Para iniciarmos com o pé direito 2013 nada melhor que uma boa reflexão sobre um tema que é fundamental, essencial, quiçá indispensável na advocacia como um todo: Saber escrever.
Quando escrevo isto, quero dizer: Saber escrever para se tornar intelegivel, ou seja, um escreve e o outro entende o que foi escrito.
Infelizmente esta é uma realidade que está desaparecendo. Parece que aqueles que fazem faculdade estão perdendo o senso de serem sucintos, claros e objetivos. Querem escrever palavras complexas sem compreender a exata noção destas palavras.
Colocam “Hodiernamente”, “Escopo”, “in albis”, e as frases parecem teratológicas para os padrões atuais (teratológica = monstruosa).
Escrevem como a lenda dos patos de Ruy Barbosa:
Os patos de Rui Barbosa
Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
– Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
“- Dotô, eu levo ou deixo os pato?”
A lenda demonstra claramente o que muitos profissionais tem feito ao nosso vernáculo.
Precisamos de objetividade sem perder o conteúdo, óbvio. Precisamos de menos complexidade.
Estamos em uma realidade em que o tempo custa muito caro. Temos que ter tempo para infinitas coisas no trabalho, obrigações sociais e ainda ter tempo para nossa amada(o) e além disto tudo um tempo para nós mesmos. O dia continua tendo 24 horas, não adianta.
Então, ser objetivo, claro, conciso é essencial.
Além disto, se preocupar em escrever corretamente também o é.
Deixo como exemplo a vírgula:
A vírgula pode ser uma pausa… ou não.
Não, espere.
Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.
Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
Uma vírgula muda tudo.
Diante disto, vamos usar vírgulas para expressar pequenas pausas em nossos textos da vida; Ponto e vírgula quando a pausa for um pouquinho maior… E claro, ponto final para aqueles assuntos que precisam ser decididos, sem nunca esquecer que é nos três pontos finais da nossa vida (reticências) que tudo pode continuar…
Um 2013 recheado de português para todos nós!
Sobre o autor:
Gustavo Rocha: Advogado Pós-Graduado em Direito Empresarial com mais de 10 anos de vivência no âmbito jurídico. Atuou como gerente de escritórios de advocacia por mais de 4 anos. Experiência nos estados do RS, SC, PR e SP. Presta exclusivamente consultoria nas áreas de gestão, tecnologia e qualidade para escritórios de advocacia, mantendo sua OAB atualizada como ferramenta de luta nos interesses da classe junto a OAB e Tribunais, através das comissões da OAB. Possui publicação em livro pela OAB/SC no livro OAB em Movimento, OAB editora, além de diversos artigos publicados em revistas e periódicos físicos e eletrônicos. Atua também como palestrante em diversos eventos nacionais e ministra treinamentos in company de gestão e tecnologia.
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e-mail: gustavo@gestao.adv.br