Ao refletirmos sobre mudanças nos damos conta do quão difícil é aceitarmos experiências de desconforto, limite e finitude. Vivemos a “Síndrome da busca de continuidade”: da vida, da saúde, do bem estar, da juventude. Lutamos contra a velhice, a frustração e o desconforto. Vivemos a época da satisfação permanente do “EGO”, da autorrealização e fingimos que saúde, vida e juventude são eternas.
Nunca na história estivemos tão afastados do envelhecimento e da morte como hoje. O ideal de juventude é acessível a quase todos, e a tecnologia e o conforto nos afastam de experiências de tristeza e frustração.
Vivemos a época da realização de todos os desejos e, no entanto, nossa sociedade nunca esteve tão doente e deprimida, nem nossa vida tão desprovida de significado. Isso porque nos afastamos daquela que dá real sentido à existência: a morte.
Na vida profissional resistimos a situações novas e que nos tirem do roteiro e repertório que construímos, que nos obriguem a adotar novas rotinas, que ameacem a posição que conquistamos. Isso porque a dificuldade em lidar com perdas e a intolerância às frustrações nos tornam muito mais fracos e vulneráveis.
É preciso enfrentar o desconforto e as dificuldades para que se possa desenvolver novos repertórios e construir resiliência, pois esta é uma habilidade construída, conquistada. Quanto maior nossa abertura a novas experiências, maior será nossa resiliência. No ambiente corporativo é preciso expor os liderados às adversidades com benevolência, acreditar em sua capacidade de pensar por si e ir além dos limites, oferecer um equilíbrio perfeito entre desafio e apoio, entre direcionamento e escuta generosa. Só assim estaremos contribuindo para o crescimento dos que estão sob nossa liderança e preparando sucessores à altura dos desafios que ainda estão por vir.
É preciso enfrentar adversidades para que se possa desenvolver novos repertórios e construir resiliência. Quanto maior a abertura a novas experiências, maior será a resiliência e a capacidade de lidar com mudanças, desconforto e frustrações.
Sobre a Autora:
Carlota Moraes é Gerente da OD&M Consulting. Atua há 30 anos em programas de Desenvolvimento de Pessoas, envolvendo Assessments, Coaching e Treinamentos. É Graduada em Psicologia pela UNIMARCO e em Pedagogia pela PUC|SP com Pós Graduação em Coordenação de Grupos pela SBDG. Coach com formação pelo Erickson Institute.
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