No meu livro “Administrar, Hoje” (Editora Harbra,15ª Edição) escrevi um capítulo chamado “Precisa-se de um Chefe” em que eu digo que “Chefes fracos, moles, com baixo teor de exigência com relação a seus subordinados estão desmotivando os empregados.” E tenho continuado a notar este sério problema na empresa brasileira. Os chefes atualmente estão tímidos no exercício inalienável de sua função de liderar. Vêem o erro e fingem não tê-lo visto. Constatam a desídia e cegam a própria consciência.
Esse relaxamento no cumprimento das funções de liderar está levando a uma profunda desmotivação entre os empregados. Não são poucos aqueles que vendo a completa ausência de reforço positivo pelo trabalho bem feito e a não-punição da negligência, desinteressam-se pelo auto-aperfeiçoamento e auto-exigência e disciplina. O ser humano precisa de desafios constantes que o levem a superar-se constantemente e precisa de modelos nos quais possa se espelhar. Os mais próximos modelos são os pais, professores e chefes.
Na ausência de líderes, o homem se torna fraco, abúlico. Sem desafios, o homem se transforma num alcoólatra do ócio. É preciso reeditar aqueles chefes/líderes que eram respeitados, queridos, verdadeiros mestres, enfim, verdadeiros líderes.
O conceito de “chefe” hoje está mudando para o conceito de “coach” que em português significa “treinador” – “Coach” é o nome que os ingleses dão aos técnicos de um time. O “coach” é aquele que acompanha, que insiste em alta performance, que acompanha o time, que conhece cada um dos “jogadores” e trabalha individualmente com cada um ao mesmo tempo que faz com que todos tenham consciência de equipe. Num time, cada um dos indivíduos com as suas características individuais e aptidões é fundamental. Porém, se cada um jogar sozinho, o time não vencerá. Assim, uma das grandes tarefas do líder-coach é fazer a necessária integração entre o individual e o coletivo. O coletivo na empresa é o seu mercado, seus clientes, seus objetivos. Para marcar o “gol” tanto é necessária a competência individual quanto a habilidade coletiva.
Gostaria que você fizesse, como chefe, um exame de consciência e se perguntasse: (a) Deixo claro aos meus subordinados o que espero deles? (b) Sou firme e decidido e exijo o máximo de meu pessoal? (c) Quando vejo algo fora dos padrões de excelência, imediatamente chamo os responsáveis e, com eles, revemos se todos entenderam os objetivos e tarefas e os da empresa? (d) Tenho sempre a intenção de ser “justo” ao invés de ser “bonzinho”?
Pense nestas perguntas. Leve seu pessoal, que tem subordinados, a também pensar nelas. O que precisamos é de verdadeiros líderes que possam levar as pessoas a vencer seus próprios desafios e limites sem esquecer o coletivo, a harmonia, o “passar a bola” para que o outro marque o tão esperado gol e todo o time saia vencedor.
Pense nisso. Sucesso!
Sobre o autor:
Prof. Luiz Marins: Antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior, o Prof. Marins tem 25 livros (também disponível em vários países da América Latina e Europa) e mais de 300 vídeos e DVDs publicados; Empresário de sucesso nos ramos de agronegócio, educação, comunicação e marketing. Seus programas de televisão estão entre os líderes de audiência no Brasil. Segundo a imprensa especializada e consultorias, o Prof. Marins está entre os mais requisitados palestrantes do país.
site: www.marins.com.br
email: diretoria@marins.com.br
:wink:Excelente artigo
Respondendo a algumas questões colocadas. Vamos lá:
Os “chefes” fingem não ter visto muitas falhas de seus times porque receiam perder o “ibope”, temem criar constrangimentos e resistências, isto é, como não sabem como corrigir e estimular e como não sabem pedir para que as coisas sejam feitas de modo a criar um forte desejo e compartilhamento, fingem que nada acontece quanto as falhas que muitos cometem diariamente. É isso o que ocorre!
Muito se fala em “motivar e punir”. Acontece que não há apenas duas categorias distintas e unívocas de comportamento, a saber, estando a ação ora motivada, ora desmotivada. Se isso correspondesse à realidade dos fatos, apresentaríamos de uma ciclotimía a toda prova – já que tantos administradores teimam em afirmar que “motivar” é estimular, reforçar, e pior, entusiasmar e alegrar. Esses gestores esquecem da existência de outra categoria fundamental: a conduta condicionada, aquela que responde aos apêlos dos estímulos do meio ambiente, uma categoria de ação respondente. De forma que não é possível sequer pensar que colaboradores possam, num determinado momento, apresentar entusiasmo e ânimo à toda prova e no outro instante, manifestar ações “desmotivadas” , isto é, apáticas, cambiantes. Há uma ordem comportamental que assegura: a grande maioria das nossas ações triviais são reações diretas à percepçao que temos dos estímulos externos – e não precisamos estar motivados e tampouco desmotivados. Aliás, essa ordem comportamental mostra o quanto agimos por impulso e através de nossos hábitos – já que motivação é outra coisa bem diferente do que gostam de apregoar! Isso é tanto verdade que pensamos: ” o ser humano precisa de desafios constantes”, claro, estamos afirmando que o ser humano age espontaneamente por condicionamentos e por isso necessita ser frequentemente estimulado e reforçado – já que o condicionamento apenas aciona, impulsiona as ações humanas, mas não mantém os desempenhos – a não ser que o indivíduo esteja atuando motivado. Empregados que não se tornam “fracos e abúlicos” mesmo na ausência de bons líderes – e afirmo com toda certeza! -, são colaboradores motivados para as formas produtivas de ação.
Obrigada,
Angela Paes!
Excelente artigo! 😉
Muito bom Professor Marins. Acompanho seu programa de televisão, já tive a oportunidade de participar de suas palestras, li alguns dos seus livros e o considero uma referencia no mundo corporativo.
Fantastico! Nunca tinha ouvido dizer isto antes. Nem mesmo Augusto Cury e outros membros da gurulândia motivacional brasileira. Que tal um Daniel Kahneman só para variar um pouquinho as historinhas reempacotadas de gurus de verdade que ninguém conhece porque não leêm?
Excelente assunto e sua abordagem nos dá a ênfase da reflexão, parabéns.
O Porf. Marins é um destes grandes porfissionais que alertam, alertam, alertam, os responsáveis pela condução dos negócios em suas empresas como se ele também participasse da mesma!! Já tive o prazer de ouví-lo algumas vezes ao vivo em eventos que participei e na TV sempre que posso. Concordo com o seu artigo sobre os grandes chefes do passado que eram mais professores do que chefe. Eram líderes de verdade, que hoje infelizmente se escasseiam no mercado e parece que o corpo de funcionários das empresas, pelo que tenho observado, tem verdadeira ogeriza deste tipo de porfissional.É uma realidade!!
Abraços
Muito bom.
:)Excelente artigo!