Uma coisa é fato: o mundo que está abaixo dos seus pés nunca parou de mudar. Podemos afirmar que nestes primeiros anos do século 21 vivemos em cinco ou mais planetas diferentes, sem sair do lugar. Sem mudar de casa, de cidade ou de emprego.
Diante da científica e justificada necessidade humana de buscar condições de vida em outros planetas, pensar na diferença que fazemos, ou que podemos fazer por aqui mesmo, pode ser uma receita simples e cotidiana para manter a mente arejada e flexível o suficiente para encarar as mudanças com mais naturalidade e confiança.
Desde o dia em que somos gerados, pela combinação celular de nosso pai e nossa mãe, já enfrentamos mudanças.
Quando nascemos, enfrentamos uma das mais traumáticas mudanças que um ser vivo pode experimentar. Estamos lá, quentinhos, imersos em um ambiente líquido e confortável. De repente, uma grande pressão sobre nosso corpo, seguida de um puxão ou um escorregão dolorido, nos joga em meio a uma barulheira infernal e a uma luz que atravessa violentamente nossas pálpebras.
O pior ainda está por vir: nos afogamos “ao contrário”. Encher nossos pulmões de ar de forma abrupta, como se um abríssemos um paraquedas dentro de nós, após um tapa na bunda que levamos de um sujeito que nem conhecemos. Haja resistência! Os pessimistas, porém bem-humorados, afirmam que se a vida fosse fácil, nenê não nascia chorando.
Ali, ao nascer, começa o que chamamos de existência. E que se desdobra ao longo dos anos em dimensões físicas e psicológicas, racionais e emocionais. Dimensões com apenas uma semelhança entre si: a onipresença da mudança, obrigando-nos a aperfeiçoar em nós a capacidade de adaptação, talvez a maior habilidade da inteligência humana.
Porém muitos de nós ainda confundimos adaptação com acomodação. É exatamente aí que surgem boa parte dos nossos problemas. Arrisco aqui até um princípio de física: adaptação é acomodar-se na mudança.
Será que vale um Nobel? Talvez não… mas vale para lembrar que, antes de pensarmos se há vida em outros planetas, que tal verificar se estamos realmente empenhados, individual e coletivamente, em viver melhor nesse que ainda é o nosso. Viver não só aproveitando as mudanças, mas principalmente promovendo aquelas que deixam saldos positivos.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
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