De início, quero manifestar a minha solidariedade para aqueles que inventam dezenas de desculpas para não empreender. Passei por esse mesmo dilema quando ainda era empregado com carteira assinada, crachá, plano de saúde, vale refeição, décimo terceiro e outras benesses hipnotizadoras do mundo corporativo.
Se dependesse de mim, todas as pessoas seriam empreendedoras por natureza e voltariam ao estado original, trabalhando naquilo que sabem fazer de melhor, por conta própria e risco. Empreender é algo que exige transcendência para ir além dos limites físicos e psicológicos do ser humano.
O mundo seria maravilhoso se todos fizessem exatamente aquilo que gostam, entretanto, poucos iluminados ou “sortudos” conseguem essa proeza ao longo da vida. A questão não é dinheiro, bens materiais, sucesso ou coisa que o valha; diz respeito aos sonhos não realizados.
Conheço pessoas que gostariam de estudar filosofia, arqueologia, biologia ou ainda passar um período no Tibete. De alguma forma, falta-lhes coragem e ousadia para exercer o direito fundamental do ser humano: encontrar a própria felicidade. Nesse sentido, por várias razões, o dinheiro fala mais alto.
Da mesma maneira, milhares de pessoas prefeririam empreender a trabalhar como empregado, para sentir o gosto de produzir algo em benefício de si mesmo e não de outros. Quando você empreende, o que conta é o sentido de realização e o sentido de contribuição, bem mais do que o dinheiro.
Em geral, as pessoas preferem dizer que as coisas estão muito distantes, por vezes impossíveis quando, na verdade, são muito inconvenientes. Desde pequenos, somos orientados a perseguir carreiras promissoras como medicina, direito, engenharia ou até mesmo o sonho não realizado dos pais: ser jogador de futebol, atriz ou modelo, por exemplo, a qualquer preço.
Embora os pais desejem o melhor para os filhos, esquecem que a vocação é uma questão pessoal, portanto, não importa o que os filhos querem ser na vida, mas, a forma como vão exercer a profissão. O mundo está cheio de profissionais medianos que se prestam a exercer profissões sem a mínima vocação para o que fazem.
Quando dizemos que os nossos sonhos estão distantes ou são impossíveis, de fato, queremos dizer o seguinte: para realizar o sonho, não estamos dispostos a pensar, estudar, economizar ou dedicar mais tempo para planejar algo que seja somente do nosso interesse, então, não podemos esperar algo diferente.
Realizar sonhos exige esforço e disciplina acima da média, algo que poucos estão dispostos a praticar. Com frequência ouvimos bobagens do tipo “se eu tivesse um emprego melhor seria mais feliz”, “se eu ganhasse mais, poderia viver melhor”, “se eu tivesse dinheiro não pensava duas vezes” e assim por diante.
De fato, a maioria viverá a vida tentando justificar a falta de iniciativa e ação para as coisas que dependem apenas de si mesmas. Atribuir a culpa ao chefe, aos pais, ao emprego ou ao governo não proporciona a menor sensação de prazer. Será que os homens preferem a escravidão na segurança ao risco na independência, como afirmava o filósofo francês Emmanuel Mounier?
Muitos esquecem o fato de que, para ter, é necessário, acima de tudo, pesquisar, tentar, ousar, ser melhor a cada dia, a fim de desprender-se da escravidão imposta pela maioria dos empregos formais.
Acredite ou não, sempre haverá escolhas. Tudo aquilo em que você se concentra tende a fortalecer, entretanto, para ganhar asas e ir além das ideias, algumas questões são de fundamental importância:
- O QUE você está disposto a fazer para colocar sua ideia em prática e tornar as coisas menos impossíveis?
- COMO vai fazer isso? Já tem pelo menos o modelo de negócio delineado em mente?
- QUANDO pretende começar? Já estabeleceu o tempo máximo que você suporta como empregado?
- QUEM poderá ajuda-lo a materializar a ideia? Quem são pessoas nas quais poderá confiar durante uma troca de percepções a respeito do negócio?
- QUAIS sãos os seus medos mais profundos? De que maneira poderá neutralizar o índice de pessimismo ou negatividade na sua vida?
- QUANTO custa e quanto está disposto a economizar para aumentar as chances de realizar o sonho?
- QUANTAS desculpas ainda pretende criar para adiar o sonho de fazer aquilo que realmente deve ser feito?
Quando você se propõe a mudar, o mundo ao seu redor muda também, portanto, seja mais forte do que as desculpas que você arranja. Experimente, planeje, leia, concentre-se e as coisas se ajeitam quando você menos imagina.
Por enquanto, se não puder mudar de emprego, mude o comportamento, dedique-se a pensar um pouco mais sobre isso, sofra menos, agradeça mais, converse mais com a família, compartilhe o sonho com a esposa, os pais, os filhos e aquele seu tio que sempre torceu por você.
As sábias palavras de Andrew Matthews, escritor e cartunista australiano, encerram a lição de hoje: “a gente fica motivado quando está fazendo as coisas, não quando está falando nelas; o universo recompensa o esforço, não as desculpas.”
Pense nisso, empreenda e seja feliz!
Sobre o autor:
Jerônimo Mendes: Administrador, Coach, Escritor e Palestrante, apaixonado por Empreendedorismo, Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE/Curitiba-PR. Autor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark), Benditas Muletas (Vozes) e Manual do Empreendedor (Atlas).