O que o um líder deve ter para que sua equipe trabalhe arduamente em seu favor? Uma frase de John Maxwell expressa bem a solução dessa questão: “Líderes tocam o coração antes de pedirem uma mãozinha”.
Ricardo Resstel
Quanto mais convivo com líderes, mais clara fica a predominância do perfil entusiasmado, enérgico e muitas vezes acelerado deles. É assim que os líderes são. O que a maioria dos líderes não percebe é que não basta chegar com toda sua energia, declarando para o mundo sua visão e achar que todos os colaboradores irão simplesmente comprar seu sonho e dedicar suas vidas para torná-lo realidade. Por ter essa expectativa errônea, muitos líderes acabam por se frustrar, porque percebem que seu pessoal parece não enxergar o que ele enxerga e, consequentemente, não se engajam da forma que ele gostaria.
Durante meus anos de trabalho em aeroporto, tive o privilégio de trabalhar com um líder que parecia não passar por esse problema. Seu nome é Fernando Carvalho. Um profissional realmente diferenciado que conseguia, como poucos, manter a equipe engajada e em constante desenvolvimento na busca da excelência. Durante as instalações dos totens de autoatendimento das cias aéreas, uma novidade que por um bom tempo gerou muita resistência nos passageiros da época, uma meta de atendimento nas novas máquinas foi estabelecida. Em cada aeroporto, um supervisor foi escolhido como responsável pela meta e, caso ela não fosse atingida, o supervisor seria desligado da companhia. Em Brasília a missão foi atribuída ao Carvalho.
Quando soubemos da novidade, eu e toda a equipe partimos como leões para cima dos passageiros convencendo um a um a sair da fila tradicional e realizar seu check-in no autoatendimento. Em pouco tempo, a meta que parecia impossível foi alcançada.
Ao ver os resultados tão expressivos, uma pergunta me veio a mente: Se fosse outro supervisor, será que a equipe teria o mesmo empenho? Ou será que deixaria que cabeças rolassem? O que o Carvalho tinha para que a equipe trabalhasse tão arduamente em seu favor? Uma frase de John Maxwell expressa bem a solução dessa questão: “Líderes tocam o coração antes de pedirem uma mãozinha”.
A partir daí, surge a questão fundamental: Como tocar o coração de uma equipe, se conectando com ela de forma tão eficaz que, diante da adversidade, toda a equipe se disponha a ajudá-lo?
Para responder a essa questão quero compartilhar alguns passos para você se conectar com as pessoas e gerar o nível de engajamento conquistado pelo Carvalho:
1 – Conecte-se consigo mesmo – Se você não sabe quem é e onde quer chegar, as pessoas não se chegarão a você e não depositarão sua confiança em você. Ninguém segue um líder titubeante e desorientado.
2 – Seja sincero ao se comunicar – As pessoas podem sentir a falsidade a quilômetros de distância e ninguém quer se ligar a alguém que não é confiável.
3 – Viva o que você ensina – Nada é mais destrutivo que um discurso desalinhado da prática. Carvalho era conhecido como alguém que trabalhava duro, que puxava a responsabilidade para si e quando sua equipe agiu da mesma forma, não foi exatamente uma surpresa.
4 – Vá onde elas estão – Um erro de um líder soberbo é achar que, por ter o título, as pessoas devem vir até ele. Afinal, ele é o chefe. Mas líderes de alto nível sabem que não é assim que se conecta com as pessoas. Líderes saem de sua sala e buscam conhecer cada um de sua equipe. Sabem os nomes, sonhos, dificuldades e isso faz com que a equipe se sinta valorizada. Napoleão Bonaparte era famoso por saber o nome de todos os seus oficiais e se recordava com quem tinha lutado cada batalha. O resultado dessa prática é realmente poderoso.
5 – Acredite neles – Toda vez que receber um novo membro em sua equipe, sugiro que você coloque um 10 em sua cabeça. Encoraje e deixe claro que você acredita que aquela pessoa tem condições de realizar um ótimo trabalho. Como disse Mary Kay Ash, todos nós temos uma placa invisível no pescoço que diz, “me faça sentir importante”. Faça isso pela sua equipe. É impressionante como as pessoas reagem de forma mais positiva a uma expectativa elevada a seu respeito do que as constantes críticas.
O segredo do Carvalho estava em se conectar com sua equipe tocando o coração. Ele sabia como se relacionar e valorizar o seu time. Sua dedicação em conhecer e investir nas pessoas pagou bons dividendos. Ele hoje não é mais supervisor, já passou por algumas gerências nacionais e recentemente se tornou gerente em uma base internacional da mesma empresa e tenho certeza de que ele está só começando.
Sobre o Autor:
Ricardo Resstel é Coach e palestrante com mais de 15 anos de experiência em desenvolvimento de equipes, especialista em liderança e membro licenciado do John Maxwell Team – a mais relevante equipe de formação de líderes do mundo.