O Butão é um pequeno país situado na Cordilheira do Himalaia, entre a China e a Índia, com cerca de 800 mil habitantes. Já há algum tempo, ele tem chamado a atenção de economistas, psicólogos, sociólogos e antropólogos de todo o mundo. É que seus governantes inventaram e implantaram um original índice para medir o desenvolvimento do país: o FIB, no lugar do PIB. Ou seja, vale o índice de Felicidade Interna Bruta no lugar do conhecido Produto Interno Bruto, que mede toda a produção de um país. O objetivo principal do FIB é medir o nível de satisfação do povo.
Em poucas palavras: no reino do Butão, o que vale é ser feliz!
O FIB parte do princípio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade só acontece quando desenvolvimento espiritual e material está lado a lado, um complementando e reforçando o outro. A produtividade e o lucro só fazem sentido quando contribuem para aumentar a qualidade de vida e o bem estar das pessoas – aspecto que não é levado em conta pelo nosso PIB.
Em resumo, o FIB coloca o ser humano no centro da questão ao levar em conta fatores como bem-estar psicológico, saúde, resiliência ecológica, governança, padrão de vida, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação e cultura.
A boa notícia é que, conforme a imprensa tem divulgado, o Brasil pretende imitar o Butão tendo também o seu FIB. A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV), através do seu recém-criado Instituto de Finanças, já está elaborando a metodologia do novo índice.
Mas, atenção, vamos com calma, nada de euforias antecipadas. Apesar de toda a boa vontade dos nossos economistas, vamos imitar o Butão só até a página dez. Se lá a satisfação do povo é mais importante do que o desempenho da produção industrial, aqui a coisa não vai ser tão radical assim – mesmo que o PIB seja considerado um índice incompleto porque, por exemplo, ignora dados como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou o nível de segurança das cidades.
A verdade é que, gostem ou não, o nosso índice de Felicidade Interna Bruta que será proposto ao governo pela FGV, não irá deixar de lado a questão da produção. Até onde se sabe, ele vai fazer uma mistura de apuração da felicidade e da produção – quer dizer, o PIB tradicional será um dos componentes do cálculo do FIB.
Bom, sei lá. Vamos aguardar.
Como recentemente disse um nosso ministro, o brasileiro tem um jeitinho próprio de fazer as coisas e que no fim dá tudo certo.
Tomara! Fico torcendo para que sim. Mas não posso deixar de me perguntar: será que existe mesmo um jeitinho pra se medir a felicidade do povo, tendo um olho no coração e outro na carteira?
Sobre o autor:
Floriano Serra é psicólogo, consultor, palestrante e facilitador de seminários comportamentais. É diretor-executivo da SOMMA4 Gestão de Pessoas, autor de vários livros e inúmeros artigos sobre o comportamento humano. Ex-diretor de RH de empresas nacionais e multinacionais.
e-mail: florianoserra@terra.com.br