Em um treinamento, os participantes receberam uma lista com 50 palavras representando valores, sendo orientados a escolher um que melhor representasse o conceito de liderança. Entre todas as palavras, três ocuparam mais da metade das respostas, anotadas silenciosamente em papel para evitar influência do grupo. Nelas, os participantes deixaram claro o desalinhamento que muitas organizações ainda enfrentam quanto ao desenvolvimento de lideranças sintonizadas com as necessidades dos colaboradores.
Ao invés de valores como ação, visão, decisão, rapidez, direção, segurança, coragem – muito válidos, porém já óbvios quando o assunto é liderança – os valores que mais se destacaram foram a espiritualidade, o equilíbrio e a parceria, ou seja, valores que revelam a falta de sincronismo que diversos profissionais em funções gerenciais enfrentam com suas equipes.
Hoje nas empresas existem até quatro gerações de profissionais interagindo, distribuídas entre pessoas de 18 a 65 anos. Todas disputam o tempo, o espaço e a atenção dos seus gestores. Em maior quantidade estão os nascidos entre 1966 e 1980 (geração X) e os nascidos entre 1981 e 2000 (geração Y), ocupando grande parte dos cargos e funções. Essa maioria até acata a liderança baseada em valores óbvios, porém não adere a ela de todo, principalmente quando não encontra um significado maior que o salário para o exercício de sua função.
Atualmente, liderar com base apenas em valores óbvios tem sido receita certa para a empresa que pretende tornar-se ultrapassada, já que, ao invés de líderes inspiradores ocupando papéis gerenciais, correrá o risco de manter nessas posições aqueles cujo ferramental compõe-se da pressão fora de medida, da centralização de informações e até mesmo o assédio moral, cujo limiar tornou-se ainda mais tênue nos últimos anos.
A espiritualidade – não religiosa, mas humanística – torna o líder não apenas um mero emissor de ordens, mas um orientador capaz de perceber o ambiente, compartilhando-o com seus liderados através de uma leitura mais real possível. O equilíbrio ajusta a distribuição de poder a cada um da equipe, estimulando-os, através da iniciativa, a assumirem papéis cada vez maiores. A parceria reflete na forma como o líder entra em simbiose com sua equipe. Referir-se à equipe como “30 pessoas abaixo de mim” ou “30 pessoas comigo”, torna evidente a diferença que existe entre o chefe que “empurra” sua liderança e o líder de verdade que, por mera circunstância de cargo, hoje está chefe.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
site: www.eduardozugaib.com.br