Alguém já disse que o homem não é senão uma metade. A outra metade, é sua capacidade de expressão e de comunicação. Podemos ser pessoas brilhantes, plenas de recursos e potenciais. Na verdade, somos. Temos muito conhecimento e até formas espetaculares de pensar, mas se não exteriorizamos isto, quem poderá adivinhar? E isso é treinável?
Reinaldo Passadori é administrador de empresas, pós-graduado em RH e diretor do Instituto de Comunicação Verbal que leva seu nome. Depois de muito tempo já trabalhando em empresas, decidiu ensinar outras pessoas a minimizarem as dificuldades para falar em público, enfrentar o microfone, etc. Isto ocorreu há mais ou menos 11 anos atrás, quando descobriu que uma das maiores dificuldades dos executivos, e um de seus maiores medos, era falar em público.
O trabalho que ele propõe, envolve PNL (Programação Neurolingüística), criatividade, visão holistica, jogos teatrais, entendendo que um trabalho que é feito considerando, não uma técnica específica, mas o ser humano, precisa ter vários enfoques porque o ser humano é um processo complexo. Como o é a comunicação; maneira pela qual a pessoa se posiciona no mundo, à partir de suas crenças, transmitindo tudo que pensa e sente.
Tal trabalho, já teve mais de 9 mil participantes dos quais muitos em turmas abertas, e outros em empresas como Bradesco, BANESPA, Itaú, CEF, Citibank, COFAP, Andrade Gutierrez, GM, Mangels, Mercedes Benz, Petrobrás e Philco, entre outras.
Quando fala em comunicação, o enfoque é falar em público, pessoas que se preparam para vencer, romper barreiras de timidez, bloqueios emocionais diante do microfone ou da platéia, mas a idéia é de um trabalho que gera auto-conhecimento. “Eu acredito que todo trabalho de desenvolvimento pessoal tem que criar condições para que as pessoas percebam seus limites atuais, estabeleçam objetivos, queiram definir onde querem chegar e percebam a possibilidade de desenvolvimento.” Diz Reinaldo, “Então a idéia é possibilitar que as pessoas percebam sua condição atual, sua capacidade, sua habilidade de comunicação e, a partir deste processo de auto conhecimento, reconheçam aquilo que já aprenderam, mesmo sem consciência e saibam utilizar isso tudo de forma consciente, percebendo que podem evoluir a partir do momento em que vencem seus limites.”
É um trabalho que se propõe a gerar condições para que as pessoas percebam através de feedbacks, no vídeo, no processo de compartilhar percepções com o grupo, que tem uma presença ativa, e com os instrutores. Estimula-se, segundo Reinaldo, a percepção de detalhes não valorizados até então, gerando a possibilidade de maior conhecimento de qualidades do participante. Consequentemente estes passam a ter mais segurança na hora de se expôr diante do grupo.
Ele diz ainda que, neste processo, as pessoas têm possibilidade de conhecer suas dificuldades e limites, falhas e problemas, ausência de idéias ou um vocabulário fraco, a ausência de alguns recursos de voz, de corpo. A partir dai, oferecem-se técnicas e recursos oriundos do teatro, do radialismo, enfim de muitas formas diferentes, para que através de exercícios elas possam ter mais segurança, mais firmeza, posicionando-se melhor quando têm que falar.
O trabalho tem três abordagens: psicológica, física e técnica e não se limita apenas a criar condições para que as pessoas falem melhor em público, mas para que se comuniquem melhor em qualquer situação, seja no processo de inter-relacionamento pessoal, seja no processo de relacionamento consigo mesmo. Na empresa, na família ou nas relações sociais.
Passadori e sua equipe, partem do pressuposto básico de que a comunicação não é aquilo que se fala, é aquilo que chega ao ouvinte e, para eles, isso funciona numa entrevista, numa relação com os filhos, numa reunião de gerência ou numa palestra, curso ou treinamento.
Partindo desta visão global, trabalha-se medos e bloqueios que possam ter surgido através de experiências mal sucedidas ou da falta de experiência, de uma educação castradora, que possa ter bloqueado a pessoa na hora de falar diante dos outros.
Outra premissa dessa metodologia de trabalho é a de que há um processo de aprendizado que acontece gradativamente pelo enfoque psicológico. A pessoa vai ter mais segurança, a partir do momento em que conhecer o assunto e estruturá-lo de forma adequada, sabendo como começar e terminar uma apresentação, então, os participantes aprendem alguns modelos de início de apresentação, abordagens que possam ser interessantes de acordo com o contexto e a situação.
Numa segunda fase, é-lhes oferecido um conjunto de estímulos para que desenvolvam suas próprias maneiras de fazer as coisas de formas diferentes, colocando seu estilo, seu jeito, sua personalidade.
O trabalho tem um enfoque voltado para o uso adequado do corpo, voz, postura, mãos, braços, dedos, expressão facial e corporal, roupa, aparência, enfim cada detalhe da presença da pessoa que está se comunicando.
