O Poder da Gestão de Mudanças

Gisela Kassoy
Gisela Kassoy

Seria tão prático se as pessoas fossem como os computadores! Bastaria nos reprogramarmos e estaríamos renovados. Mantidos os hardwares, ficaria a essência, mudado o software, estaríamos adaptados.

Mas parece que com gente é diferente. Temos que considerar valores, emoções e resistências de vários tipos. E afinal, porque uns mudam e outros não?

Depois de tantos estudos sobre processos de mudança, retornei ao clássico Kurt Lewin, pioneiro e até hoje consagrado como o pai da dinâmica de grupos. Lewin acredita que o aprendizado e a mudança entre adultos só ocorrem de fato quando se processam em três níveis: o Cognitivo, o dos Valores e o da Conduta.

Explicando melhor: o nível Cognitivo seria o do aprendizado racional, obtido por meio de informações e dados. Valores, para Lewin, compreende o nível emocional, o envolvimento, bem como nossas crenças e paradigmas. Finalmente o nível da Conduta envolve a prática.

Rudolf Steiner, o pai da Antroposofia, chegou a conclusões semelhantes, e fala que o aprendizado decorre da combinação entre o Pensar, o Sentir e o Agir.

Muitas empresas, sobretudo quando se fala de gestão de mudanças, supervalorizam o pensar em detrimento do sentir e do agir. Passamos a acreditar que basta falar ou escrever, e caso a pessoa ainda não tenha “aprendido”, só nos resta repetir.

Um exemplo: converse com alguém que já viajou de avião pelo menos umas 20 vezes. Essa pessoa já ouviu pelo menos 20 vezes orientações sobre com proceder em caso de despressurização das cabines. Isto significa que elas terão o procedimento correto? Tenho minhas dúvidas. Se fosse comigo, duvido que meu lado emocional não se sobrepusesse às informações que eu havia recebido. Além do mais, como nunca usei as tais máscaras de oxigênio, não posso garantir que saberia colocá-las.

Você já deve ter percebido que não basta saber que cigarro faz mal à saúde para alguém parar de fumar, não basta saber que o comportamento de líderes, vendedores, auditores, administradores etc., etc., etc. mudou para que a pessoa mude.

E como promover mudanças nos outros níveis? A mudança no sentir acontece muito em função dos modelos, ou seja, absorve-se o comportamento dos líderes natos ou dos profissionais em função de liderança ou até de pessoas que viraram mitos (mortas ou distantes). Assim, se você é líder, faça o que diz, pois as pessoas absorverão aquilo que você faz, e poderão usar o que você fala (e não faz) como pretexto para desautorizá-lo.

É grande também o poder de influência do grupo. Assim com muitas vezes os valores determinam se uma pessoa quer ou não quer pertencer a um grupo, a vontade de se sentir incluída pode provocar uma adoção ou não de novos valores.

E a mudança de conduta? Atletas treinam, atores ensaiam. E se as empresas criassem esse espaço? Que tal um tempo para a adoção de novos comportamentos com uma certa condescendência ao erro? Como aquela plaquinha que alguns balconistas em treinamento usam? Seria tão bom se outros profissionais a usassem também…

 

Sobre a autora:

Gisela Kassoy é especialista em Criatividade e Inovação, facilita grupos de geração e avaliação de ideias, realiza seminários e palestras e dá consultoria para programas de ideias e adoção de ambientes virtuais. Realizou trabalhos em quase todo o país e nos EUA, Europa e América Latina. Graduada em Comunicações pela FAAP/SP, fez sua formação específica na Universidade de Nova York em Buffalo, no Centro de Liderança Criativa da Carolina do Norte e na Escola de Gerentes do MIT. É Psicodramatista com Formações em Dinâmica de Grupos, Grupos Operativos e Design Thinking.

site: www.giselakassoy.com.br

e-mail: gisela@giselakassoy.com.br

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