Mulheres estão ocupando cada vez mais espaços até então masculinos no mercado de trabalho 

A ascensão de mulheres no setor de logística, por exemplo, é um avanço. Mas ainda é preciso mais para atingir a equidade de gêneros 

Apenas 12 (6,3%) países no mundo possuem condições iguais para homens e mulheres em todas as áreas de trabalho, de acordo com o relatório Mulheres, Empresas e Direitos 2022 recém-divulgado pelo Banco Mundial. Para que isso mude, é necessário que governos e empresas atuem juntos em prol de uma sociedade igualitária entre os gêneros. Mas, enquanto isso, muitas mulheres vêm desempenhando com êxito funções antes tidas como masculinas no mercado de trabalho. Na logística, um setor antes dominado pelos homens, elas estão ocupando cada vez mais espaços e provando seu valor. 

Na Norsul, empresa de logística multimodal com soluções inovadoras de norte a sul, mulheres ocupam posições de destaque na engrenagem que é essencial para o sucesso das operações. Viviane Melo, Adrielle Marques e Tânia Pena atuam em diferentes cargos dentro da empresa: Logística de Pessoal, Desenho de Soluções e Máquinas, respectivamente.  

Elas contam que, ao longo da carreira, já observaram uma evolução positiva para as mulheres no setor, mas reconhecem que o caminho ainda é longo para atingir a igualdade entre os gêneros. Para elas, o Dia Internacional da Mulher marca a luta por direitos iguais e é uma oportunidade de refletir sobre o lugar que a mulher ocupa hoje, além do que já foi e ainda será conquistado.   

Adrielle atua com foco voltado para projetos na Norsul, buscando entender a necessidade do cliente e transformar isso em uma solução logística para atendê-lo através dos vários modais. Engenheira Mecânica de formação, ela lembra até hoje da recepção que teve do professor na primeira aula de Cálculo na faculdade. “Eu era a única menina na sala, ele me viu e perguntou ‘Você não está no curso errado? Aqui não é corte e costura, é engenharia e você nunca vai ser uma engenheira’. Aquilo me marcou e nunca mais esqueci”. 

Ela conta que no dia a dia, principalmente nos setores mais técnicos, existe um desconforto por parte de alguns homens em estarem falando com mulheres, e sente que, muitas vezes, elas precisam se provar mais. “Na minha trajetória, já escutei algumas coisas nesse sentido, já tive que levar um homem comigo em visita técnica por exemplo, para me dar um respaldo, como se fosse preciso ele confirmar que havia sentido no que eu falava.  Situações assim acabam acontecendo, mas de uma maneira geral, sinto que as pessoas estão abrindo mais o olhar para a importância da diversidade e a contribuição que a mulher traz para esses meios que são tão masculinos”, observa Adrielle. 

Coordenando o embarque e desembarque da tripulação da Norsul, além de ser a responsável por treinamentos de segurança, Viviane está na empresa há oito anos. Sua função foi, por muito tempo, ocupada apenas por homens. Hoje, ela identifica progresso. “Até bem recentemente, era comum trabalharem nessa área mulheres com perfil masculino, que se encaixavam mais fácil ao ambiente e não demonstravam fragilidade. Agora eu vejo que isso mudou e tem crescido o número de mulheres com perfis diferentes no setor”, relata a profissional. 

Viviane destaca que a mulher vem crescendo no mercado de trabalho. “Cada um tem o seu papel, e a mulher pode exercer suas atividades tão bem quanto o homem”. Mas o sexismo ainda é presente. “Já vi situações em que a mulher se vestia de forma esportiva no trabalho e foi cobrada para ser mais feminina pela posição que ela ocupava na empresa. Isso me incomoda porque o profissionalismo não está na roupa que você usa, e sim na postura do dia a dia e no que você constrói. A mulher pode ser do jeito que quiser, com ou sem batom, com ou sem maquiagem, se ela se sente mulher, então é uma mulher”, destaca.

Oficial de máquinas de navio mercante, Tânia trabalha com manutenção de equipamentos do navio inteiro. Desde o motor principal, que faz a navegação nos mares e rios, até uma simples bomba de água para escovar os dentes na embarcação. “Somos o coração do navio. É uma carreira relativamente nova para mulheres, ainda estão presentes alguns comentários e atitudes machistas. Mas temos como provar que nosso trabalho é de qualidade e tentar mudar um pouco esses pensamentos. Acredito que é possível melhorar”, diz.  

As experiências são diferentes nas tarefas do dia a dia, mas o machismo ainda é um obstáculo a ser transformado na caminhada pela busca da igualdade entre os gêneros – e ele está tanto nos homens como nas mulheres também. “Acho que todos nós somos machistas, vivemos numa sociedade patriarcal e cada um está em um nível de desconstrução. O desafio é entender as lacunas que temos para poder trabalhar isso”, ressalta Adrielle.  

Aline Carvalho
Gerente Executiva de Gente, Gestão e TI da Norsul

O primeiro passo para cuidar do problema é reconhecer que temos um, e muitas pessoas ainda hoje não enxergam isso. “É preciso reconhecer a importância do tema em prol do benefício de todos. Um olhar mais acurado nos processos seletivos, tendo em mente o quadro de colaboradores da empresa para fomentar a diversidade é fundamental. Profissionais de RH, gestores e diretores das corporações têm grande responsabilidade e devem estudar o tema para praticar o compromisso com um ambiente de trabalho mais diverso” aponta Aline Carvalho, Gerente Executiva de Gente, Gestão e TI da Norsul.

Apesar disso, as mulheres estão inseridas em atividades e setores que há muito pouco tempo não imaginavam ocupar, e isso é positivo – não só para as mulheres, mas para as empresas em si. Um estudo da McKinsey Company sobre o estado da diversidade corporativa na América Latina aponta que o sucesso de uma organização está relacionado ao compromisso dela com a diversidade. A pesquisa destaca ainda que, quando é percebido pelos colaboradores que a instituição em que atuam possui tal compromisso, a probabilidade da empresa colher bons frutos é maior. 

Como mulher, trabalhar numa área majoritariamente masculina, ainda mais com demanda de trabalho braçal, acredito que esteja sendo exemplo para outras mulheres que queiram atuar na área. Se eu consigo, elas também podem”, aponta Tânia. Adrielle reforça que tem muitas mulheres abrindo caminho nessas áreas, e elas são inspiração não só para quem já está no mercado de trabalho, mas também para quem está se formando. “Acho que é sempre bom termos uma referência e uma puxar a outra”, frisa Adrielle. 

Para quem está iniciando a carreira, Viviane, Adrielle e Tânia aconselham a acreditar na própria força, não perder a essência e cultivar a paciência. “A gente não precisa se masculinizar para estar em um ambiente masculino. Temos nossas características e realmente trazemos um olhar novo para o negócio, isso só agrega. Sejam quem são, não se deixem moldar pelo ambiente”, finaliza Adrielle. 

Sobre a Norsul: 

Empresa brasileira, é uma das líderes em navegação privada no país, que opera agora no mercado de logística multimodal, cuidando de cargas de norte a sul. Antes, o transporte feito desde 1963 era realizado por suas embarcações, mas desde 2021, passa a atuar também nos modais rodoviário e ferroviário. Entre os novos serviços, estão ainda a armazenagem de cargas e os projetos especiais, cuidando de todas as etapas do circuito de ponta a ponta. Especializada no transporte de granéis secos e líquidos, neo-granéis, carga geral e cargas de projetos, tanto na Cabotagem como no Longo Curso, a Norsul é a primeira em quantidade de embarcações e tamanho da frota. No Brasil, as bases de apoio estão nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina.

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