Pontualidade e assiduidade são obrigações funcionais do funcionário decorrente do contrato de trabalho mantido com o empregador. São condições preliminares para o desempenho de quaisquer relações de emprego. Assim, não deveriam ser tratadas pela avaliação de desempenho, mas ser objeto da disciplina da gestão de pessoas.
As organizações em geral, no entanto, dão grande ênfase à pontualidade e à assiduidade como dimensões fundamentais do comportamento do ser humano no trabalho. Não há sistemas de avaliação de desempenho que não as considere como fator de avaliação.
Não ser pontual é uma falha comum do ser humano. Mas uma coisa é chegar atrasado a um compromisso social, como um chopinho com os amigos. Outra é estar atrasado para dar início à jornada de trabalho.
Como o avaliador – na condição de supervisor ou gerente – é a pessoa mais próxima aos subordinados, dispõe das melhores condições para tratar o problema. E, assim, uma questão constante eminentemente das cláusulas do contrato de trabalho e das regras de disciplina transforma-se em um fator relevante de avaliação de desempenho. Esta é mais uma questão crítica que precisa ser enfrentada na implantação de um programa de avaliação de desempenho – incluir ou não assiduidade e pontualidade como fatores de avaliação? Tratá-los como problemas meramente administrativos – e aí incluídos em normas e procedimentos próprios – ou considerá-los problemas de natureza comportamental?
Maus hábitos são contagiosos. Se o gerente permite que um ou dois subordinados não sejam assíduos ou pontuais, logo o mau hábito vai disseminar-se, fazendo escola entre os demais. O gerente não pode ser conivente com o problema, pois de sua prontidão para enfrentar educacionalmente os faltosos depende o estabelecimento e a manutenção de um clima de trabalho de respeito aos compromissos e às obrigações.
Como gerente, o avaliador tem a responsabilidade de assegurar-se de que os subordinados cheguem ao trabalho no horário combinado. Isso pode ser feito de maneira mais eficaz com a ajuda das seguintes providências.
Chegue um pouco mais cedo
Se você estiver no local de trabalho pouco antes do início da jornada, não só educará pelo seu exemplo como não deixará dúvidas de que está atento aos faltosos.
O respeito ao tempo é uma questão de cultura. É preciso estabelecê-lo desde o início e mantê-lo permanentemente. É um hábito que se reafirma no cotidiano. Os indefectíveis atrasos nas solenidades, sessões de cinema e teatro, palestras, congressos e seminários no Brasil são resultado de uma cultura de atraso que se estabelece ao início na abertura dos eventos e se prolonga até o encerramento. Fixa-se uma cultura de desrespeito aos horários. O mesmo acontece no cotidiano das relações de trabalho.
Deixe as regras do jogo claras
Por mais óbvias que sejam as normas, mostre-as de maneira inequívoca. Pontualidade e assiduidade são questões básicas; as faltas devem ser vistas como infrações graves, um descumprimento ao contrato de trabalho estabelecido entre as partes. Razões legítimas para problemas de assiduidade e pontualidade devem ser tratadas como uma questão pessoal. Se não for assim, essas faltas não são aceitáveis. Recapitule as políticas e as diretrizes, as normas e os procedimentos da organização e advirta os funcionários das conseqüências funcionais que advirão caso eles mantenham a inadequação comportamental que apresentam.
Concentre a sua atenção nos faltosos renitentes
Não é necessário que você espete muito os que raramente se atrasam. Module a sua ação corretiva à intensidade e freqüência das faltas. Fique atendo às causas de atraso. Há três causas mais comuns de atraso, como pode ser visto a seguir, e assim concentre sua atenção sobre elas.
Congestionamentos
Ocasionalmente podem causar atraso, mas se ocorrerem freqüentemente e se você suspeita que sejam sendo utilizados como desculpa, não hesite em dizer ao faltoso para sair mais cedo de casa. É sempre útil nessas situações lembrar ao funcionário de que a pontualidade e a assiduidade afetam as suas chances de progresso funcional na organização.
Emergências pessoais inesperadas de última hora
Muitas vezes são inevitáveis, mas também não devem ser aceitas como desculpa se ocorrerem com alguma freqüência. A incidência de muitas emergências pode ser o indício de que o funcionário não organiza adequadamente as suas atividades pessoais extraprofissionais e que estas estão interferindo no seu desempenho no trabalho.
Retardatários presentes
Esta é uma forma insidiosa de atraso ao trabalho. O funcionário chega no horário, mas se envolve em diversas atividades que nada têm a ver com as suas funções. Distrai-se no cafezinho, num bate-papo interminável, visita os colegas em outros departamentos, dá uma voltinha pelo centro de convivência e, assim, simplesmente esquece de iniciar as suas tarefas. É uma forma dissimulada de atraso. É um presente-ausente.
