Há tempos venho ensaiando escrever este artigo por se tratar de um tema delicado com impacto direto nos custos dos programas de saúde das empresas.
Não raras vezes este assunto compromete a viabilidade de projetos de alta performance e economia.
Como consultora de saúde e benefícios, tenho me deparado, frequentemente , com os problemas oriundos do grupo de afastados.
Entende-se por afastados todo e qualquer trabalhador que não se encontra em atividade laboral por motivo de doença/tratamento. E o grupo que me refiro neste artigo são aqueles afastados há mais de 15 dias. A história é quase sempre a mesma, no início do afastamento a empresa acompanha o caso, mantém contato com o funcionário , assim como um histórico das ocorrências e estágios da doença.
Com mais de 6 meses de afastamento as informações passam a não ser atualizadas periodicamente e o contato vai se perdendo, na maior parte dos casos. Quanto mais tempo o funcionário ficar afastado menos informação e contato a empresa apresenta e mantém.
O maior risco dessa situação está relacionado ao programa de saúde que hoje é uma das maiores despesas do RH. Por conta dos dissídios e acordos coletivos, a maior parte das empresas é obrigada a manter o funcionário desligado vinculado ao plano e uma vez que o motivo do afastamento teve origem em uma doença existem grandes custos envolvidos.
O problema que me deparo com mais frequência é com empresas que desejam mudar o seu modelo de saúde, garantir maior economia, qualidade de serviços ou melhor relação custo-benefício, mas que não podem avançar em seus projetos porque precisam de relatórios atualizados sobre o status do tratamento do seu grupo de afastados para que a operadora de saúde em questão possa analisar os riscos envolvidos. Muitas vezes o tempo para contatar o grupo ou até mesmo obter as informações necessárias é tamanho que o projeto é abortado. Sem informações atualizadas a operadora de saúde não apresentará um preço final e se o fizer será com um enorme folga financeira que impactará diretamente no resultado. Diante disso, a única forma de se safar desta situação é não ter ninguém afastado no momento.
A falta de informações sobre o grupo de afastados pode impedir que decisões estratégicas e arrojadas sejam efetivadas.
Já vi empresas que mantiveram o modelo atual porque descobriram um, único, caso grave que comprometeu todo o projeto.
Por conta disso eu aconselho:
- Mantenha um arquivo detalhado e atualizado com todas as informações pertinentes ao grupo de afastados.
- Mantenha contato periódico com este grupo, atualizando endereço, telefone e mantendo uma rotina de acompanhamento.
- Ofereça ajuda para agilizar ou viabilizar o tratamento em questão e se necessário for ajude a intermediar os processos junto ao plano de saúde.
- Avalie as ocorrências e se existe alguma relação com a atividade laboral e se isso ocorrer tome as medidas necessárias para evitar novos casos.
- Antes de iniciar qualquer movimento de mudança de plano de saúde fique atento ao perfil deste grupo e não deixe de considerar os riscos.
- Promova com periodicidade ações de prevenção de doenças e qualidade de vida.
Não existe milagre, nos dias de hoje, todo e qualquer assunto relacionado a saúde dos seus funcionários terá impacto nos resultados financeiros do seu programa.
Fique atento, acompanhe de perto e sempre que necessário busque ajuda de especialistas.
Boa sorte!!
Sobre a autora:
Débora Carrera Maia, é Diretora de Expansão, Novos Negócios e Qualidade de Vida da 4Health – Inteligência em Saúde e Benefícios e atua a 22 anos na área de Benefícios em RH.
Olá Debora, trabalhei mais de 20 anos em Operadora/Seguradora de Plano de Saúde, hoje sou consultor e auxilio as empresas a buscarem novas opções no mercado e muitas vezes me deparo com situações semelhantes as apresentadas em seu artigo. Muito Bom!