Por Sabrina Fantoni,
Há 25 anos construindo softwares para a área de RH, o administrador de empresas Cezar Tegon, também graduado em direito e ciências sociais, é o fundador da Elancers, uma das mais bem sucedidas empresas do ramo. Sua ferramenta é uma das mais inovadoras e eficientes já criadas para a seleção e recrutamento de candidatos na incessante busca da tão esperada recolocação.
Tegon aponta as principais contradições e falhas no universo do RH, o qual foi pioneiro a lançar mão de novas tecnologias no auge da revolução industrial, entretanto, atualmente, há uma falta de manejo dentre as inúmeras opções de ferramentas disponíveis. “Recrutar significa captar o máximo possível de massa; Selecionar significa começar a escolher e é nessa hora que é preciso ter ferramentas de produtividade.” Salienta o empresário.
Para Cezar, existe uma notória escassez de recrutadores maduros e profissionais que consigam englobar o know how dessas novas ferramentas atreladas à formação profissional, a subjetividade do olho no olho e a empatia que todo profissional do RH precisa ter. “Uma vez que você recorre a essas ferramentas, você tem que colocar todas as fichas nesse sistema. A importância do filtro e do cartesianismo é fundamental ao invés de somente o contato humano; é o desenvolvimento tecnológico que faz com que a seleção seja quase que perfeita, com exatidão e a maior eficiência possível”
Ele ainda acrescenta que “um recrutador tem que no mínimo ter estudado marketing, afinal, ele precisa saber divulgar vagas, que é o mesmo que saber divulgar qualquer produto, e, sobretudo, investir em pesquisa.” Tegon explica que “o currículo mostra duas vertentes; conhecimento e experiência do candidato. Uma pessoa que tem a mesma formação não necessariamente terá o mesmo perfil; ela pode tender a ser mais comunicativa, ou ter o perfil mais comercial ou mesmo acadêmico e isso pode ser medido; fato que ainda é desconhecido e não aproveitado na própria área de RH.” O empresário alega que mesmo com toda a tecnologia e esse arsenal de ferramentas desenvolvidas exclusivamente para tal uso, não existe o cem por cento de chance de se acertar sempre, contudo, toda tecnologia é mais certa e eficiente do que o senso comum.
Cezar aponta que a principal negligencia na área do RH está no ato de selecionar. “Essa é a etapa mais importante, escolher é o mais importante. Deveria ser gasto 20 por cento do tempo em recrutamento e 80 por cento na fase da seleção.” Isso é exatamente o contrário do que acontece quando se usa sites de Jobposts.
Ele segue com a tese de que cobrar de candidato é um equívoco. “O Brasil é o único país que possui um sistema no qual se cobra para aquele que procura uma vaga postar seu currículo na internet.” Cezar ainda salienta a importância de ferramentas como o Facebook, Twitter, Linkedin e Orkut para divulgar vagas e atrair candidatos e como o crescimento constante das mesmas pode afetar os sites de Jobsposts, trazendo o risco de tornarem-se obsoletos, uma vez que ferramentas como essas são gratuitas e cada vez mais populares dentre os que estão à procura de emprego. No entanto ele alerta que “as redes são locais para obter a atenção e interesse dos candidatos, e estes devem ser direcionados para o site de empregos da empresa – para candidatar-se a vaga e cadastrar seu currículo no banco de talentos da empresa, para que esta possa fazer o processo de seleção com mais eficácia além de criar sua base estratégica de candidatos”.
O primeiro empreendimento de Cezar na década de 80, o Panavue, foi um sistema que levou ao pé da letra a prática de somente gerenciar a parte humana do RH, uma vez que folha de pagamento era o único departamento cuja responsabilidade não cabia ao produto. A empresa com não mais de 45 funcionários foi comprada pela ADP System, líder mundial em prestação de serviços, onde Cezar ficou por volta de dois anos até decidir voltar a empreender e desenhou em 1999 a plataforma do que hoje é a Elancers.
Com somente 37 funcionários dispostos num ambiente silencioso e organizado, a Elancers possui 12 milhões de currículos na base, 4.000 clientes como Tam, Gol, Varig, Trip, Oceanair, GM, VW, Renault, Mercedes, Toyota, MIT, Man além de empresas de vários portes e segmentos nacionais e internacionais. Esses poucos profissionais com tamanha responsabilidade em mãos, são suficientes para que haja sempre comunicação e o aprimoramento do produto que é feito sob medida para seus clientes. “não existe um produto e um programador para cada cliente, existe um programador e um produto para todos os clientes, existe informatização, desde o anúncio da vaga até a admissão.” Diz Cezar.
Com 1.500 parâmetros, usa-se o mesmo produto para todos os clientes, no entanto, há um mecanismo que ativa e desativa, como se fosse um botão que ligasse e desligasse aquilo que um cliente precisa, mas o outro não; esse sistema é definido como Parametrização, o que, segundo o empresário é o grande diferencial da Elancers.
Com uma ferramenta madura e eficiente, Cezar diz saber exatamente aquilo que seu cliente necessita, no entanto, há empresas que querem customizar seu próprio produto sem ter uma visão ampla de quais são suas reais necessidades, logo, quando lhe é reivindicado algo que não é o que encaixa nas reais demandas da empresa, a Elancers não faz e demonstra os prós e contras. “As empresas de softwares deveriam ser mais honestas, pois uma vez que o padrão é alterado, o cliente precisa pagar tudo de novo por algo que ele pediu e a desenvolvedora sabia que não funcionaria. É preciso saber o que escolher e escolher o que funciona”.
O universo do RH vive num constante processo de desenvolvimento tecnológico, como numa seleção natural, aquele profissional que não se adaptar e se enquadrar, terá essas tecnologias como inimigas e não aliadas, Cezar frisa que “se os selecionadores e recrutadores não se reinventarem e não prestarem atenção para realmente ser um suporte, serão eles os próximos a tornarem-se obsoletos.” Para Tegon, é preciso mais investigação e que os especialistas utilizem de fato a tecnologia seu favor para que haja assim mais empresas satisfeitas e produtivas e mais empregados preenchendo as melhores vagas.
Na visão de Cezar “o mercado mudou e muitos RH´s continuam trabalhando como há 20 anos. Portanto, transformar a maneira de atuar da área e ganhar novas competências é ponto crucial para atuar no mercado aquecido e competitivo” finaliza.
Sobre a autora:
Sabrina Fantoni é Formanda em Comunicação pela Universidade Mackenzie e membro da equipe RHevista RH.
Ótima matéria! Parabéns.
Parabéns excelente trabalho. As ferramentas são muito importantes para ampliar as possibilidades, mas a sensibilidade do olho no olho é fundamental.
Excelente reportagem/artigo Sabrina. Parabéns pelo ótimo trabalho. Me ajudou muito. Abraços. Adolfo
Escrever esse artigo foi um desafio devido a quantidade de informações importantíssimas do RH que muitos não fazem a menor ideia mesmo trabalhando na área. Cezar conseguiu escalpelar, retalhar e explicar cada falha e atraso que são verdadeiros obstáculos para o amadurecimento e evolução dos profissionais de Recursos Humanos. Foi um prazer imenso entrevistá-lo por perceber o seu comprometimento e envolvimento nessa área, a qual possui todo um arsenal para continuar crescendo e empregando profissionais cada vez mais preparados. Parabéns a essa grande empresa, Elancers. E parabéns a RHevista RH, por sempre buscar tópicos de grande importância a serem tratados.
Sou usuário e posso comprovar que a ferramenta funciona e muito bem !