Sintomas de problemas mais graves
Certifique-se sempre de se os atrasos ou as faltas ao trabalho são problema em si mesmo ou apenas sintomas visíveis dos reais problemas que você tem na sua equipe. A perda de eficiência e a da produtividade podem ser causadas por um sem-número de razões, em que a pontualidade e a assiduidade são apenas utilizadas como desculpa para justificar e encobrir os verdadeiros motivos. Admita que possam ser formas passivas de protesto dos subordinados contra práticas e procedimentos da organização ou mesmo pessoalmente contra você por atitudes que não lhes agradam.
Sobre o autor:
Adm. Wagner Siqueira: Atual Presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro e Membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração. Foi Secretário de Administração, Presidente do Riocentro e Secretário de Assistência Social da Prefeitura do Rio. Consultor de organizações e autor de livros e diversos artigos sobre as ciências da Administração.
site: www.wagnersiqueira.com.br
e-mail: wagners@attglobal.net
Concordo com os comentários apresentados, pois a flexibilidade no horário de trabalho passa a ser um diferencial extremamente importante para os profissionais, sobretudo os da geração Y. Estamos acostumados a andar com smartphones, tablets e notebooks o tempo todo; sendo assim, o tempo todo estamos disponíveis para o trabalho. Em grandes centros, como SP ou RJ, muitas vezes o trajeto até o escritório leva 1 ou 2 horas. Este trabalhador passa preso no trânsito cerca de 4 horas diárias, quando poderia passar apenas 1 ou 2 se fosse ao escritório às 10h30 e não às 8h30. Os home offices, quando bem aplicados na produção por resultados, produzem efeitos surpreendentes na produtividade. Claro que se há um compromisso às 8h00 no escritório, como uma reunião, e este profissional não comparece ou se atrasa, este comportamento não deve ser tolerado, agora não faz tanto sentido prendermos o empregado dentro da empresa apenas para cumprir normas enquanto podemos deixá-lo mais livre para produzir. Sempre me lembro do exemplo do punhado de areia na palma da mão; quanto mais forte o seguramos, mais areia escapa pelos dedos.
Prezados, pontualidade e assiduidade não são valores absolutos no mundo do trabalho. Eles são valores úteis nos trabalhos em que precisam deles e eles são imprescindíveis nos trabalhos que os exigem.Por exemplo: todos queremos que nosso voo saia no horário e que a tripulação toda vá trabalhar. Contact centers trabalham em turnos, os atendentes têm hora exata para começar a atender nossas reclamações sobre o cartão de crédito e realmente queremos que haja um funcionário do outro lado da linha. Mas pontualidade e assiduidade perdem totalmente a razão de ser e o sentido quando falamos em produção por resultados na Era da Informação, onde vendemos nossa inteligência e produzimos conhecimento a qualquer hora e de qualquer lugar.
Fui educado pelo meu saudoso pai a não me atrasar, fosse qual fosse o compromisso. Isto gerou-me um sério preconceito contra atrasados contumazes. Quanto às menções dos comentaristas sobre gestão moderna e flexibilidade de horário, acho que o articulista foi muito claro ao frizar que devem se deixar claras as “regras do jogo”: se a dinâmica da empresa preconiza a assiduidade e a pontualidade, o funcionário que não as cumprir deve ser admoestado quanto a este erro. Há exceções (como em toda regra) mas na minha vivência profissional pude testemunhar que a maioria dos atrasadinhos também peca na eficiência e na eficácia…
Não concordo, em modelos de gestão moderna, é muito mais importante a gestão das responsabilidades e resultados. Flexibilizações no famoso turno administrativo “8h00 às 17h30” são cada vez mais frequentes, desde que comprovada necessidades tais como atender uma faculdade, fazer uma pós graduação, etc.
é o ganha-ganha… para a empresa e para o funcionário.
Pontualidade e Assiduidade, são quesitos que caminham em paralelo muito estreito,
pois uma pessoa pode ser pontualissima em cumprir tarefas e compromissos, porem pecam pela falta de assisuidade ou seja, uma apresentação com erros diversos pode ser considerada falta de assiduidade. Mas temos ainda em nosso meio pessoas que são realmente muito assiduas no sentido literal da palavra e pecam constantemente em pontualidade…honestidade e muito mais…bem mais…
Este texto se aplica a um modelo de empresa tradicional – e concordo com tudo- porém tenho lido muito a respeito de novas organizções totalmente diferentes em que o colaborador faz seu próprio horário, tem opções de lazer no meio do expediente ( vi uma foto em que numa sala havia uma enorme pista de skate!!), salas de repouso, de jogos etc- bem adequadas à empresas que privilegiam a criatividade! Assim , temos que estar atentos a mudanças…