as corporações questionarem se essa postura faz parte da filosofia empresarial, ou do “modus operandi” do profissional responsável pela contratação de novos serviços.
Debora,
Muito bom. Pura verdade.
Creio que a solução para este tipo de “comportamento” deveria passar por algo tambem inédito, tal como, dar completa publicidade dos fatos. Sei que muitas vezes as propostas e os processos que envolvem consultas ( consultoria), são mantidos em sigilo, mas no caso em pauta, por tratar-se de claro engodo, deveriamos pensar na possibilidade de dar ao pulico o conhecimento de causa e efeito. Ou talvez, reportar aos canais competentes de controle de RH o que se passa na realidade. O ineditismo muitas vezes causa embaraço, mas tambem pode servir para desembaraçar e aclarar situações nebulosas…
Excelente colocação, feita com clareza e com respeito. Não é uma crítica no intuito de ofender que você faz e sim um alerta do que acontece no mercado.
Você está contribuindo para que possamos ter relações respaltadas no respeito e na verdade entre as Empresas e os profissionais das Consultoria, bem como para o fortalecimento da imagem das empresas quando nos chamam para prestarmos serviços.
Acredito que passou da hora de algumas Organizações (graças a Deus nem todas fazem isso) começarem a pensar e modificar suas atitudes junto dos Profissionais de Consultoria. E aí sim, poderão exigir dos Consultores um trabalho melhor. Via de mão dupla sempre.
Parabéns pelo artigo.
Christina
Concordo e acredito também que o comprometimento e respeito possa mudar o teor das relações e os resultados positivos serão inevitáveis.
Compartilho desta luta.
Parabéns.
Marta Almeida