Quadros psicopatológicos são sofrimentos psíquicos prolongados que tendem a ocorrer em todas as pessoas, em alguma época da vida. Nunca conheci alguém que não tenha passado por um momento contínuo e intenso de ansiedade, depressão, fobias ou outros.
Depressão é um sofrimento psíquico com base na tristeza, pensamentos melancólicos, falta de energia e que se prolonga por mais de seis meses (os prazos variam).
As causas para depressão são três, em maior ou menor nível: I) Uma postura frente a vida que tire os seus possíveis belos sabores (como esperar da vida muito mais do que ela possa oferecer); II) Acontecimentos pesados de pequena e média intensidade (relacionamento ruim ou trabalhar em algo que não gosta) e/ou raras vezes, acontecimentos de peso intenso (como a morte de um filho). III) Doenças de causas orgânicas que possam provocar depressão também, como o uso de alguns medicamentos e até má alimentação.
Algumas propostas da nossa sociedade têm uma fórmula para gerar um potencial quadro de depressão (e/ou ansiedade): seja muito bom e eficiente em todas as áreas da vida, tanto esteticamente, na maternidade ou paternidade, na profissão, no casamento, na vida social como em exercícios físicos. Além de ter que ser um bom líder, ter bom humor, ser carismático, “green” e fazer trabalhos voluntários.
Existiu uma época em que era possível ser bom em tudo que fosse pedido, pois menos assim o era. Há algumas décadas, homens e mulheres tinham papéis específicos e em menor quantidade: uma boa mulher se resumia a cuidar bem dos filhos, ser bonita, cozinhar e cuidar bem da casa; um bom homem era cordial para com a sua esposa, firme e leve com os filhos, tinha uma boa remuneração e era honesto. Hoje, tanto homem quanto mulher precisam fazer o que o outro fazia, de maneira mais complexa (não basta ser pai ou mãe, tem que ser amigo, amado, gentil e não “perder a cabeça” de maneira alguma).
Nunca foi proposto tantos objetivos para a vida do indivíduo. Basta ver na matemática a impossibilidade da coisa: dormir seis horas por dia (para temos uma semana com 126 horas acordados); para ser um grande profissional, pelo menos 11 horas diárias (entre sair e voltar para casa e se atualizar na área, totalizando 55 horas na semana); para ser um excelente pai ou mãe, 3 horas durante a semana e 4 no final de semana (não basta qualidade, é preciso quantidade; um grande esposo ou esposa , 2 horas por dia e 4 no sábado e domingo (18 horas); exercícios físicos, 4.5 horas (se for 3 vezes por semana, entre ir para a “academia”, fazer o exercício é voltar); até aqui, 100.5 horas, e nem falei de banhos, alimentação, vida social, descanso, ida ao mercado, amizades, “cortar as unhas”, assistir a um assistir a algum filme e tantos outros (ah, se você for como eu, que precisa dormir pelo menos 7 horas para funcionar, te restou apenas 18.5 horas).
Portanto, a solução para sair da depressão, sendo estas as causas, é praticamente uma: aprenda a ser excelente em uma ou duas coisas na vida; muito bom em duas ou três; bom em três ou quatro e medíocre em várias. Pode ser um pouco cruel percebermos os nossos limites, mas quanto antes o fizermos, menos dores desnecessárias teremos.
Sobre o Autor:
BAYARD GALVÃO é Psicólogo Clínico formado pela PUC-SP, Hipnoterapeuta e Palestrante. Especialista em Psicoterapia Breve, Hipnoterapia e Psiconcologia, Bayard é autor de cinco livros, criador do conceito de Hipnoterapia Educativa e Presidente do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo. Ministra palestras, treinamentos e atendimentos individuais utilizando esses conceitos.