“A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-la por nós mesmos, depois de uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós”
(Marcel Proust)
Estudei Francês na escola e confesso que não lembro de ter lido Proust, ou mais especificamente a obra “Em busca do tempo perdido”. Também já se vão tantos anos, mas enfim, o título é excelente, profundo. Na verdade, trata-se de uma coletânea de algumas obras que retratam a trajetória de personagens que se encontram ao longo do tempo, mas a ótica aqui é a maravilhosa possibilidade de resgatar o tempo perdido.
Trazendo esta visão para o mundo corporativo, é notável perceber que enquanto alguns profissionais têm uma carreira consistente e ascendente, outros tiveram que parar por algum motivo – e quando digo carreira, implicitamente quero incluir sua formação escolar – já que de alguma forma, uma e outra se entrelaçam como galhos de uma mesma árvore, algo assim, já que a ausência de uma acaba impactando no crescimento da outra.
É claro que existem também alguns cuja carreira é um eterno sobe e desce, e as vezes até um movimento que costumo chamar de “cair pra cima”, pois ainda que temporariamente esta pessoa fique fora do mercado ou numa posição inferior nalgum lugar, eis que de repente, lá está ela de volta, sentada confortavelmente no topo da pirâmide – numa posição desejada e invejada por muitos – acontece, fazer o que? Há pessoas que tem sorte e outras que têm talento. E felizmente, algumas têm os dois.
Mas quero falar do universo daqueles que tiveram que dar um “pause” na carreira – para criar um filho, acompanhar o marido ou a mulher para um trabalho em outra cidade, pararam os estudos por uma questão de necessidade e de repente precisam voltar à carreira. Assumindo que a eles seja dada uma chance de retomar o caminho, eles vão ter que se preparar para um desenvolvimento mais rápido do que os outros, como se tivessem que estudar um ano em um mês para “recuperar a matéria dada” – é o pulo do sapo, ou leapfrog – não é um desenvolvimento consistente, no sentido de ser passo-a-passo, mas dão passos longos, pois suas iniciativas são cheias de energia, estudam muito, trabalham muito, se esforçam porque entendem que precisam recuperar o tempo perdido e quem ganha com isto?
Ganham todos – ganha a empresa por contar com um colaborador extremamente motivado – que quer e precisa provar que pode ser igual aos outros – que estão no ritmo normal, ou nem tanto – e ganha o profissional, que, numa empresa justa, recompensa seus esforços, criando assim um circulo virtuoso e dinâmico: funcionário motivado – empresa reconhecendo o esforço – e assim por diante. São bons exemplos dentro da empresa, não são tão jovens, mas têm uma energia invejável, são funcionários experientes, disciplinados, dedicados, estão sempre querendo aprender mais e motivam quem está ao redor.
Toda empresa deveria ter alguns destes. São boas influências. Eles não perdem tempo, muito pelo contrário – querem recuperar o tempo perdido e o mercado precisa utilizar esta rica experiência!
Que lhes seja dada esta chance, então!
Sobre a autora:
Gladis Costa, Gerente de Marketing e Comunicação da PTC para a América Latina. A PTC é líder no segmento de soluções para o gerenciamento do ciclo de vida do produto. Em março de 2009 criou o grupo “Mulheres de Negócios”, maior rede feminina de negócios do portal LinkedIn com mais de 3500 associadas. É colunista em vários sites onde publica artigos sobre marketing, serviços, comportamento, carreira e cultura. É formada em Letras pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo, Comunicação Social e especialização em Tecnologia e Negócios pela PUC-SP. Em 2005 lançou seu primeiro livro de crônicas, “O homem que entendia as Mulheres”.