A melhor definição para criatividade é aquela que a desmistifica e a qualifica como uma técnica de resolver problemas, podendo ser aplicada a qualquer atividade humana. Quem faz apenas o que já está feito limita-se a adquirir o conhecimento, ao que já existe. Já aquele que não se contenta com o estabelecido e que descobre novos caminhos é quem age criativamente.
Para este segundo perfil, o conhecimento é o meio, não o fim. Ao conhecimento acumulado acrescenta-se o resultado da criatividade, ampliando-o ainda mais. Assim foi com o fogo, a roda, a prensa gráfica, a internet, o post-it, o velcro e outras tantas criações que mudaram cenários na história da humanidade. Todas, naturalmente, repletas de tentativas e erros durante o processo.
Sendo a criatividade uma técnica de resolver problemas, o mais importante é aprender a técnica, não decorar o problema. Aprender a pensar, não a memorizar. Apenas memorizar não leva a lugar algum, além daquele onde você já esteve várias vezes na vida: a “decoreba”, aquele monte de informação gravada na mente, que mistura-se na primeira balançada, promovendo resultados desastrosos em provas, concursos e outros avaliadores racionais. Se for um sujeito de sorte, pode ser que você vire atração em um programa de auditório, repetindo nomes das capitais do mundo. Um conhecimento enciclopédico, porém estático. Papagaios já fazem isso há alguns séculos.
Na lógica da criatividade como solucionador de problemas, é certo afirmar que pessoas felizes, sem problemas, dificilmente fantasiam, criam. Já as positivamente insatisfeitas e sujeitas a pressões o fazem constantemente. É neste grupo que se encontra o espírito criativo, que cria para eliminar angústias, aliviar tensões. Quem as vê de fora chega a pensar que pessoas criativas apenas se divertem.
Observar um processo criativo e suas diversas ferramentas de desbloqueio e estímulo causa espanto em quem toca a vida apenas em atividades e caminhos racionais, exatos, bajulatórios e sem paixão. A aparência de “não trabalho” incomoda mentes forjadas para encarar o trabalho como um fardo, não como um desafio a ser sempre vencido, uma angústia a ser aliviada. É esse o espírito da coisa.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
site: www.eduardozugaib.com.br