Reflexo da Nova Geração Empresarial às Catarses Pessoais

Luciana Fragoso“Catarse é a purificação das almas por meio da descarga emocional…”
Este é um conceito teorizado por Aristóteles.

“Refere- se ao processo psicológico de liberação de tensões emocionais: frustrações, raivas, ansiedades, angústias e mesmo a sensação vaga e difusa de que as coisas boas estão erradas e podem bloquear a capacidade de percepção e a resolução construtiva de problemas.”

Se estabelecermos uma relação temporal entre as gerações anteriores e a geração dos nascidos a partir de 1980, chamada de geração “Y”, será inevitável indagar sobre que características e que fatores históricos e culturais influenciaram o comportamento e a educação desses jovens no decorrer de suas respectivas gerações.

Não tem como não se perguntar ( Porque eles são tão questionadores? Como conseguem manter o foco em tantas coisas ao mesmo tempo? Como estimulá-los e guiá-los em seu futuro e mais, como mantê-los motivados?)

O que se percebe é uma certa perplexidade. Gestores de empresas encontram dificuldades em atrair, reter e desenvolver esses novos profissionais. Pais têm uma relação de constante tolerância e desaprovação diante das escolhas de seus filhos. Nas escolas professores sentem-se intimidados por alunos que demonstram maior domínio de suas matérias ou até mais habilidades em buscar informações.

A geração anterior seguia padrões determinados, normas e procedimentos rígidos nas empresas em que trabalhavam, havia alguma submissão nas atitudes, um cuidado em expor opiniões (quando expunham) e o medo de perder o emprego.

E não se engane, pois comerciantes, executivos, gerentes, donos, vendedores, líderes em geral… Enfim, a maior parcela deles ainda está saudosista, numa catarse vivencial onde ainda se desloca para o velho escritório, com a velha secretária, com a velha recepção, etc.

O homem que viveu até o início do século 20 (1900) tinha gigantescas limitações para fazer tudo que possamos imaginar comparado aos nossos dias atuais. Era um profissional que tinha que se adequar à empresa.

Em contrapartida a catártica geração atual fala, conversa, discute, enfrenta, reclama, pleiteia, negocia salários, questiona as perspectivas de crescimento em seis meses e pode, inclusive, sentir-se desmotivado se não estiver ocupando um cargo de Diretoria nesse prazo.

São Inovadores, visionários, imediatistas, usam a expressão “força tarefa” para resolver em dois dias o que os gestores não estão conseguindo a dois meses.

São destemidos, não estão em busca da “estabilidade” porque não querem  ter horários definidos, querem dar  resultados. Demonstram dificuldade de esperar a concretização de um projeto de longo prazo, como acontecia com a geração passada. Ao contrário de seus Pais, a postura desses jovens é a própria catarse, quando correm e atropelam etapas de desenvolvimento, na ansiedade para conseguir, cada vez mais cedo, o que a geração passada não conseguiu em anos de trabalho duro e, em sua grande maioria, não reconhecido.

São jovens com  menos de 30 anos e com características muito próprias, que teem acesso a milhões de informações advindas da evolução tecnológica ; então o choque cultural acontece quando passam a ser comandados por pessoas de gerações anteriores.

Nesse sentido, a habilidade de percepção da gestão é de fundamental importância, pois, para manter esse “talento” interessado e focado em projetos (sim, falo projetos porque eles têm necessidade de estarem incluídos em vários projetos ao mesmo tempo), deve diluir em pequenos módulos ou etapas e assim tornar a tarefa mais atrativa e desafiadora. Hoje, as empresas precisam estar adequadas ou ajustadas a essa nova geração, precisam estar abertos e buscar atualizações constantes.

Nesse campo minado, a atuação do RH tem um papel extremamente relevante, quando se propõe a harmonizar as diferentes gerações na busca pelos resultados da organização, resultados profissionais e pessoais.

Encontrar essa harmonia nada mais é que entender que os mais novos aprendem com a experiência dos mais velhos e os mais velhos, aprendem com a garra e a motivação dos mais novos.

Sobre a autora:

Luciana Fragoso é graduada em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas de Olinda, com especialização em Administração de Pessoal e Pós-Graduação em Gestão de Pessoas. Atualmente coordena o curso de gestão de pessoas na FBV.

e-mail: fragosoluciana@hotmail.com

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4 Respostas para "Reflexo da Nova Geração Empresarial às Catarses Pessoais"

  1. Digerson Araujo · Editar

    O planejamento estratégico tem evoluído ao longo da história, tanto em sua forma como em sua concepção, em especial na medida em que a sociedade avançava da era industrial para a era da informação e, dessa, para a era do conhecimento. Parabéns pela excelente abordagem do tema

  2. Fernando Cabral (SERRAFARMA) · Editar

    A dierença comportamental entre as gerações é relativamente grande, se vista da ótica social e cultural, e precisa ser debatida com a perspicácia utilizada no texto, afim de tornar os processos de produção, duradouros e sólidos. Fico preocupado com essa tendencia dos profissionais mais jovens, de querer resolver tudo na base do brain storm, afim de evitar retrabalho, efeito comun da causa debatida. É necessário que os mais experientes administrem de forma saudavel essa determinação de fazer e acontecer dos mais jovens, e ainda aproveitem para se motivar no processo, fechando assim o circulo e mantendo o processo saudavel. Parabéns pelo artigo, é muito interessante.

  3. Adorei seu texto.
    Identifiquei-me bastante
    Assistir umas palestras que abordava esse tema,
    Na revista Galileu, tinha como capa a geração “Y”.

    Voltando ao seu texto,

    Em umas das frases que me chamaram a atenção foi a seguinte: “São destemidos, não estão em busca da “estabilidade” porque não querem ter horários definidos, querem dar resultados.” É umas das coisas que mais importante, lembro-me de uma aula na Faculdade que houve na uma grande discussão entre o professor e a turma referente a essa assunto.E na sala de aula houve esse choque cultural, imagina nas organizações
    Essa geração “Y” do qual faço parte, não precisa de horário, prazo definidos, porque sabemos onde queremos chegar, e alcançar o objetivo de forma mais rápida, porém concreta. Bem definido no seguinte trecho do seu texto “…postura desses jovens é a própria catarse, quando correm e atropelam etapas de desenvolvimento, na ansiedade para conseguir, cada vez mais cedo…então o choque cultural acontece quando passam a ser comandados por pessoas de gerações anteriores.”
    Enfim, acredito que aos poucos as diferenças entre gerações vão se adequando de acordo com a necessidade de cada um. E o RH é fundamental para esse equilíbrio.
    É isso!

  4. Adorei o artigo!
    Realmente esse é um grande problema da atualidade, o choque de gerações dentro das empresas, o qual requer uma atenção especial dos gestores. Parabéns pela excelente abordagem do tema.

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