Conhecimento é a letra. Já a música em si, o que dá o tom, é a nossa inteligência. A capacidade que temos de não apenas ver, mas de identificar contextos, de perceber experiências em busca de significados ampliados, de mais de uma única interpretação, gerando, por consequência, mais de uma solução. A inteligência está ligada à nossa flexibilidade. Ela aumenta nossa visão e nos ajuda a escrever a nossa história pessoal, a nossa vivência.
Não há conhecimento apenas teórico que suplante a vivência. John Locke, filósofo britânico, afirmou que “teoria nenhuma é capaz de ir além da experiência”. E o que é uma teoria senão a experiência de alguém, devidamente registrada e comprovada por outras pessoas? O conhecimento científico é a evolução do conhecimento empírico, já que inicia no campo das suposições. E as suposições, normalmente, nascem da experiência empírica, de uma observação.
Líderes e empresários que não tiveram uma formação acadêmica completa comprovam isso na prática. Quando transformam em realidade aquilo que um dia foi apenas uma visão de futuro, chegam a provocar raiva naqueles que se sustentam apenas no academicismo. São provas vivas da distinção entre conhecimento e inteligência. Eles podem até não ter conhecimento, mas são inteligentes em agregar à sua visão o conhecimento alheio, criando a retaguarda técnica e científica que ajuda a concretizar sua visão. Não é raro vermos pessoas com alta titulação acadêmica trabalhando para outras que mal concluíram o ensino médio.
Conhecimento faz diferença, mas não mais do que o rumo que é dado a ele. Ele pode ser estático, para uso apenas quando solicitado. Pode ser discursivo e exibicionista, repetido a esmo, sem muito senso crítico. Ou pode ser usado na ampliação da nossa vivência, da nossa experiência e da transformação dos cenários onde somos protagonistas. Aqui ele funciona a favor da nossa inteligência.
Conhecimento é fruto de uma preparação dirigida. Inteligência é a visão gerada pelas nossas experiências, bem ou malsucedidas, na escola da vida. Uma escola onde o professor mais eficiente – não o mais eficaz – é o tempo. Ele ensina tudo. Mas pode ser que, na hora de cobrar a lição de casa, seus alunos já tenham morrido de velhice.
Sobre o autor:
Eduardo Zugaib: é escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamento nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional.
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