A primeira fase é a preparação, a organização do assunto considerando o público alvo para que se possa fazer um ajuste no processo e na linha de raciocínio, considerando o perfil do ouvinte, porque é importante saber ouvir, entender e se alinhar de acordo com este perfil. É fundamental, segundo o consultor, que se estabeleça um processo de harmonização (Rapport) com o grupo, alinhando-se com o vocabulário, momento, assunto, etc. para que seja possível dar o estímulo adequado ao entendimento daquilo que se quer transmitir.
Uma das grandes dificuldades que muitas pessoas têm é quando está chegando o momento de falar. A famosa ansiedade. Tremedeira, gagueira e suor são suas manifestações mais comuns. “Para estes casos”, explica Reinaldo, “nós usamos, por exemplo, um recurso de PNL. Um exercício adaptado chamado Círculo de Excelência ajudando a pessoa para que ela se fortaleça.”
É importante ressaltar que as pessoas não fazem um curso de PNL. O que acontece é que elas recebem instruções adequadas e específicas para este tipo de exercício, possibilitando tirar o resultado da vivência. Passadori exemplifica: “algumas orientações são dadas inicialmente, creio que suficientes pois têm funcionado, para que se possa fazer o exercício sabendo o resultado,” ou seja, não se entra no nível de profundidade do que seria um curso de PNL, mas se recebe orientações relacionadas à mecânica do exercício.
Uma delas é a de que o sistema nervoso central não diferencia uma experiência real de uma experiência imaginária. Exemplifica-se isto com o exercício do limão. “Quando eu digo a você que pense em um limão bem verde e imagine-se lambendo uma metade deste limão, o que acontece é que imediatamente ocorre o processo de salivação. Isto é possível porque o cérebro não distingue experiências reais de experiências imaginárias.” Então pode-se trabalhar com experiências imaginárias e gerar aprendizagens bastante reais.
Num dado momento, são desenvolvidos aspectos relacionados ao vocabulário.
É importante, no processo de comunicação, ter um vocabulário ativo fluente para poder se ajustar aos diversos tipos de pessoas.
A sugestão dada por Reinaldo nesse sentido é que as pessoas percebam primeiro qual é o seu vocabulário ativo (palavras que você já utiliza espontaneamente para expressar suas idéias) e seu vocabulário passivo (palavras que você conhece mas não usa ). Quando estiver lendo um revista ou um texto qualquer, escolha 3 ou 4 palavras cujo significado você conhece, mas que nunca utilizou. Anote-as num caderno, escrevendo também seu significado pesquisado no dicionário para certificar-se de que não vai aplicá-las indevidamente e force seu uso, mantendo um contato visual constante através de um papel com algumas destas palavras escritas. Faça isso algumas vezes enquanto fala ao telefone, escreve um texto ou conversa com alguém.
O cérebro aprende por velocidade e repetição, consequentemente, depois de algumas vezes que você fizer isso conscientemente, a tendência será a de continuar fazendo automaticamente. Forme frases procurando usar aquelas palavras e, assim, se fizer com quatro palavras por dia, 20 dias por mês, no final de um mês por exemplo, você terá 80 novas palavras em seu vocabulário ativo. Multiplique isso por um ano e verá que, sem muito esforço, terá acrescentado 960 novas palavras e a grata satisfação de um vocabulário mais fluente e variado que impressiona quem o escuta. Isto certamente ampliará seu vocabulário. “Além do mais,” conta ele “não é raro descobrirmos em nossos cursos que o que algumas pessoas chamam de inibição para falar é, na verdade, ausência de vocabulário, dificultando a expressão.”
Com esta visão ampla, o que ele e sua equipe procuram fazer é um trabalho prático, vivencial e dinâmico, com todos aqueles encantadores que fazem com que seja gostoso participar de um curso.
“O que nós procuramos fazer, é um trabalho muito mais profundo, de resgate de potencial para que a pessoa, a partir da sua auto-valorização, possa se perceber mais participativa e saia com sua auto-estima reforçada sabendo que agora é sua hora de brilhar, sem precisar passar por cima de outras pessoas, mas tendo-as como aliadas, como parceiros, para que possam crescer se realizar.”
De fato é sabido que aprender a se comunicar melhor é como andar de bicicleta. Você pode ler 10 livros sobre o assunto e, no final, ainda não saberia como fazer porque é através da experiência que se aprende. Então, mãos à obra…
Sobre a autora:
Inês Cozzo Olivares é Diretora e sócia-fundadora da TAI Consultoria (desde 1994); Consultora, escritora e Palestrante Internacional (desde 1997); Psicóloga (1986); Autora do Livro “Abordagens Alternativas em T&D”; Autora do Livro ”Neuroaprendizagem e Inteligência Emocional”; Criadora e organizadora do GEN – Grupo de estudos de Neuroaprendizagem com ênfase em NeuroBusiness (desde 2006).
site: www.taiconsultoria.com.br
e-mail: ines.cozzo@taiconsultoria.com.br
Obrigado pelo artigo, equipe Instituto Passadori.